Rovian Palavicini


OS AMORITAS E SUA REPRESENTAÇÃO: DA QUEDA DE UR III A ASCENSÃO AO PODER (2600 – 1600 AEC)
Rovian Schenatto Palavicini
        
“A interpretação tradicional [dos amoritas] é baseada em fontes literárias mesopotâmicas, provenientes, sobretudo, de cópias Paleobabilônicas que, provavelmente, foram elaboradas, reeditadas ou selecionadas nos mesmos ambientes de outrora. A imagem proposta por esses documentos não é apenas o resultado de uma construção ideológica, mas fotografa uma situação específica de um momento histórico que dificilmente pode ser trazido de volta no tempo e usado para ler dados de outros períodos sem as devidas precauções” (VERDERAME, 2009, p. 251-252, tradução nossa).
Introdução: a nomadização dos camponeses (aprox. 4000 – 1900 AEC)
Essencialmente, a economia da antiga região do Entre Rios fundamentava-se na agricultura com uma pecuária integrada, sendo a confecção de artigos artesanais, por sua vez, de importância suplementar. Dessa forma, em geral, atribui-se à escavação de canais e a manutenção de um extenso sistema de irrigação que abrangia toda a planície aluvial, à manutenção de diversas estruturas públicas, o desenrolar de uma administração complexa e a constituição de um exército como só sendo possíveis devido ao excedente da produção agrícola e animal (RENGER, 2000).
Em parâmetros geológicos, toda a região mesopotâmica se concentra dentre zonas isoietais de 200 mm e 400 mm (ROWTON, 1981). As localidades que nos interessam, cito o Sul da Mesopotâmia, bem como as regiões do Baixo Khabur e do Médio Eufrates, ficam abaixo da isoieta de 250 mm. Isso traz como significância a caracterização de uma região árida. Entretanto, há uma pequena diferença no relevo que implica diretamente na distribuição econômica da localidade: o sul Mesopotâmico é totalmente aluvial, enquanto o Eufrates Médio e o Baixo Khabur são irrigáveis apenas em uma faixa territorial muito estreita (BUCCELLATI, 1992).
A problemática acerca dessa situação ambiental deságua na compreensão das técnicas referentes à criação de animais, pois, tanto a agricultura quanto a pecuária estão calcadas na utilização, de modos diferentes, porém relacionadas, do mesmo ambiente. No caso do Eufrates Médio e do Baixo Khabur, a estreiteza da faixa aluvial, assim como a rápida saturação da paisagem agrária, impôs limites severos para ambas as economias, forçando as populações locais explorarem, de forma mais eficaz, a região da estepe a partir da utilização de seu lençol freático na construção de uma gama de poços, o que possibilitou o desenvolvimento da economia pastoril (ROWTON, 1981; BUCCELLATI, 1990; 1992).
Contudo, do mesmo modo em que o desenvolvimento da irrigação viabilizou a progressão de uma classe rural que esteve, por certo tempo, sob o controle direto da elite urbana, o incremento dos poços possibilitou o estabelecer de uma classe rural que se tornava cada vez mais autônoma do controle dos grandes centros urbanos, já que a própria administração e o poderio militar destes nunca conseguiram se estender efetivamente até a região da estepe. Nesse sentido, pode-se inverter os papéis dos agentes: ao invés de se pensar em uma “sedentarização dos nômades”, deve-se falar em uma “nomadização dos camponeses” (BUCCELLATI, 1992, p. 87).
A tese de Buccellati, influenciada pelas pesquisas de Rowton e Liverani, é importante para o entendimento de que a especialização econômica (agrícola e pastoril) é um advento posterior à sedentarização, pois, a princípio, essa divisão não era bem acentuada. Destarte, a especialização, tanto em ambos os setores econômicos quanto no manuseio do território, cito a estepe, tornaram esses conjuntos populacionais mais autônomos política, militar e organizacionalmente em detrimento das cidades-estados (ROWTON, 1979; 1981; LIVERANI, 1970; 1988; BUCCELLATI, 1990; 1992). A própria existência de um Estado agindo dentro de outro Estado já é atestada há milênios (LIVERANI, 2016).
É justamente dessa autonomia econômica e política que insurgem o que se vê nas fontes, pelo menos a partir de 2600 AEC (BOER, 2014), com o determinativo MAR.TU, no sumério, e Amurru(m) do acádio: uma classe rural de pastores seminômades. Porém, objetivo viabilizar aqui, para além dessa habitual classificação que, a meu ver, é tendenciosamente econômica, a idéia de existência de uma identidade étnica amorita, que se deu em função das circunstancias particulares das quais partilhavam (WOSSINK, 2009; 2011).
Os amoritas e o colapso de UR III (2113 - 2003 AEC)
Antes de adentrarmos no assunto, é importante fazer algumas ressalvas iniciais. A interpretação tradicional acerca dos amoritas é baseada em fontes literárias, administrativas e políticas da Mesopotâmia, sendo que, parte desse aporte documental, chegou até nós por intermédio de cópias realizadas no período paleobabilônico. Isso implica o risco de possíveis edições e/ou novas elaborações que são, em suma, reflexos de uma construção ideológica do respectivo período (CHARPIN, 2003). Ademais, parte dos estudos sobre os amoritas concentram-se na busca e interpretação do termo MAR.TU como uma realidade objetiva e imutável no decorrer destes quase milênio de atestação (aprox. 2600 – 1600 AEC), não levando em consideração os contextos históricos e, sobretudo, desconsiderando o fato de que MAR.TU é um fenômeno de percepção interno sobre o externo. Não se tem fontes de origem amorita. Nosso viés de interpretação é unilateral (VERDERAME, 2009).
Em outras palavras, os estudos que tem como foco de análise os amoritas encontram-se, atualmente, fundamentados na onomástica e na literatura provenientes de uma base textual que é, por definição, estrangeira a eles. Isso ocorre pelo fato já citado anteriormente de que não se tem registros de uma escrita amorita. Sabe-se que eles partilhavam de um idioma semita-ocidental, mas não há atestações de que esse idioma chegou até a fase escrita. (ROWTON, 1981; VERDERAME, 2009; WOSSINK, 2011). Por conseguinte, é possível destacar, a partir dessas fontes, que embora esses povos estivessem inseridos nos mais variados segmentos da sociedade, a documentação demonstra uma visível associação entre amoritas e pastoralismo seminômade (BUCCELLATI, 1990; YOFFE, 2004; WOSSINK, 2011).
O pioneiro no estudo dessa ocorrência onomástica em textos administrativos fora Buccellati. Com isso, ele pôde constatar a presença de amoritas em vários setores econômicos, de forma ativa, no período de regência de Ur III. A grande massa desses documentos está calcada no manuseio de animais, mas observam-se registros de exercício em atividades como: funcionários dos templos e do palácio, solda, sacerdote, cervejeiro e até mesmo fazendeiro. Além do mais, antes e durante o período de Ur III, os amoritas detinham comissões reais, apareciam no serviço militar à coroa e eram litigantes em processos judiciais, bem como intérpretes, prefeitos e tecelões (BUCCELLATI, 1966; YOFFE, 2004; WOSSINK, 2011; BOER, 2014).
Concomitantemente, outras fontes administrativas retratam os amoritas como inimigos do Estado. Michalowski observou, na Correspondência Real de Ur, um conjunto significativo de cartas entre reis e autoridades que, por sua vez, fundamentavam a necessidade de hostilizar os amoritas, pois, segundo as cartas, eles eram um problema. Dentre as correspondências há a menção de um suposto “muro da terra” ou, ainda, “muralha voltada para as terras altas”, referindo-se à residência dos amoritas (as montanhas) e que, por sua vez, fazia jus a uma suposta muralha erguida para conter invasões amoritas. Em uma das cartas, Išbi-Erra, último governante de Isin, também culpabiliza os amoritas como responsáveis pelo impedimento no cumprir de uma ordem de Ibbi-Sin, último rei de Ur III: segundo Išbi-Erra, os amoritas estavam obstruindo a passagem, impossibilitando o enviar de tributos à capital (MICHALOWSKI, 1976).
O mesmo ocorre em composições literárias. Trago como exemplo uma, de origem suméria, que, a partir da personificação dos amoritas em uma deidade que leva o mesmo nome, é possível observar suas tradições a partir da visão do observador: o casamento de MAR.TU. Na trama, o deus MAR.TU quer se casar com a filha do deus Numušda, porém, uma amiga da garota tenta persuadi-la a não se casar com ele e, ao fazê-lo, ela expõe:
Agora ouça, suas mãos são destrutivas e suas características são as dos macacos; ele é aquele que come o que Nanna proíbe e não demonstra reverência. Eles nunca param de andar por aí..., eles são uma abominação das moradias das deidades. Suas idéias são confusas; eles causam apenas distúrbios. Ele está vestido com um saco de couro..., vive em uma tenda, exposto ao vento e chuva, e não pode recitar corretamente orações. Ele mora nas montanhas e ignora os lugares dos deuses, desenterra trufas nos contrafortes, não sabe como dobrar o joelho e come carne crua. Não tem casa durante a vida e, quando morre, não será levado para um local de sepultamento (BOER, 2014, p. 25, tradução nossa).
Em linhas gerais, a onomástica desse período demonstra uma exímia presença de nomes de origem amorita no exercício de funções, estando eles ancorados pelo estado, agindo diretamente dentro dos centros de poder. Ao mesmo tempo, os segmentos amoritas constatados nas fontes de cunho literário e político acabam por sofrer diversos ataques em detrimento ao suposto modus operandi de sua subsistência: o pastoralismo. Dessa forma, é possível interpretar que, para além do apelativo econômico, o que estava em disputa era um estilo de vida: nomadismo vs. sedentarismo. Além do mais, parece coerente ponderar os amoritas como responsáveis diretos, na condição de um Outro (ver. POUTIGNAT e STREIFF-FERNART, 1998), da tentativa falha de se criar uma unicidade étnica ao extenso território que englobava a Mesopotâmia de Ur III.
A ascensão amorita (2003 – 1594 AEC)
Comumente denominado de período Paleobabilônico, os anos que decorrem entre 2003 AEC (queda de Ur III) e 1594 AEC (queda da primeira dinastia babilônica) são considerados decisivos na formação e consolidação de uma sociedade caracteristicamente distinta da de Ur III, com certa especificidade social e política. As motivações que levaram ao declínio do então próspero reino de Ur III, em geral, estão associadas com a independência de cidades que eram submetidas à dinastia, questões climáticas, crises econômicas, revoltas internas e a atividade de grupos étnicos, em especial, os amoritas (BOUZON, 1986; YOFFE, 2004; WOSSINK, 2009).
As primeiras décadas pós-queda de Ur III ainda nos são obscuras pela carência de registros arqueológicos. Por um lado, Charpin vai argumentar que a queda de Ur III criou um vácuo político que possibilitou a instalação dos amoritas no domínio de algumas cidades-estados. Por outro, Michalowski fundamenta que não há registros de que os amoritas subiram ao poder logo após a queda da terceira dinastia de Ur. Dado as circunstâncias, as descobertas dos arquivos de Mari possibilitaram a visualização de que, pelo menos a partir de 1941 AEC, numerosas cidades-estados emergiram sobre domínio de governantes com nomenclaturas amoritas ou, ainda, que reclamavam descendência amorita. Algumas dessas dinastias estavam estabelecidas na Babilônia, Ešnunna, Isin, Larsa, Mari, Qatna e Yamhad (DURAND, 2004; VAN DE MIEROOP, 2004; YOFFE, 2004; WOSSINK, 2009; BOER, 2014).
As ocorrências desse apelo étnico advêm de arquivos provenientes dos palácios, isto é, um discurso oficial: Zabai, quarto rei de Larsa (1941-1933 AEC), escrevera: “Zabai, o chefe amorita, filho de Amium, construiu o Ebabbar”; ainda, Abi-Sare, também de Larsa (1905-1895 AEC), utilizava-se dos títulos de “chefe amorita” ou “comandante amorita”; Hamurabi descrevia-se como “rei de toda a terra amorita” (MICHALOWSKI, 1976; FRAYNE, 1990; WOSSINK, 2009, p. 38). Também, observam-se construções de linhagens genealógicas comuns entre governantes de cidades distintas, a exemplo de Babilônia e Uruk (WOSSINK, 2011).
Ademais, complementando o trabalho realizado por Buccellati, Streck fez uma análise detalhada da ocorrência de nomes amoritas durante o período Paleobabilônico. Ele expõe dados interessantes: na região do Diyala registrou-se 23% de nomes com origem amorita; nos entornos de Mari e do Eufrates, nas alturas com o Emar (Tell Meskene), há uma média de 78%; a oeste, em locais como Carquemis, Aleppo, Al-Mushrifah e Tel Hazor, 75%; já em locais mais a leste, como Chagar Bazar e Rimah, a importância de nomes amoritas fora menor, variando dentre 11% e 36%. Outro dado interessante levantado por Streck diz respeito às filiações: a partir dos arquivos de Mari e de Sippar ele pôde constatar que em 70% dos casos tanto os pais quanto os filhos possuíam nomes amoritas. Em contraponto, essas elevadas ocorrências vão até o reinado de Hamurabi, no qual se constatou que quase 50% dos casos tanto os pais quanto os filhos detinham nomes completamente amoritas. Já os registros posteriores de Sippar demonstram um declínio drástico para 11% desse contingente de nomes amoritas em detrimento da ascensão de nomes acadianos-amoritas ou amoritas-acadianos, que subiram 33% e 53%, respectivamente (STRECK, 2004).
Os dados levantados por Streck dão um parâmetro étnico geral de toda a Mesopotâmia, fazendo ressalvas a locais específicos onde essa ascensão étnica amorita fora mais significativa. Também, a onomástica demonstra constante declínio dessa etnicidade, que já aparece enfraquecida na regência de Hamurabi, fazendo reemergir uma ancestralidade acadiana a posteriori. Portanto, vislumbra-se que a onomástica do período corrobora com a idéia de ascensão de uma identidade amorita durante o início do período Paleobabilônico, mas, por outro lado, não há evidências de que essa ascensão fora de imediato pós colapso de Ur III.
Alguns pontos para debate
Pensar os povos em tempos mais remotos da historiografia nos remete a compreender os reflexos incisivos da natureza para com as estruturas sociopolíticas destes. Em sua tese, Wossink buscou restaurar uma climatologia da antiga Mesopotâmia e, ao fazê-lo, o autor relata sobre a existência de quatro estágios climáticos no decorrer do quarto milênio até os dias atuais. O período que nos interessa se caracteriza por dois desses estágios: dentre 2500 AEC até os anos 2000 AEC registra-se a fase mais seca de todas, enquanto o período posterior aos 2000 AEC é demarcado por sinais climáticos que divergem em todo o Oriente Próximo, sugerindo-se, para esse último estágio, que alguns registros indicam um retorno às condições climáticas mais úmidas, como persistiu durante a primeira metade do terceiro milênio, enquanto outros registros sugerem que o clima permaneceu seco, semelhante às condições existentes hoje (WOSSINK, 2009).
Para a agricultura, essa climatologia culmina em colheitas incertas. Não obstante, a escassez de grãos durante o período de regência de Ur III também fora um dos componentes na desagregação do império (BOUZON, 1986). Mas, se por um lado os períodos de seca afetavam diretamente os assentados, por outro ela era menos rigorosa com a cultura pastoril, de cunho migratório/nômade (ROWTON, 1981). Dessa forma, a associação dos amoritas com a economia pastoril, em um momento de ascensão econômica da mesma, pode ter sido um elemento atrativo para alguns governantes.
Associando o componente econômico à maleabilidade da identidade étnica (ver GULLIVER, 1955 e LANCASTER, 1981), podemos trazer um novo parâmetro para o debate. Se, até então, a hipótese das três grandes ondas migratórias amoritas, levantadas por Michalowski, serviram de explicação para a ascensão destes ao poder, proponho, à luz de novos olhares redigidos sobre o passado, que devamos pensar, também, na plausibilidade de uma espécie de amorização, no sentido de apropriação étnica, por parte dos assentados.
Referências
Rovian Schenatto Palavicini é Graduado em História pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim. Atualmente é Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bolsista CNPq, membro do Laboratório de Estudos da Antiguidade Oriental (LEAO), membro do Núcleo de Estudos da Antiguidade (NEA) e membro do Conselho Editorial da revista AEDOS. E-mail: rovian_palavicini@hotmail.com
BOER, R. de. Amorites in the Early Old Babylonian Period. Leiden: Leiden University Press: 2014.
BOUZON, E. As cartas de Hammurabi. Petrópolis: Editora Vozes, 1986.
BUCCELLATI, G. The Amorites of the Ur III period. Naples, 1966.
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CHARPIN, D. La «toponymie en mirroir» dans le Proche-Orient amorrite. Revue d’Assyriologie et d’Archéologie Orientale, 2003.
DURAND, J.-M.: Peuplement et sociétés à l’époque amorrite. (I) Les clans bensim’alites. In NICOLLE, C. (ed.) Nomades et Sédentaires dans le Proche Orient Ancien. Paris, 2004.
FRAYNE, D. Old Babylonian period (2003–1595 BC). The Royal Inscriptions of Mesopotamia: Early Periods. Toronto, 1990.
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LANCASTER, W. The Rwala Bedouin Today. Cambridge, 1981.
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____________. Antigo Oriente: História, Sociedade e Economia. Tradução de Ivan Esperança Rocha. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2016.
MICHALOWSKI, P. The royal correspondence of Ur. Yale: Yale University Press, 1976.
__________________. Mental Maps and Ideology: Reflections on Subartu. In WEISS, H. The Origins of Cities in Dry-Farming Syria and Mesopotamia in the Third Millennium B.C. Guilford, 1976.
POUTIGNAT, P; STREIFF-FERNART, J. Teorias da etnicidade. Seguido de Grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth. Tradução de Elcio Fernandes. São Paulo: Editora da UNESP, 1998.
ROWTON, M. B. Economic and Political Factors in Ancient Nomadism. In: CASTILLO, J. S. Nomads and sedentary peoples. Cidade do México: Colegio de Mexico, 1981.
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VERDERAME, L. Mar-tu nel III millennio: fonti e interpretazioni. Pisa: Fabrizio Serra Editore, 2009.
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____________. Tribal Identities in Mesopotamia between 2500 and 1500 BC. In: DÜRING, B. S. WOSSINK, A. AKKERMANS, P. Correlates of Complexity: Essays in Archaeology and Assyriology Dedicated to Diederik J.W. Meijer in Honour of his 65th Birthday. Leiden: Nederlands Instituut Voor Het Nabije Oosten, 2011.
YOFFEE, N. Myths of the Archaic State: Evolution of the Earliest Cities, States, and Civilizations. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

7 comentários:

  1. Olá, Rovian! Parabéns pela proposta.
    Observo que você buscou tecer reflexões sobre os períodos que contemplam o declínio de UR III e a ascensão dos amoritas. Pareceu-me intrigante a proposta de buscar nos registros elementos que remontam a essa civilização, tomando como apoio um cabedal teórico importante. Entretanto, nos limites de minha compreensão, senti falta de objetivos pré-estabelecidos claros, assim como de um debate mais inteligível sobre a apropriação e o legado étnico/cultural dos amoritas.
    Assim, levanto alguns questionamentos de ordem teórico-metodológica:
    a) Qual é o objetivo geral de seu artigo?
    b) O debate intentado e as discussões propostas são, com efeito, acerca do legado histórico-cultural (inclua-se, aqui, o elemento étnico) dos amoritas?
    c) Você menciona nos apontamentos finais "a hipótese das três grandes ondas migratórias amoritas", mas não trabalha com ela no decorrer do texto (ou, pelo menos, não me parece explícita). No que consiste essa hipótese e qual a sua base teórica (provém de unicamente de Michalowski)?
    Espero que você possa esclarecer esses pontos os quais, na minha concepção, ficaram preliminarmente incompreendidos.

    Atenciosamente,
    Fábio Alexandre da Silva

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    1. Buenas Fábio, tudo certo?
      Primeiramente agradeço as considerações. Gostaria de salientar que pesquiso relações de gênero no período paleobabilônico e esse esboço geral acerca dos amoritas foi algo que pensei mais no sentido de uma pergunta retórica que tinha em mente... digo, Hammu-rabi é um amorita, mas o que é ser um amorita? Nesse sentido, meu objetivo foi ao encontro de tentar buscar essa origem do ser um amorita e como ocorreu a representação dos mesmos no passar dos séculos. Quanto a segunda pergunta: não busquei ir nesse caminho, apesar de fértil após sua ascensão ao poder. E quando digo fértil, me refiro a literatura do período clássico. Como um novo elemento étnico na mesopotâmia da virada do milênio, os amoritas foram fundamentais para o desenvolvimento de uma literatura que servirá de exemplo às gerações a posteriori, sendo elas copiadas e re-elaboradas. Acredito que a primeira pergunta também serve de complemento para a finalização dessa segunda. E, por fim, de fato, o último tópico foi pensado mais num sentido de erguer problemáticas de que o texto não ficou suficiente em dar conta, então de fato era para ser um pouco desconexo, eu diria. Mas quanto as ondas migratórias: Michalowski elegeu os "mais comuns do que parece" processos de deslocamentos em massa na antiguidade do oriente próximo como justificativa para a ascensão dos amoritas ao poder. Charpin vai justificar que a fragmentação política do declínio de Ur III foi o que possibilitou que os amoritas se instalassem na região. Wossink vai argumentar que os amoritas ascenderam ao poder em função do "boom" da economia pastoril na virada do milênio. E, também, Verderame vai justificar que os amoritas do segundo milênio não são os mesmos amoritas do período de Ur III, por exemplo. Até porque mar.tu têm, pelo menos, três significados: ocidente, grupo étnico e uma divindade. Na minha humilde concepção, o Verderame é o que propõe uma discussão mais teórica e recente sobre o assunto, suas considerações são interessantes, vale a pena dar uma conferida!
      Espero ter respondido suas questões,
      Att.

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    2. Perfeitamente, Rovian. Dúvidas esclarecidas.

      Abraços,
      Fábio Alexandre

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  2. Bom dia! Você poderia esclarecer de qual região os amoritas eram provenientes? Durante o período de Ur III, os amoritas que desempenhavam as diversas atividades nas cidades eram vistos e tratados como os nômades das montanhas, apesar de alguns ocuparem cargos importantes, ou eram considerados de outra categoria?
    Eduardo Sodré Farias

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    1. Buenas, Eduardo, tudo certo?

      Então, têm-se uma discussão de que os amoritas eram provenientes da região do Jebel Bishri, mas têm também outra discussão de que eles seriam grupo significativo da região de Mari. De qualquer forma, o termo mar.tu/amurru(m) também significa "ocidente", sugerindo que eles eram provenientes de alguma região que ficava ao ocidente do império de Akkad/Sumer/Ur. Quanto a sua segunda pergunta: é uma excelente pergunta, mas não se tem pesquisas nesse viés, pois só se sabe que eles ocuparam tais posições pelas nomenclaturas e/ou inscrições que os classificam enquanto tais. A julgar que eles ocuparam posições significativas, hierarquicamente falando, acredito que não tenha sido um empecilho ser um amorita durante o período de Ur III, desde que tivesse passado pelo processo de assimilação cultural/étnica. Até te indicaria dar prosseguimento a essa problemática em uma pesquisa, porém, não sei se terás fontes suficientes para tal!
      Espero ter respondido suas perguntas,
      Att.

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    2. Muito obrigado pela resposta e parabéns por sua pesquisa!

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