Murilo Souza


JUDEUS E CRISTÃOS NO ORIENTE PRÓXIMO – UMA ANÁLISE DA CIDADE DE JERUSALÉM NOS SÉCULOS IV-V
Murilo Moreira de Souza

A cidade de Jerusalém representa hoje um dos maiores centros religiosos do mundo moderno. Isso se deve principalmente à sua história e as culturas que floresceram a palestina desde os tempos antigos. Mais do que o palco de diversos eventos descritos nos escritos sagrados judaico-cristãos onde estiveram presentes durante a era antiga, a cidade foi também, na sua história recente, uma cidade muçulmana. As mesmas três tradições ainda dão vida a Jerusalém na contemporaneidade, ainda que seja conflituosa.
Nosso recorte temporal, Antiguidade Tardia (séculos III – VII), é repleto de problemáticas a serem exploradas, e como bem definido por Peter Brown (2012), trata-se de um período de transformações. Por isso, é necessário recorrer ao contexto histórico da época a fim de compreender o movimento que tomou a cidade de Jerusalém durante o período analisado (séculos IV e V). O oriente próximo, que ainda se mantinha como uma província do Império Romano, sofria das consequências que o mesmo passava nos fins do mundo antigo.
Tais transformações, seguindo a perspectiva da história tradicional, seriam consequências diretas da crise pela qual o Império havia passado durante o decorrer do século III. De fato, a integridade do Império Romano estava desgastada, um período de grande anarquia miliar, problemas em todas as camadas da sociedade, nos diversos setores da economia, além da crise política que se intensificara entre o poder Senatorial e os Imperadores (ALFÖLDY, 1989). Além disso, notamos desde o século II mudanças ocorriam nas mentalidades das populações romanas que possibilitaram o surgimento de diversas doutrinas e práticas religiosas.
No que versa sobre a administração pública, os problemas cessaram e a estabilidade chegou apenas com os reinados de Diocleciano e Constantino (284 – 337), mas as transformações estruturais impostas por eles levaram o Império a um caminho irreversível. Diocleciano firmou uma grande quantidade de reformas fiscais e administrativas que levou a população em geral a perder a crença no próspero império que tinham até pouco tempo. Constantino por sua vez, propiciou aos cristãos um novo destino no mundo europeu, a legalização o culto com o Édito de Milão em 313 deu a ele o caráter de “salvador da humanidade” (VEYNE, 2011). A religião havia deixado de ser aquela superstitio illicita para se tornar uma religio licita aos olhos da administração imperial, que não voltaria mais a ser a mesma de suas origens pagãs.
Mas o Império já vivia uma situação bem diferente levado pelas instabilidades e transformações ocorridas. No princípio do século IV, a unidade imperial estava muito fragmentada e através da legalização do cristianismo que Constantino buscou utiliza-lo como uma força de coesão entre as culturas dentro do Império. Para isso, buscou reforçar a presença física do Cristo salvador no mundo através de intensa propaganda, financiamento das igrejas e do culto aos mártires que morreram em nome de sua fé. 
Temos como exemplo a construção de uma nova capital, uma inteiramente cristã, que destoava da antiga Roma, símbolo máximo do paganismo. A Nova Roma, Constantinopla, se ergueria com novas raízes que Constantino tentava firmar para o povo romano, um cristianismo vitorioso em detrimento do paganismo ultrapassado (VEYNE, 2011). Outro caso foi o martírio de Pedro, o primeiro papa e sucessor direto de cristo na terra. Em exaltação as ascendências dessa nova religião do imperador, Constantino edificou em Roma um templo destinado à sua memória.
No entanto, conflitos dentro da própria doutrina cristã se tornaram evidentes com a legalização de Constantino. Questões fundamentais precisavam ser resolvidas antes que o cristianismo se fragmentasse em diversas outras vertentes e interpretações, as heresias. Isso tendo em vista a crescente ameaça que sentia em relação a teologia de Ário e seus seguidores, os arianos. Dessa forma, o imperador convocou o primeiro Concílio Ecumênico da cristandade em 325 na cidade de Nicéia. Nesse sentido, segundo Christopher M. Bellito: 
“Na primeira tentativa de se resolver a disputa relativa à posição defendida por Ário, e com isso restaurar a paz social e religiosa, Constantino convocou os bispos de todo o Império a se reunirem no Concílio de Nicéia I (...) Ele exerceu forte liderança nesse primeiro concílio geral, pois, além de o haver convocado, presidiu desde o seu início, realizou-o em seu próprio palácio (na atual Turquia), dirigiu-se diretamente aos seus membros e, ao final do encontro, confirmou e promulgou seus decretos”. (BELLITO, 2002, p. 34)
No excerto percebemos que as decisões tomadas por Constantino traçaram definitivamente o destino do Império, a partir da sua ideia de unificação e superação da crise por meio do cristianismo único. Dessa forma, o cristianismo, agora legal, assumiria uma postura diferente no novo mundo romana nas décadas seguintes, no qual, paulatinamente, se tornava a religião dominante.
Ao período que nos interessa, convém ressaltar a importância dos dois primeiros grupos destacados anteriormente, judeus e cristãos e seus atritos na cidade. Isso porque, tanto o primeiro quanto o segundo não eram diferenciados a princípio pelas autoridades romanas de tal forma que os cristãos não eram mais que uma seita dos primeiros (CHEVITARESE, 2006). Esses atritos remontam o começo do Império, quando o cristianismo era ainda uma pequena seita pouco difundida enquanto que o judaísmo se mantinha como manifestação religiosa aceita somente na cidade de Jerusalém.
Diversos motivos levaram a separação definitiva entre as duas, mas vale destacar principalmente o papel das perseguições segundo o historiador André Chevitarese (2006). Enquanto que os judeus aceitavam a dominação romana e o culto ao imperador, os cristãos se recusavam em nome de seu Deus. Tais perseguições levaram a dispersão dessa nova religião para além da palestina: oriente e ocidente. No entanto, a cidade de Jerusalém permaneceu os três primeiros séculos da nova era sob o domínio judeu em meio ao domínio romano.
Os cristãos só retornariam para a cidade com a subida de Constantino ao poder no início do século IV. Na cidade, diversas construções foram iniciadas sob ordens: Martyrium, locais para resguardar relíquias sagradas, catedrais, igrejas, entre outros. Motivado principalmente em resgatar as raízes do cristianismo. Além disso, Constantino não só começou a edificar como também a cavar nas terras da Galileia, em busca dos primeiros resquícios da presença do próprio Jesus Cristo, o que gerou desconforto com a população judia que ainda possuía o domínio da região.
Nesse movimento de reencontrar o passado, Constantino foi capaz de descobrir no Gólgota o túmulo em que Jesus foi sepultado e onde ressuscitou. A descoberta de artefatos que remontavam o período em que Cristo foram seguidas de um intenso e crescente fluxo de peregrinos para a região que até então não viam a cidade de Jerusalém como uma terra a ser cultuada. Segundo Karen Armsntrong (2011), os cristãos não haviam se apegado à Jerusalém terrena, a salvação estava na celeste, mas com o estimulo aos mártires, começou-se por povoar a palestina por migrantes de todo o Império e além. Em 390, como diz Armstrong, a cidade estava repleta de monges, freiras e visitantes estrangeiros, isso porque:
“A bíblia ganhava vida diante de seus olhos. Como dizia Cirilo, a proximidade do local onde ocorrera um milagre ou uma teofania trazia esses acontecimentos distantes para perto do devoto e a leitura da Bíblia se torna uma representação sacramental que fazia do passado uma realidade presente”. (ARMSTRONG, 2011, p.250)
Aliado a esse grande movimento de peregrinos na cidade, houve um crescente número de adeptos ao monasticismo povoando a região. O movimento, que crescia consideravelmente desde a segunda metade do século III, ganhava impulso com a legalização de Constantino e transformou a região da galileia (COLOMBÁS, 2004).  Sobre essa tendência Armstrong ressalta:
“Atraídos pela santidade de Jerusalém, monges de todas as partes do mundo cristão começavam a chegar ao deserto da Judeia para colonizar essa vela região desolada (...) cada mosteiro era, pois, um novo Éden, um novo começo. Ali os religiosos podiam levar uma vida paradisíaca de intimidade com Deus, como o primeiro Adão”. (ARMSTRONG, 2011, p. 255)
Os judeus, que possuíam o controle da cidade frente a séculos de dominação romana, começaram a ocupar o lugar de minoria devido ao numeroso número de cristãos na cidade. A tentativa de reestabelecimento do paganismo por parte do Imperador Juliano em 362 levou a hostilização dos peregrinos, e foi a oportunidade para os judeus conseguiram o apoio imperial e reassumirem o controle da cidade. O apoio pouco durou, em guerras na Mesopotâmia o imperador faleceu no campo de batalha, nunca mais retornando a Jerusalém.
Sob as ordens do mesmo, quando havia assumido o controle da cidade, uma grande personalidade da época, Alípio, ficou encarregado das obras de reconstrução da cidade sagrada judia, incluindo o grande Templo sobre o Gólgota. A população cristã que estava subjugada na cidade, profetizava com o apoio de seu guia Cirilo, que as obras nunca se concluiriam. O que de fato aconteceu, após um terremoto, toda a obra foi abaixo.
Esses conflitos geraram também a hostilidade cristã em relação aos judeus que se manifestaram nos escritos de uma outra personalidade cristã influente na palestina no periodo, Jerônimo de Estridão durante os anos finais do século IV. Ele não só tinha uma crítica dura antissemita, como também as doutrinas de outros cristãos que julgava sua teologia de cunho heterodoxo, como Melânia, A velha e Rufino.
Quando Teodósio I sobe ao poder em 379, ele traz uma nova fase ao cristianismo romano. Ele não só havia tornado o cristianismo uma religião legalizada, como também agora era a religião oficial do Império, tanto do ocidental como do oriental. O imperador foi responsável também por adicionar a religião cristã um caráter militante, atacante e profetizador.
O reflexo na cidade de Jerusalém foi grande, as disputas teológicas antes apresentadas, estavam alcançando patamares maiores, e os concílios depois de Nicéia não foram capazes de unificar essas doutrinas. A cidade cada vez mais sentia os efeitos de um cristianismo ortodoxo, ressaltando o papel da estruturação da Igreja nesse processo, que perseguia as “heresias” e subjugava os cultos pagãos, bem como afrontava o poder local dos judeus.
Durante o início do século V essa crise se tornou ainda mais evidente. As heresias ganhavam mais adeptos ao passo que o cristianismo se mostrava mais fragmentado do que aparentava. Além de Ário, as ideias de Nestório sobre a natureza humana e divina de cristo acirrou a situação em Jerusalém, onde as personalidades mais influentes tomavam partido a respeito dessa teologia. Ao final, contando com o Concílio de Éfeso em 431 coube ao cristianismo de Niceia a superioridade sobre a cidade, depois de diversos embates e repressões.
O restante do século V foi marcado por perseguições aos seguidores remanescentes do Nestorianismo, que foi decretado como heresia a ser perseguida somente com o Concílio de Calcedônia em 451. Tanto a força militar utilizada pelo governo central de Constantinopla resultou em um crescente descontentamento da população. Contudo, os nicenos saíram vitoriosos:
“Jerusalém se tornara, pois, uma cidade santa cristã, embora nem sempre uma cidade caridosa. Com muita frequência a revelação de seu caráter sagrado se fez acompanhar de brigas internas, jogos de poder e supressão de crenças rivais”. (ARMSTRONG, 2011, P. 262)
A Cidade de Jerusalém sob o domínio dos cristãos, como vimos, confirmou a presença temporária de um dos três pilares que ainda hoje moldam a cidade. A terceira crença a qual não exploramos nesse trabalho, viria a ocupar a cidade a partir do século VII por mais de mil anos. Os habitantes cristãos e judeus da cidade que não optaram pelo exílio, seriam reduzidos a cidadãos de segunda categoria, dominados pela hierarquia muçulmana.
A respeito do caráter presente tanto em Jerônimo quanto em Cirilo retratam um cenário de intensas disputas e desavenças religiosas marcadas pelo combate às heresias. Nesse momento, as mesmas haviam ocupado um papel central como inimigo da ortodoxia, desviando grande parte da sua atenção que não acabariam por se resolver tão facilmente. Na antiguidade tardia, elas seriam discutidas e perseguidas através dos mais outros concílios e não chegariam a uma resolução definitiva.
O cristianismo por hora se manteria nessa luta, até o momento em que a Igreja se dividiria em si mesma. As heresias deixariam de possuir um caráter unicamente religioso e partiriam para representar um movimento político, tanto durante as Reformas quanto no Cisma interno. Mas em sua grande parte, as vertentes manteriam o apego com a cidade onde tudo começou, junto com as religiões judaicas e islâmicas.
Referências
Murilo Moreira de Souza (PIC /STVDIA/UEM): Programa de Iniciação Científica; Grupo de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade e Tardo-Antiguidade; Graduando em História na Universidade Estadual de Maringá
ALFÖLDY, Géza. A Sociedade Romana Tardia. IN: _______. A História Social de Roma. Lisboa: Presença, 1989.
ARMSTRONG, Karen. Jerusalém: uma cidade, três religiões; tradução Hildegard Feist. – São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
BELLITTO, C. História dos 21 Concílios da Igreja: de Nicéia ao Vaticano II. São Paulo: Loyola, 2002.
BROWN, Peter. El Mundo De La Antiguedad Tardia. De Marco Aurelio a Mahoma. Madrid: Editorial Gredos, 2012.
COLOMBÁS, García M. El Monacato Primitivo. 2 ed. Madrid: MMIV, 2004
CHEVITARESE, André Leonardo. Cristianismo e Império Romano. IN: SILVA, Gilvan Ventura da; MENDES, Norma M. (org.). Repensando o Império Romano: Perspectiva socioeconômica, política ecultural. Vitória: EDUFES, 2006.
VEYNE, Paul. Quando nosso mundo se tornou cristão. 2ª Edição: Civilização Brasileira, 2011.

13 comentários:

  1. Boa tarde! Parabéns pelo texto. Sobre o trecho "Enquanto que os judeus aceitavam a dominação romana e o culto ao imperador, os cristãos se recusavam em nome de seu Deus.", como se explica o cerco romano à cidade de Jerusalém e a Diáspora?
    Podemos considerar que durante sua colocação enquanto religião oficial o cristianismo acabou por absorver elementos pagãos? Isso pode ter afetado ainda mais a relação com os judeus?

    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Olá Ana, obrigado pela pergunta! Sobre o primeiro ponto: não me atentei a generalização da frase e agora eu teria formulado ela de forma diferente. Meu objetivo foi destacar a liberdade do culto judaico perante ao domínio romano enquanto que os cristãos não gozavam da mesma nos primeiros séculos. Os judeus possuíam acordos e tratados desde o início de seus contatos com os romanos (claro que somados a inúmeros embates e guerras, como o próprio cerco a Jerusalém) o que possibilitou a permanência e parte do controle político pelos mesmos na cidade de Jerusalém. Um desses acordos se baseava no reconhecimento da dominação romana e do culto ao imperador como autoridade. Nesse sentido, os cristãos, que além de não possuírem poderes políticos, eram ainda perseguidos por negar a autoridade imperial.
      Sugiro a leitura do texto: CHEVITARESE, André Leonardo. Cristianismo e Império Romano. IN: SILVA, Gilvan Ventura da; MENDES, Norma M. (org.). Repensando o Império Romano: Perspectiva socioeconômica, política ecultural.Vitória: EDUFES, 2006.
      Sobre a segunda e a terceira questão. Com toda certeza! A “helenização” do cristianismo está a cada dia sendo mais estudada e aceita na academia. Acredito que afetou ainda mais sim a relação com os judeus, se não de forma direta, ao menos indireta. Isto porque, devemos assinalar que os embates entre cristãos e judeus remontam a sua própria histórica em comum. Chevitarese (2006) nos assinala que o surgimento do cristianismo, levou ao nascimento de um outro judaísmo, são dois galhos originados de um mesmo tronco e, ao meu ver, a hostilidade entre os dois grupos é anterior a influência helenística.

      Murilo Moreira de Souza

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  2. Olá Murilo Souza, primeiramente parabéns pelo texto.

    Minha pergunta é direcionada na busca pela compreensão do status judeu dentro da lógica imperial romana.

    Ou seja, Constantinopla, tendo sua fé oficial o Cristianismo, via os judeus como um grupo "especial"? Um povo do qual o império deveria de forma prioritária assimilar ou converter? Ou viam os judeus como apenas "mais um"?

    Daniel Nunes Ferreira Junior

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    1. Olá Daniel, obrigado pela pergunta.
      Acredito que sim. Armstrong (2011) é muito enfática ao assinalar que a “subida” do cristianismo no poder político romano com Constantino levou a cabo a tentativa de resgatar suas raízes nas terras da Galileia, espaço dominado por uma maioria judaica. Não penso em “conversão” dos judeus, essa tentativa, acredito eu, ocorreria em um momento que a Igreja estivesse consolidada, bem como a doutrina cristã estabelecida, como aconteceu no período medieval com os “Cristãos Novos”. Lembramos que em nosso recorte temporal (sécuvlos IV e V) a cristianismo não possuía um credo único, tanto que é nesse momento que surgiram diversas correntes para pensar a natureza de Cristo e coube a diversos concílios instaurarem uma “ortodoxia”. Nesse sentido, penso que os judeus ainda eram acusados de hipócritas por não reconhecerem a revelação de Jesus e, portanto, eram alvos de acusações e perseguições em menor grau dos cristãos.

      Murilo Moreira de Souza

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  3. Boa tarde, Murilo! Parabéns, pela belíssima pesquisa. Trabalhar com temas ligados a religião ainda gera um grande impasse em sala de aula. Assim sendo, em sua concepção, como o professor pode trabalhar com essa temática de uma maneira que desperte a atenção dos alunos?

    Obrigada, antecipadamente!

    Atenciosamente,
    Ana Francisca de Lima Alves

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    1. Olá Ana, obrigado pela pergunta!
      Em minha experiência na sala de aula tenho percebido que a velha frase “política, religião e futebol não se discutem” não cabe mais ao espaço escolar, isso se quisermos pensar em uma escola aberta ao pensamento crítico, ao debate saudável e a liberdade de expressão. Quando a temática do conteúdo pragmático retorna a um desses temas (acho difícil aparecer futebol rsrs) busco sempre fazer um levantamento situacional dos alunos: “Qual é a religião que você ou sua família professa? Qual é o seu posicionamento político? ” e para tal busco pensar com eles o significado e conceitos destes: “O que é religião? O que é política? ”, afinal, não há debate e criticidade sem saber sobre o que estamos falando ou baseados somente em “pré-conceitos”. Nesse sentido, pensando a sua pergunta, a temática pode ser pensada nos contextos de transformações abordados.

      Murilo moreira de Souza

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    2. Obrigada, pelo retorno.
      E mais uma vez, parabéns pela produção. Abraços.

      Atenciosamente,
      Ana Francisca de Lima Alves

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  4. Parabéns pelo seu trabalho. E interessante que a a ideia de politica e religião ainda serem parceiras e gerarem conflitos sociais como em Jerusalém. Como você afirmou os seculos IV E V se formou o princípio da Crise Romana, e Jerusalém já era campo de batalha entre Romanos e Judeus desde o inicio da era cristã. Desse modo com o conselho de Niceia promovido por Constantino na qual promoveu uma maior autonomia dos cristãos e da própria igreja católica os Judeus se tornaram alvos de perseguição e de violência como maior rigos a partir desse período? Esse momento político é um estopim de perseguição e confronto entre judeus e cristãos de forma mais intensa ?
    ELOIS ALEXANDRE DE PAULA

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    1. Olá Elois, obrigado pela pergunta.
      Acredito já ter respondido perguntas similares com os outros colegas nessa caixa de comentários. Contudo, assinalo novamente, ainda não é possível reconhecer um catolicismo nesse momento e sim a formação de uma Igreja cristã que no período medieval adquiriria tais denominações, assim como a “Igreja Ortodoxa Oriental”.
      E sim, os judeus se tornaram alvos depois da subida do cristianismo ao poder, principalmente após o Édito de Tessalônica (380) editado por Teodósio I (346-395) que aboliu as práticas politeístas dentro do império e estabeleceu o cristianismo como credo oficial. Não que o judaísmo fosse politeísta, mas o reconhecimento de uma religião estatal levou ao detrimento de outras que não a reconheciam, bem como de seus fiéis.
      Murilo Moreira de Souza

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  5. Boa noite, Murilo Moreira de Souza. Primeiramente gostaria de lhe parabenizar pelo texto, este está muito claro e fluido, a temática também é interessante, pois aborda um tema que ainda me parece ter sido pouco explorado por brasileiros. Então, no decorrer do texto o senhor menciona e deixa muito claro como a evolução e predominância cristã aconteceu em Jerusalém; o que me chamou atenção e gostaria que o senhor me explicasse é o seguinte: como que os Judeus resistiram as perseguições dos primeiros anos imperiais, onde Judeus e Católicos eram ambos perseguidos ?
    Renato de Campos Conti Tavares.

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    1. Olá Renato, obrigado pela pergunta.
      Acredito ter respondido parte do seu questionamento na pergunta feita pela “Ana Paula Sanvido”, contudo, não custa complementar. Os judeus firmaram diversos acordos com os romanos nos primeiros séculos, conquistados a partir de embates políticos, militares e diplomáticos que garantiram a eles certa autonomia de culto religioso e controle político da cidade de Jerusalém. Fora dela, a história era outra. Já aos cristãos, não era concebido nenhum tratado em específico e sua dispersão pelo império, somada a negação do culto imperial os levavam ao martírio e perseguições.
      Devemos lembrar que “catolicismo” ainda não existia, não era doutrina clara e tampouco uma Igreja consolidada. Esses aspectos podem ser pensados a partir do período medieval, com um cristianismo consolidado e dividido (como é o caso do Cisma do Oriente em 1054).

      Murilo Moreira de Souza

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  6. Olá Renato, obrigado pela pergunta.
    Acredito ter respondido parte do seu questionamento na pergunta feita pela “Ana Paula Sanvido”, contudo, não custa complementar. Os judeus firmaram diversos acordos com os romanos nos primeiros séculos, conquistados a partir de embates políticos, militares e diplomáticos que garantiram a eles certa autonomia de culto religioso e controle político da cidade de Jerusalém. Fora dela, a história era outra. Já aos cristãos, não era concebido nenhum tratado em específico e sua dispersão pelo império, somada a negação do culto imperial os levavam ao martírio e perseguições.
    Devemos lembrar que “catolicismo” ainda não existia, não era doutrina clara e tampouco uma Igreja consolidada. Esses aspectos podem ser pensados a partir do período medieval, com um cristianismo consolidado e dividido (como é o caso do Cisma do Oriente em 1054).

    Murilo Moreira de Souza

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