JESUS HISTÓRICO NA VISÃO
POLÍTICA: UMA ANÁLISE DOS EVANGELHOS E DE SEUS DISCURSOS ENTRE A IDEIA DO “SOCIALISMO
ARCAICO” E DE UM “CONTEXTO REVOLUCIONÁRIO”
Elois Alexandre de Paula
Introdução
Quando se referimos a Jesus sua
referência é muitas vezes delimitada dentro de um viés teológico sobre a sua
trajetória de vida que era marcada segundo os evangelhos pelo seu movimento
messiânico na Judeia com o titulo do filho de Deus e do Messias, o Salvador,
“aquele que tira o pecado do mundo, o Jesus Salvador”. Historicamente dentro do meio acadêmico
podemos ampliar as narrativas por outro prisma, reconstruindo a trajetória
histórica de Jesus. Assim a Ideia aqui é de refletirmos sobre Jesus e sobre o quanto
seu discurso influenciou na ideia de uma sociedade mais justa e igualitária,
por isso propus a ideia de estabelecer aqui as relações de suas ações pelas
narrativas bíblicas partindo de uma ideia de um discurso muito próximo de um
"socialismo arcaico”, que
historicamente Jesus de Nazaré segundo os evangelhos provocou agitações naquela
sociedade judaica e que teve como consequência a sua condenação à crucificação
aos 33 anos.
Assim, é importante analisar os evangelhos fora do viés dogmático, pois
cada movimento religioso tem sua visão sobre a bíblia e de como se atribuir
seus ensinamentos. Assim segundo Chevitarese (2011) existem várias
interpretações dadas como multifacetadas sobre Cristo e suas narrativas e
dentro deste prisma a minha formação católica proporcionou um entendimento
teológico sobre Cristo baseados na fé de uma salvação assim como se prega a
ideia de Jesus como divino e filho de Deus. Vamos então refletir dentro de uma
visão acadêmica tendo como base a historiografia no movimento teórico de “Jesus
Histórico” analisando as suas ações e suas narrativas e o quanto os evangelhos
como fonte tiveram uma influência sobre o contexto político e social na região
da Judeia no período que Jesus se apresentou em seus movimentos e ações em
período de pleno domínio romano naquela região.
Neste sentido temos o desafio de contextualizar esse ambiente em que
Jesus se apresentou e suas manifestações e discursos que influenciaram muita
além de uma ideia libertação espiritual, mais que teve um efeito político de
uma causa do princípio de um movimento social que certamente confrontou o poder
de Cesar do rei Herodes e dos Sumos sacerdotes que ali detinham o poder
imperialista. Com relação ao termo socialista quero fazer aqui uma pequena
resolva mais de grande importância para a uma análise ou interpretação sobre o
tema. É fato que o termo socialista não
foi criado pelo Cristianismo arcaico ou pelo próprio Jesus, pois o socialismo é
um termo criado na contemporaneidade com linhas teóricas mais definidas no
século XIX, desse modo não pretendemos aqui entrar no mérito do anacronismo. A
ideia aqui é de relacionar algumas teorias do socialismo dentro de uma
verossimilhança como exemplo a igualdade, com narrativas da trajetória de vida,
como ações e discursos encontrados nos evangelhos que aproximam de uma ideia de
um “proto-socialismo”.
Deste modo abordaremos aqui o contexto histórico que Jesus estava
inserido e o seu movimento de uma ideia de libertação pela causa da salvação do
povo oprimido da Judeia mais para além dessa ideia teológica discutir a sua
influência dentro de um “movimento social” e revolucionário naquele período.
Analisando os Evangelhos
A compreensão dos evangelhos vem sendo difundida através de diversos
conceitos teológicos em que as religiões Cristãs de diversificam seu modo de
pregação pela forma de interpretação desses evangelhos, assim cada religião
sendo a católica, Batista. Evangélicas, presbiteriana espirita ou outras
denominações cristãs tem sua própria interpretação sobre os textos evangélicos
e muitas vezes ocorrem embates e discussões sobre o contexto teológico sobre os
textos bíblicos. Para Furlani (2012) os
evangelhos são os documentos mais conhecidos, por constituírem relatos sobre
vida e morte de Jesus, dado como o messias e o salvador da Humanidade, assim a
análise arqueológica do contexto dos evangelhos apresenta o cotidiano de vida
de Jesus, de sua família e daquela sociedade em que ele estava inserido.
A reflexão aqui é de contextualizar sobre Jesus e sua trajetória dentro
da Historiografia com base as fontes nos quatro evangelhos, Lucas, Mateus,
Tiago e de João e uma das primeiras questões e com relação a datação desses
textos na qual foram produzidos. Esses evangelhos desses quatro apóstolos
(Lucas, Mateus, Tiago e de João) foram escritos aproximadamente no final do
século II, e, portanto não foram de forma alguma estes textos foram produzidos
por esses apóstolos, e portanto segundo as diversas pesquisas arqueológicas,
podemos afirmar que são textos anônimos. Outra característica desses textos e
que os mesmos foram escritos em grego copta, um tipo de escrita muito usada
neste período em regiões do norte da África.
O importante afirmar o quanto esses textos relacionam a Jesus a sua
trajetória de pregador e de suas ações como Messias na Judeia comprovando não
somente sua existência, mais o quanto influenciou na vida religiosa e também
política naquela região. Portanto para Chevitarese (2011) tentar uma prova da
existência de Jesus através de uma imagem ou um objeto material como sua casa e
quase impossível, mais se dá pela prova através dos evangelhos que se refere a
sua trajetória de vida. Sendo assim para Furlani (2016) os textos de Lucas,
Mateus João e Tiago são documentos que revelam o contexto histórico e ações de
Jesus em sua vida que esteve presente naquele momento há dois milênios.
Sem dúvida, os evangelhos são os documentos mais conhecidos, por
constituírem relatos sobre vida e morte de Jesus. De acordo os autores, ao
refletirmos sobre o próprio vocábulo “evangelho”, que pode ser traduzido como
“boa notícia”, logo veremos que seu conteúdo se refere à vinda de Jesus como
salvador da humanidade. Segundo esse mesmo ponto de vista, Linda Woodhead
(2004, p. 16), em concordância com diversos outros autores, observa que as
narrativas dos evangelhos podem ser explicadas como tentativas de adequação da
vida de Jesus à lógica da expectativa judaica. Além de que, não se pode
esquecer, esses textos foram escritos em grego e em períodos distintos após a
morte de Jesus.(Furlani, 2016)
Os evangelhos além de anunciar as
mensagens de boa nova do Messias descreviam as narrativas da trajetória de
Jesus além de apresentar o contexto social e político que a região da Judeia e
do povo Judeu no período da vida e pregação de Jesus (meados de 30 a 33 D.C). Neste
período os Hebreus e a região viviam sobre julgo romano desde cerca de 60 A.C
em que os romanos tinham não somente controle político mais também controle das
rotas comerciais, em que essa região era de se ver um ponto estratégico do
comercio entre a Ásia e Europa ou o Império Romano.
Dentro deste contexto político de dominação Romana e articulação do
controle sobre o povo Judeu entre o Rei Herodes e Cesar em que além do domínio
da região, os impostos eram cobrados tanto pelos romanos quanto pelo rei em
Jerusalém, sendo assim os mais carentes
eram explorados pelas cobranças dessas taxas de impostos contribuindo
ainda mais para a pobreza material daquele povo.
No modelo teológico Jesus se apresenta nos evangelhos como o Messias ou
Salvador em que sua trajetória de vida foi descrita, nestes textos desde o seu
nascimento até a sua morte e que para muito além disto, esses evangelhos nos
fornecem informações importantes para uma análise diante à historiografia para
o entendimento da trajetória de Jesus naquele período. Assim o nascimento de
Jesus em uma cidade de Nazaré, traz a imagem do “Messias prometido”, surgindo
como a maior promessa trazer a liberdade para o povo Judeu
“E Tendo nascido Jesus em a Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, Dizendo: Onde está aquele que é nascido Rei dos Judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos adorá-lo. (Mateus: 2 1 a 3, 2015)” ·.
O que se refere ao nascimento de Jesus Mateus e Lucas apresenta
basicamente a mesma narrativa, sobre a cidade de Belém, sobre a situação do
local e também do contexto do período. Assim desde o seu nascimento já se
registram a ideia de Jesus como salvador no plano espiritual mais também de um
salvador, ou dentro de um contexto político, nasce ali um libertador, que este
messias absorve e transmite esse discurso de liberdade contra a opressão
romana. Sendo assim desde o seu nascimento Jesus sempre repercutiu um fervor político
diante das massas na Judeia.
Um fato importante é que Jesus já era observado de longe pelo Rei
Herodes desde seu nascimento, e que na profecia afirmava que nascera o salvador
o Rei dos Judeus, titulo este que acompanhou- lhe ate na sua morte em uma placa
em sua Cruz. Assim quando logo que se dá o nascimento de Jesus ou logo após, o
rei Herodes sabendo do acontecimento na cidade de Belém pelos reis magos manda
seu exercito à Belém para executar todas as crianças menores de dois anos,
conforme o evangelho de Mateus Cap. 2-16: “Então Herodes, vendo que tinha sido
iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que
havia em Belém, e em todos os seus contornos, de idade de dois anos para baixo,
segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos”.
Este trecho do texto de Mateus na qual registra o nascimento de Jesus
também marca o início de um primeiro “Confronto político” entre a autoridade do
Rei Herodes e um menino cultuado e adorado como o verdadeiro Rei dos Judeus. O
temor de Herodes em perder seu poder levou a sua ação de retaliação violenta contra
as crianças e de assassinar Jesus que arriscaria destituí-lo do seu poder.
Os evangelhos descrevem outros acontecimentos na vida de Jesus, em que
ele vem a rebater ou enfrentar a dinâmica política daquele período, assim desde
o início da sua vida de pregação, ele mesmo foi vigiado também de perto pelo
poder do rei de Israel e depois pelo governo representante de Roma. Após um
período de entre a sua infância e juventude que pouco se sabe da trajetória de
Jesus, em que se têm alguns relatos de ida dele e de sua família para o Egito e
depois de sua aparição quando criança no templo em Jerusalém.
Mais logo Jesus quando se torna adulto e após seu batismo inicia sua
vida de pregação pela Judeia reunindo seus onze apóstolos na qual concede a
estes o poder da boa nova e da realização de Milagres. Sendo assim conforme o
evangelho de Lucas afirma que Simão Pedro fora um dos primeiros a serem
convocados por Jesus a acompanha-lo na sua jornada pela Judeia.
E entrando num dos barcos que era o de Simão,
pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e assentando-se, ensinava do barco
a multidão... Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e
lançai as vossas redes para pescar. 5 E respondendo Simão, disse-lhe: Mestre,
havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, por causa da tua palavra,
lançarei a rede... E de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu,
que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas de agora em
diante serás a pescador de homens. Lucas-Cap. 5 3-10.
Num contexto geral os evangelhos dentro de uma interpretação mais a
rigor acadêmico demonstra que Jesus em suas pregações e parábolas que tinham
não somente um contexto religioso messiânico, mais de certa forma tais textos
apresentam diversas situações em que Jesus prega discursos enfrentava aquele
sistema de dominação que Roma vinha executando naquele período.
Mas em alguns momentos Jesus faz-se indiferente com relação ao domínio
de Cezar, na qual com relação ao imposto de Roma e de este ser justo ou não a
cobrança ele afirma: “De a Deus o que e de Deus e A César
o que é de César” em
(Mateus 22,21 e Lucas 20:20-26). De certo modo esse discurso dentro de uma
interpretação mais teológica, era uma forma de Jesus tentava diferenciar o seu
movimento messiânico longe do modelo dominante do sistema Romano, mais que
notadamente em outros momentos seus discursos tinham uma ênfase mais politizada
e que incomodaria as autoridades Romanas e Judaicas.
Portanto os evangelhos podem nos
apresentar uma análise dentro do discurso historiográfico uma dinâmica do
contexto político da trajetória de vida de Jesus, um homem que vivia nas áreas
rurais e pobres da Judeia, e que quando teve em visita a Jerusalém foi
condenado pelas suas práticas e discursos e executado e tal consequência e o
ponto dessa discussão que na qual iremos abordar.
Jesus
um revolucionário: Ou um pensador com ideais “socialismo arcaico”?
Quando referimos aqui dentro de uma
análise da influência de Jesus dentro de um contexto político e que seus
discursos e narrativas apresentadas nos evangelhos apresentam algumas ideias do
discurso ou de uma verossimilhança de um
socialismo para aquele período. Importante abordarmos aqui que a ideia que
apresentamos de um socialismo arcaico baseados em algumas teorias marxistas do
século XIX. Lógico, é improvável de realizar um comparativo sobre o discurso
marxista pelo próprio contexto histórico. É fato que o marxismo do século XIX
foi desenvolvido pelo contexto econômico da época em que a revolução no seu
auge promoveu por parte de Marx uma análise profunda sobre o desenvolvimento da
Burguesia e do próprio capital e a influência das lutas de classes como exemplo
a luta do proletariado (Marx, 2013).
Mas tentaremos aqui realizar alguns
paralelos do socialismo do século XIX, com relação aos ideais pela
representação de Jesus que na qual sua pregação e a sua doutrina foi muito além
de um discurso teológico e que a prova esta no embate que ocorreu entre Jesus,
seus seguidores contra o imperialismo romano e a representação de Herodes e os
sumos sacerdotes daquele período.
Assim analisando os evangelhos
encontramos alguns elementos que remetem a Jesus com um discurso mais acentuado
ao contexto político de confrontação contra o sistema dominante Império Romano.
Neste contexto Rosa Luxemburgo (2003) em sua tese sobre o Socialismo e as
Igrejas aborda a discussão de uma ideia do Socialismo arcaico nos primeiros
anos do Cristianismo, em que a autora discute através de algumas passagens
bíblica referente a um modelo organização social na Judeia e em outras regiões
de Roma que repercutiram em um movimento popular contra o domínio imperialista
romano. Rosa Luxemburgo (2003) também se atentou a ideia do materialismo
histórico de Marx para compreender o contexto político e social e os conflitos
entre os cristãos e o Império romano.
A religião crista desenvolveu-se, como é
bem conhecido, na Roma antiga, no período do declínio do império, que fora,
antes, rico e poderoso, compreendendo os países que são hoje a Itália e a Espanha,
parte da França, parte da Turquia, a Palestina e outros territórios. O estado
de Roma, na época do nascimento de Jesus Cristo, parecia-se muito com o da
Rússia czarista. Por um lado, ali vivia um punhado de gente rica, gozando da
luxúria e todos os prazeres; por outro lado, uma enorme massa de pobres
apodrecia na pobreza; sobretudo um governo despótico, assentado na violência e
na corrupção, exercia uma vil opressão. Todo o império Romano foi mergulhado em
completa desordem e cercado por ameaçadores inimigos externos: a soldadesca
desenfreada, no poder, praticava as suas crueldades sobre a população
desgraçada; a província estava deserta, a terra jazia abandonada, as cidades,
especialmente Roma, a capital, estava cheia de uma pobreza chocante que erguia
os olhos carregados de ódio para os palácios dos ricos; o povo estava sem pão,
sem abrigo, sem vestuário, sem esperança e sem possibilidades de sair de sua
pobreza (Luxemburgo, 2003).
Neste contexto podemos encontrar algumas
referências vindas das narrativas de Jesus com relação às diferenças sociais
que se apresentavam na Judeia durante aquele período. Um trecho que podemos citar aqui e referente
aos evangelhos de: S. Marcos, X, 25; S. Lucas, XVIII, 25; S. Mateus, XIX, 24.
“é mais fácil um camelo passar pelo furo de uma agulha que um rico entrar no
Reino dos Céus". O que se atenta
neste trecho em uma interpretação mais profunda de que Jesus não estaria apenas
propondo um discurso de proteção aos pobres e rejeição aos ricos como se leva
literalmente, mas observa-se neste contexto que Jesus criticava o sistema do
imperialismo com relação às diferenças sociais e o abuso econômico do império
romano e do poder imposto pelo rei Herodes e as elites daquele momento. Nesta
dinâmica de discurso em várias passagens bíblicas Jesus sempre teve seus
movimentos e ações diante a uma proteção às classes menos favorecidas. Algumas
passagens bíblicas abordam Jesus entre os mais pobres, prostitutas, doentes e
os leprosos que todos eram desprezados pelo sistema dominador. Assim Jesus vem
não apenas em auxilio destes, como ajuda benevolente mais os considera como
pertencentes à ideia de valorização “social”, mais também ao seu “reino”.
Esse discurso do “Reino dos Céus’ dentro
de uma interpretação teológica tem a ideia de divindade, mais também apresenta
a ideia de um pertencimento social dos mais carentes, e daqueles pequenos
camponeses que sofriam suas mazelas. Por esse fato esse discurso rompe e
afronta uma sociedade elitizada que tem ao seu lado o poder imperialista causando assim embates durante o período
inicial do cristianismo. A vida de Jesus se apresenta de forma geral em um
profundo relacionamento com as comunidades mais carentes e nas pequenas cidades
e áreas habitadas por pobres camponeses e que sua presença e seus discursos
foram mais marcantes. Para realizar essa missão entre essas comunidades Jesus
reuniu os doze apóstolos como vocação de pregar sua palavra, como cita Marcos
Cap 3, 13-20.
Jesus subiu a um monte e chamou a si
aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze,
designando-os apóstolos[8], para que estivessem com ele, os enviasse a pregar e
tivessem autoridade para expulsar demônios. Estes são os doze que ele escolheu:
Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão,
aos quais deu o nome de Boanerges, que significa “filhos do trovão”;André;
Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o
zelote; Judas Iscariotes, que o traiu. Então Jesus entrou numa casa, e
novamente reuniu-se ali uma multidão, de modo que ele e os seus discípulos não
conseguiam nem comer
(Marcos Cap 3, 13-20).
Para atender os seus ideais de em
espalhar a sua boa nova é notável que Jesus necessitava de seguidores que o
colaborasse nessa empreitada, deste modo essa atitude em atender o maior nível
de pessoas na comunidade se necessitou de uma organização deste grupo para
atender as necessidades das mazelas daquele povo pobre e oprimido e levar a sua
palavra não somente de uma ideia de consolo pelo seu sofrimento, mais sua
palavra levava a ideia da liberdade contra aquele sistema dominador imposto
pelos romanos e fariseus.
De modo geral esse movimento reforçava uma prática de uma organização social
empregada pelas comunidades do período e também das primeiras comunidades
cristãs como analisa Luxemburgo (2003).
Foi, na verdade, deste modo que as primeiras comunidades cristãs se
organizaram. Um contemporâneo escreveu:
"Estas pessoas não acreditam em fortunas, mas pregam a propriedade coletiva e nenhuma de entre elas possui mais do que as outras. Quem desejar entrar na sua ordem é obrigado a pôr a sua fortuna como propriedade comum a essas mesmas pessoas. E por isso que não há entre eles nem pobreza nem luxo – todos possuindo tudo em comum, como irmãos. Não vivem numa cidade à parte, mas em cada uma têm casas para eles próprios. Se quaisquer estrangeiros pertencentes à sua religião aparecem, repartem a propriedade com eles e podem beneficiar dela como se fosse propriamente sua. Essas pessoas, mesmo que desconhecidas anteriormente uma das outras, dão as boas vindas uns aos outros e as suas relações as muito amigáveis. Quando viajam não levam nada senão uma arma para se defender dos ladrões. Em cada cidade têm o seu próprio administrador, que distribui roupa e alimento aos viajantes. Negócio não existe entre eles. Contudo, se um dos membros oferece algum objeto de que ele precisa, recebe outros objetos em troca. Mas também cada um pode pedir o que precisa mesmo que não possa dar em troca". (Luxemburgo, 2003)
Este contexto se apresenta no trecho de Atos dos Apóstolos (IV 34, 35) "Entre eles não
havia ninguém necessitado, pois todos os que possuíam terras ou casas
vendiam-nas, traziam o produto da venda e depositavam-no aos pés dos Apóstolos.
E a cada um era distribuído de acordo com a sua necessidade". Pois bem
esse exemplo é uma dinâmica social muito próxima do contexto marxista com
relação a propriedade e os camponeses e da distribuição da produção. A questão
aqui e apresentada pelo motivo de quem desenvolveu esse tipo de organização
social entre os camponeses, ou seja, os apóstolos, assim se da uma
possibilidade de que Jesus tenha implantado tal prática social baseado naquele
contexto político na sua região em que pregou.
Partindo então das palavras de Jesus
baseadas na ideia de uma possibilidade de igualdade na qual se pode perceber em
alguns trechos um discurso com um cunho mais revolucionário que praticamente
selou a sua condenação aos seus trinta e três anos de idade. Assim esse
contexto revolucionário é uma discussão com base nas interpretações dos
evangelhos em que em certos trechos Jesus tem algumas narrativas ou ações de um
enfrentamento mais acirrado contra a situação política daquele período conturbado. Em Mateus 10:34 Jesus fala aos seus: “Não pense que eu vim trazer paz sobre a
terra. Eu não vim trazer paz, mas a espada”. Nesta mensagem em um primeiro
momento é notável um discurso mais radicalizado de Jesus, colocando a ideia de
um líder na marcha contra o domínio romano. Para Aslan (2013) especificamente
este trecho é um momento de um discurso contraditório as demais pregações
pacificadoras que ele apresentava nas suas narrativas.
Esse discurso de Jesus, e dentro de outras
ações que ele esteve presente possibilita uma análise de ser ele o Messias não
apenas do cordeiro da paz, mais de um líder messiânico ou um “Zelota” que
liderou grande parte dos Judeus contra o domínio Romano. (Aslan 2013). Um
momento que se apresenta essa ideia de um líder revolucionário se dá quando a
sua ida (Jesus) à Jerusalém destacada como uma entrada triunfante nos muros da
cidade:
“Quando se aproximaram de Jerusalém e
chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos,
dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo encontrarão
uma jumenta amarrada, com um jumentinho ao lado. Desamarrem-nos e tragam-nos
para mim. Se alguém perguntar algo, digam-lhe que o Senhor precisa deles e logo
os enviará de volta". Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito
pelo profeta: "Digam à cidade de Sião: 'Eis que o seu rei vem a você
,humilde e montado num jumento, num jumentinho cria de jumenta' ". Uma
grande multidão estendeu seus mantos pelo caminho, outros cortavam ramos de
árvores e os espalhavam pelo caminho. A multidão que ia adiante dele e os que o
seguiam gritavam: "Hosana ao Filho de Davi!"; "Bendito é o que
vem em nome do Senhor!"; "Hosana nas alturas!" Quando Jesus
entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou agitada e perguntava: "Quem é
este?" A multidão respondia: "Este é Jesus, o profeta de Nazaré da
Galileia". (Mateus, 21, 1 a 11)
Esse episódio da entrada de Jesus em
Jerusalém notadamente foi um ápice de um movimento Judaico em que se destaca a
sua posição de liderança daquele povo naquela cidade em que se atuava o
controle do poder Romano e do líder maior do Judeus o Rei Herodes. Assim esse
momento que Jesus surge em Jerusalém como um profeta ou um líder messiânico
dentro de um contexto político causou certamente uma repercussão entres as
autoridades romanas judaicas e seus lideres religiosos, pois não seria nada
agradável um líder idolatrado com um novo líder Judeu.
Além desse fato outra ação de Jesus causou
repercussão em Jerusalém, quando Jesus adentrou no templo e se revoltou com a
situação que se encontrava aquele espaço. Em Mateus 21,12 cita o trecho da
revolta de Jesus no templo:
“Tendo Jesus entrado no pátio do templo, expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo; também tombou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos comerciantes de pombas. E repreendeu-os: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; vós, ao contrário, estais fazendo dela um ‘covil de salteadores’”.
Esse momento de revolta de Jesus
representou um enfrentamento contra o sistema exploratório dos templos
controlados pelos sumos sacerdotes da época e que tinham uma grande influencia
com o Rei Herodes e também com o governador Romano Pôncío Pilatos. Essas ações
causaram assim um grande reboliço em Jerusalém, e assim os lideres Judeus e os
Sacerdotes trataram de conspirar junto às autoridades romanas e tentar sufocar
esse movimento messiânico assim como seu líder.
Essa conspiração teve como resultado a
condenação de Jesus e a sua Crucificação é um fato que teve causas por motivos
revolucionários. E com relação à condenação de Jesus, Aslan (2013) analisa o
motivo da sua condenação em que seu crime apontado por Pilatos foi a sedição
(motim revolta ou rebelião), assim a crucificação era a sua punição. Aslan
(2013) também analisa outros pontos da morte de Jesus que tem uma importância
significativa na interpretação histórica da sua morte.
Considere o seguinte: a crucificação era uma punição que Roma reservava
quase exclusivamente para o crime de sedição. A placa que os romanos colocaram
acima da cabeça de Jesus enquanto ele se contorcia de dor – “Rei dos Judeus” –
era chamada de titulus, e, apesar da percepção comum, não era para ser
sarcástica. Todo criminoso que era pendurado em uma cruz recebia uma placa
declarando o crime específico pelo qual estava sendo executado. O crime de
Jesus, aos olhos de Roma, foi o de buscar o poder político de um rei (ou seja,
traição), o mesmo crime pelo qual foram mortos quase todos os outros aspirantes
messiânicos da época. E Jesus também não morreu sozinho. Os evangelhos afirmam
que em ambos os lados de Jesus estavam pendurados homens que, em grego, eram
chamados lestai, uma palavra muitas vezes traduzida como “ladrões”, mas que, na
verdade, significa “bandidos” e era a designação romana mais comum para um insurreto
ou rebelde. (ASLAN, 2013)
A característica apontada por Aslan (2013) com relação a sua
crucificação mais especificamente sobre a placa posta sobre a cabeça de Jesus com
a sigla do latim “INRI - Iēsus Nazarēnus, Rēx Iūdaeōrum” ou Jesus nazareno rei
dos Judeus tem na interpretação teológica um ideia de zombaria, mais que na
verdade representava o motivo de sua condenação, ou seja, uma rebelião ou um
movimento revolucionário contra o sistema autoritário e de exploração do
império romano contra o povo oprimido da Galileia.
A morte de Jesus porém não deu um ponto final nas revoltas, mesmo porque logo após a sua morte ocorreram
outras rebeliões na Judeia e que no ano
de 60 d.c os judeus em uma grande
revolta expulsam os romanos. Para Aslan (2013) essa revolta era muito enraizada
em princípios revolucionários de Jesus, porém nos anos 70 d.C. os romanos
retornam com suas legiões a Jerusalém massacrando os rebeldes destruindo a
cidade e suas plantações. Assim esse flagelo romano sufocou o movimento de
libertação e Jesus logo seria transformando de um líder revolucionário para um
profeta de Deus. Basicamente o contexto revolucionário relacionado está
definido em dois fatos Históricos. O primeiro é que Jesus foi um judeu que
liderou um movimento popular judaico na Palestina no início do século I D.C, e
o segundo é que Roma o crucificou por isso. Aslan (2013). No que se diz
respeito às duas perspectivas do contexto político em que Jesus estava
inserido, sendo ela de um movimento de um discurso socialista arcaico ou como
um líder messiânico revolucionário são possibilidades de uma análise histórica
mais complexa, na qual tentamos estabelecer conexões dentro destas perspectivas
com os textos dos evangelhos dentro de uma interpretação mais acadêmica.
Portanto essa discussão aqui apresentada certamente tende a não se dar por
encerrada, notadamente o que se refere biografia sobre Jesus e sua trajetória
apresentam varias vertentes historiográficas tanto de posição teológica quanto
de outros elementos da sua vida.
Portanto o que se refere ao contexto político destacamos que esta é uma
abordagem pertinente proporcionando a ampliação de novos debates com relação ao
movimento Jesus histórico.
Considerações Finais
Antes de refletir sobre uma análise deste trabalho quero fazer uma
pequena reflexão do historiador e de como e importante sua reflexão em diversos
contextos da Historiografia como comenta Cerri (1999).
Não podemos dizer que as pessoas que escreveram a Bíblia tiveram uma
tarefa fácil. Entretanto, não tiveram um tipo de dificuldade próprio dos
historiadores (e que deveria ser sempre compartilhada pelo conjunto das
ciências humanas). Para os hebreus, bastou escrever que Javé, em solene tom de
autoridade disse: "-Faça-se a Luz!", e a Luz, narram-nos, foi feita.
Essa facilidade não a temos nós, historiadores, para quem os objetos não surgem
por sopro divino, mas enraízam-se firmemente no processo histórico. (CERRI,1999)
Nesse contexto quando discutimos sobre a reconstrução ou a biografia de
Jesus não é como se reconstruir a Biografia de outros personagens a História
como Napoleão ou de um exemplo mais do contexto contemporâneo do Brasil como
Getúlio Vargas. Jesus histórico é um desafio
para a historiografia pelo motivo não somente do espaçamento na linha do tempo,
mais pelas questões das fontes que temos como base os textos evangelistas e
demais textos apócrifos encontrados na segunda metade do século XX no Egito,
como os textos da biblioteca de Nag Hammadi. Dentro da minha formação acadêmica
tive contatos com alguns textos sobre o tema de Jesus Histórico que na qual me
despertou curiosidade e apesar do conhecimento teológico sobre Jesus a ideia
era expandir o tema dentro das possibilidades Históricas. Assim dentro desse
com texto teológico e notável as mais variadas de interpretações sobre as
mensagens dos evangelhos e que cada religião dentro do Cristianismo processa a
sua fé e cria discursos e visões sobre Cristo a sua maneira, criando um grande
mosaico sobre a sua trajetória.
Assim com base na diversidade historiográfica sobre Jesus Históricos e
suas possibilidades tivemos a ideia aqui de abordar uma visão política de Jesus
dentro das possibilidades da análise das narrativas encontradas nos evangelhos
de Lucas, Mateus, Marcos e de João, tentando refletir por essas fontes bíblicas
um discurso mais politizado dentro do contexto de uma ideia de um “socialismo
arcaico” e um teor revolucionário.
Tendo lido algumas publicações e também bibliografias de outros atores o
tema aqui proposto ainda é pouco discutido. Desse modo propusemos a experiência
de abordar essa temática de que Jesus dentro das narrativas dos textos
evangélicos se apresentou com alguns ideais referentes a ideais socialistas e
também discurso de teor revolucionário. No que refere a ideia de Jesus em um
“movimento Socialista” seus discursos vinham ao encontro de uma ideia de uma
igualdade e de maior valorização e de uma unificação dos mais pobres da época
não qual eram explorados pelo domínio Romano, sendo assim alguns pontos das
manifestações de Jesus apresentam uma ideia de uma verossimilhança com o
socialismo. E no que se refere ao teor revolucionário seu discurso aqui
abordado, “Eu não vim trazer paz, mas a espada” em Mateus 10,34 tem uma
reflexão mais profunda se comparar pelas as suas ações contra o poder da época,
em que desde a maneira de sua entrada em Jerusalém foi um motivo que o levou a
sua morte por sedição.
Assim no que se refere a tais contextos aqui discutidos abordar Jesus
como um “socialista” pelo contexto da época ou revolucionário é de priori uma
abordagem um tanto polemica, mais a ideia aqui é de não polemizar, mais sim
problematizar realizando uma discussão
referente aos textos evangélicos, como uma interpretação mais profunda destes
documentos bíblicos. Pode- se dizer que a história ainda está sobre a sombra de
Jesus, e que muito ainda se tem para debater e discutir sobre este homem tão
importante tanto no viés teológico como social e politico por mais de dois mil
anos. Assim sendo a sua trajetória é um campo profundo de estudo e que não se
pode ficar a margem superficial de interpretações fragilizadas. O fato que
analisar o contexto social e politico é certamente uma das possibilidades a
serem discutidas e abordadas e que tentamos analisar aqui dentro do movimento
historiográfico do “Jesus Histórico”.
Referências
Elois Alexandre De Paula é Graduado em História Fafi-UV e Especialista
em História-UEPG
ASLAN, Reza. Zelota: A vida e a época de Jesus de Nazaré. Editora Zahar,
1°ed, Rio de Janeiro, 2013.
CERRI . Luis Fernando. Os
Objetivos do Ensino de História. . Hist. Ensino,
Londrina, v. 5, p. 137-146, 1999
FURLANI,
João Carlos. Um Jesus histórico é possível? Abordagens e aspectos
teórico-metodológicos de pesquisa. Hist. Historiografia Ouro Preto, Minas
Gerais n. 19 • dezembro 2015 p. 181-187
LUCAS. MATEUS. MARCOS . JOAO, Evangelhos. BÍBLIA SAGRADA, Edi:Loyola,
São Paulo, 1994
LUXEMBURGO, Rosa .
O Socialismo e as Igrejas-1905, Tradução de: Alexandre Linares. Fonte da
Presente Tradução: Socialism and the churches, Luxemburg Internet Archive
(marxists.org), 2003. Acesso em https://www.marxists.org/index.htm.
MARX, Karl. ENDERLE, Rubens (Tradução) O capital, Crítica da Economia
Política. O processo da Produção do Capital. Edi, Boitempo, São Paulo, 2013
Entrevista: CHEVITARESE, André Leonardo, Cristianismos, Questões e
Debates Metodológicos. Entrevista Programa Jó Soares, Julho de 2011. Acesso em
https://globoplay.globo.com/v/1570076/
Bom dia Elois Alexandre de Paula! Primeiramente gostaria de elogiar seu excelente texto! Desejaria saber, até que ponto podemos desvincular o Jesus histórico do religioso, sabendo que a cultura judaica está ligada extremamente a uma mentalidade eclesiástica?
ResponderExcluirMICHELL RIBEIRO SOBRAL
MEU AMIGO MICHEL.Primeiramente agradeço sua participação e a sua leitura sobre esse trabalho que me dispôs a propor nesse evento. Com relação ao seu questionamento é fato indispensável que Jesus era e pertencia a cultura Judaica nasceu Judeu e morreu Judeu, porem o fato que aqui tentamos discutir que Jesus teve uma nova visão de pensamento de mundo e principalmente em muitos momentos ele romperia com a tradição Judaica. Esse fatos são muitos bem observados em vários trechos do evangelho, em que ele rompia com algumas tradições judaicas e que muitas vezes foi muito criticado e que foi um dos pontos que levaram a sua crucificação no ano de 33. Porém apesar de extremamente enraizada a cultura Judaica podemos sim abordar Jesus Histórico muito além de um contexto religioso, e sim podemos discutir dentro do viés politico , pois sua postura e seu discurso enfrentaram o domínio politico e o poder romano e também as autoridades de Jerusalém assim também as autoridades religiosas. Assim se pode analisar Jesus Histórico mais além do contexto religioso com uma discussão mais politica pela dinâmica histórica da Judeia naquele período em que muitas revoltas surgiram contra o domínio romano. Jesus apesar de um discurso mais maleável enfrentou a sua condenação e portanto é importante para A HISTÓRIOGRAFIA abordar esse contexto social e politico em que Jesus estava interagindo.
ExcluirMuito obrigado
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Bom dia, Elios!
ResponderExcluirMeu caro colega, parabéns por tocar em um assunto bastante polêmico, principalmente nos tempos atuais nos quais a figura de Jesus, histórica ou teológica, vem sendo utilizada para justificar ideias que claramente são contra um interpretação mais literal das suas palavras e ações, tais como a propriedade privada, o uso de armas, o ódio a minorias e até mesmo a tortura. Trazer para discussão essa incongruência entre a prática de grupos sociais atuais e os ensinamentos de Jesus não foi seu objetivo, mas é inevitável essa vinculação em que lê seu bem pensado texto. Por tudo isso, parabéns.
Contudo, há alguns pontos que gostaria de frisar e algumas questões a levantar.
Primeiro, embora eu compreenda sua intenção claramente 'anacrônica' de interpretação, possibilitando com isso uma reflexão menos limitada, não consegui identificar em seu texto uma clareza conceitual que ajudaria bastante na argumentação. Por exemplo, você fala de 'socialismo arcaico' mas não indica a sua definição, apenas cita alguns autores nos quais, imagina-se, tal definição se encontra. Outro exemplo é o cuidado metodológico de separar suas opiniões valorativas dos contextos objetivos presentes na suas fontes (no caso, o texto bíblico). Na minha opinião, isso enfraquece um pouco a estruturação do seu texto. Assim, uma outra questão que surge é se, diante da forma como seu texto aborda, não seria possível uma superinterpretação presentificada da figura de Jesus, isolada do seu próprio contexto? digo, não seria possível associa-lo ao movimento Hippie, por exemplo ou ao que Ghandi fez na Índia? qual o limite (super)interpretativo? ou seja, qual o limite da sua interpretação histórica e acadêmica, como você repetidamente frisa?
Grande abraço e sorte na pesquisa.
ALEX FERNANDES BORGES
PPGH - HISTÓRIA/UFG
Caro Borges. Primeiramente agradeço sua atenção com relação ao texto proposto e principalmente a suas observações muito seguras de uma visão MAIS APROFUNDADA DESSE TEMA. Com relação a ideia do socialismo arcaico tentei realizar uma comparação a uma ideia do socialismo primitivo em que autores de uma pensamento mais marxista e ou da esquerda tentam fazer uma discussão sobre o tema desse socialismo primitivo, Como cito aqui Rosa Luxemburgo em que ela aborda o cristianismo primitivo com fundamentos muito próximo de um socialismo mesmo que, repito aqui dentro de um anacronismo. Mais de certo modo tentei abordar esse contexto utilizando nada mais as fontes e trechos d evangelhos e demais discussões de autores que tentam Discutir Jesus não apenas como um messiânico mais como um líder muito além de seu tempo que apesar de sua origem judaica rompeu com o poder imperialista vigente que Roma imperava naquele período. Com relação a ideia de construir um trabalho dentro de um viés acadêmico sobre essa ideia de Jesus Histórico como um líder muito mais politico de que religioso é uma experiência nova para mim em que sempre questionei sobre Jesus como um homem que impôs não somente uma ideia de religião sobre um reino mais justo e de igualdade social, mais que esse reino tinha um pé aqui na terra também. Neste contexto procurei abordar em minha pesquisas dentro dos evangelhos mais também apresentar novas discussões com autores que vem nessa temática como ASLAN, Reza. Na obra Zelota, criando assim uma possibilidade de ampliar o conhecimento dentro da historiografia sobre Jesus histórico. Assim ampliar o conhecimento e o desenvolvimento acadêmico dentro da temática sobre Jesus inserido em um contexto politico. Assim agradeço a sua ideia sobre alguns pontos de meu trabalho em que irá contribuir e muito pela minha pesquisa e que esse trabalho para mim foi uma experiência significativa em abordar essa temática
ExcluirObrigado
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Olá Elois! Muito interessante seu texto. Recentemente li um livro interessante com o título "Como ler os evangelhos" de Félix Moracho e pude observar alguns aspectos que você destacou que também estão neste livro. Desejo acrescentar à discussão que Jesus era um homem além da sua realidade, atento a cada peculiaridade da região em que vivia. Minha pergunta é em sua opinião, de acordo com os evangelhos, em que sentido Jesus provoca violência ? Além do trecho que você destacou, destaco Lc 22, 36-38. Muito boa sua problemática em relação aos evangelhos. Realmente, usá-los como fonte historiográfica não é um tarefa fácil.
ResponderExcluirNicole Loureiro da Silva
Minha amiga Nicole cito aqui o trecho do evangelho que você propôs 36 Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a. 37 Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento. 38 Disseram eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta..Pois bem é fato que os evangelhos dentro de varias perspectivas tem variadas interpretações e que sugere uma discussão mais apurada sobre diversos trechos. Como exemplo uma passagem em que ele afirma Eu não vim trazer paz, mas a espada” em Mateus 10,34, percebemos uma contradição sobre das suas palavras em prol da paz de como eu vim trazer a paz e eu sou a paz. Assim Jesus tem sim e claro uma unanimidade sobre a paz e o perdão mais que certamente em alguns momentos ele usava um discurso mais radical contra o domínio romano da época. Jesus abordava um discurso pela paz mais que algum momento ele reagia em certos momentos com fúria contra o domínio e a situação que se encontrava a Judeia naquele período. Um exemplo quando Jesus expulsou os comerciantes que estavam invadindo o templo em que ele afirmou que a casa de seu pai não era casa de negócios. Assim essa ação de Jesus e demais outras foram fundamental para levarem a cruz, assim é um dos pontos que discuto no trabalho que Jesus foi condenado por questões muito mais politicas que religiosas.
ExcluirOBRIGADO
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Boa tarde, Elois. Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo pelo seu artigo. É um tema muito interessante.
ResponderExcluirDesejo também indicar dois livros que podem contribuir em sua pesquisa:
"Jesus, o maior socialista que já existiu", escrito pelo historiador Jefferson Ramalho, publicado em 2017.
Outro livro que poderá ajudar é o clássico "Jesus: aproximação histórica" do José Antonio Pagola.
Ademais, minha pergunta é: quais são os caminhos metodológicos que o historiador deve seguir para utilizar os textos
exegéticos-teológicos em sua pesquisa histórica sobre o Jesus histórico?
Uma vez que tais produções estão vinculadas ao campo da teologia.
Obrigada.
NATÁLIA MAIRA CUNHA
NATALIA MINHA AMIGA AGRADEÇO SIM SUA ORIENTAÇÃO SOBRE ESSE ASSUNTO COM SUA BIOGRAFIAS. Com relação ao trabalho do historiador existem uma gama de trabalhos e de metodologias sobre a pesquisa dentro de Jesus Histórico, um dos Historiadores que vem desenvolvendo pesquisas históricas além do campo teológico com uma visão mais acadêmica e André Leonardo Chevitarese em que o autor aborda novas perspectivas e formas de se compreender sobre Jesus Histórico com diversos campos como a própria história a arqueologia que vem desenvolvendo muitas pesquisas sobre esse personagem. Hoje graças as diversas pesquisas se sabe mais sobre Jesus do que a primeira fase do cristianismo, assim existem varias possibilidades de criar debates e pesquisas sobre Jesus fora de um contexto basicamente teleológico em que aqui tentei abordar e discutir Jesus dentro de um contexto social e politico.
ExcluirOBRIGADO
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Boa tarde, elois!
ResponderExcluirExcelente temática. Gostaria de levantar uma única questão.
Você apresenta um certo teor político no movimento de Jesus de Nazaré, apesar das confrontações entre Jesus e o sistema político da época ele negou o título de Rei dos judeus em João 18:33-37 e não quis confrontar a autoridade do César em Mateus 22:21, diante do exposto te pergunto qual a profundidade política de Cristo em sua visão?
Obrigado.
Att,
Bruno da Silva Ogeda
Caro Bruno.
ResponderExcluirAgradeço sua contribuição com relação a temática. O que se diz a respeito a sua pergunta podemos afirmar que Jesus negando ao titulo de rei dos judeus e um tanto que e contraditória a esta temática aqui proposta não e mesmo? Porém de certa modo Jesus tinha um forma muito discreta de impor seus ideais, que mesmo com sua humildade de não se querer ser visto com um rei e que seu reino era visto como o reino dos céus, esse reino tinha um pé aqui na terra. Seu discurso de igualdade de paz e de liberdade foram muito além de um discurso religioso, assim foram motivos que levaram a sua morte. Um exemplo o momento que discuto sobre a sua mortem que o motivo de usa condenação foi sedição ou motim, que foi a causa de sua condenação. Assim apesar de polemico Jesus de Nazaré um homem simples tinha uma ação e uma proposta de um discurso de liberdade e que enfrentou as autoridades Romanas e que sufocaram esse proposta . Período de vários movimentos ocorriam na Judeia como os Zelotas e que lutavam contra o domínio Romano.
Assim ao meu ver apesar de Jesus propor a paz e não querer o domínio de poder ele foi um líder que propôs uma nova condição para o povo Judeu de liberdade e que o motivou a sua morte dentro de um contexto politico que enfrentava o domínio romano e das autoridades Judias.
OBRIGADO
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Agradeço pelo texto. Tenho muito interesse no caráter revolucionário de Jesus. Gostaria de fazer duas perguntas:
ResponderExcluir1.É possível identificar alguma diferença substancial na maneira como o caráter político de Jesus é apresentado nos evangelhos sinóticos (Marcos, Lucas, Mateus), de um lado, e o de João, de outro?
2.No início do texto é mencionado que são tomados como fontes os evangelhos de Tiago, Lucas, Mateus e João. No final do texto, contudo, se afirma que as fontes trabalhadas foram os quatro evangelhos canônicos: Marcos, Lucas, Mateus e João. Quais foram os evangelhos de fato utilizados? Caso a resposta seja Tiago, Lucas, Mateus e João, o que motivou a exclusão de um dos evangelhos canônicos – o de Marcos – e a inclusão de um evangelho apócrifo – o de Tiago?
João Marcos Cilli de Araujo
CARO JOÃO MARCOS
ExcluirAgradeço sua atenção e seus questionamentos sobre esse trabalho bastante peculiar em discutir Jesus como um revolucionário. Com relação aos evangelhos aqui abordados procurei sintetizar algumas análises da trajetória de Jesus pelos evangelhos de , Lucas, Mateus e João e também Tiago como uma observação comparativa desses textos. O evangelho de Marcos não tentei abordar nesse texto mais que esse texto de Marcos também apresenta referencias históricas sobre a trajetória de Jesus e serve sim como documentação e fontes de análise histórica. Marcos tem um texto mais próximo da cultura Judaica e Apresenta Jesus não somente dentro do viés histórico mais também dentro do viés teológico. Ainda estou trabalhando em outros artigos no aprofundamento do evangelho de Marcos, e com relação aos demais evangelhos ditos apócrifos considero uma documentação importante para avaliar o contexto historiográfico de Jesus.
OBRIGADO
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Olá, Boa Tarde.
ResponderExcluirBem interessante esse tema proposto, se me permite, gostaria de deixar aqui algumas impressões a respeito do Jesus revolucionário, percebo uma certa diferença quando leio trechos e artigos de história e ciências sociais que tratam da imagem de Jesus e o significado de suas palavras quando são tratadas pela teologia católica e evangélica, pra você existe alguma diferença de Jesus enquanto ser revolucionário pelos pelos prismas da Teologia protestante e a Católica ?
Grato.
Fernando Tadeu Germinatti.
CARO TADEU
ResponderExcluirÉ um prazer estar discutindo esse trabalho espero que tenha apreciado essa leitura. Com relação ao seu questionamento de como são tratadas pela teologia católica e evangélica, a questão revolucionaria pelos prismas da Teologia protestante e a Católica, posso afirmar que esta discussão é um campo um tanto dificultoso para se abordar. No meu ponto de vista a questão teológica ainda analisam Jesus como um todo dentro de pensamentos dogmáticos na ideia de Jesus Divino ou o Cristo o ungido. Assim surgem inúmeras interpretações sobre os evangelhos e sobre Jesus em que cada entidade religiosa toma para si dentro desses dogmas a verdade absoluta sobre Jesus. No que se refere a visão das igrejas aceitarem Jesus como um revolucionário e um ponto de discussão que devida a essa ideia absoluta de verdades dogmáticas seria mais difícil das religiões aceitarem. A história apenas quer abordar de forma acadêmica Jesus o homem, sem deixar de abordar a teologia e o contexto religioso de Jesus, mais incluir a discussão social e politica em que Jesus estava inserido em sua passagem desse personagem na terra. Desse modo ainda se pode afirmar com a radicalidade de algumas religiões não aceitaria compreender a trajetória de Jesus como um homem revolucionário e muito menos como uma idealista politica com pensamento em um socialismo primitivo. Jesus um politico ou revolucionário ainda não seria aceita de forma unanime dentro dos preceitos das igrejas que ainda mantem um pensamento ortodoxo e um tanto fechado sobre ate mesmo as interpretações dos evangelhos.
OBRIGADO
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Bom dia
ResponderExcluirSeu texto é maravilhoso. Partindo da premissa de que é extremamente difícil desvincular Jesus Cristo do viés ideológico religioso. Como o professor pode usufruir da trajetória de jesus pregador e de suas ações como Messias na Judeia, dentro da sala de aula, fazendo uma correlação com seus ideais socias e igualitários usando narrativas da trajetória de vida, como ações e discursos encontrados nos evangelhos?
Eleilda da Silva Santos
Eleneide
ResponderExcluirSua questão é importante para refletir e apresentar uma forma de Jesus fora do viés religioso principalmente em sala de aula. Neste contexto o ramo da pesquisa sobre Jesus Histórico tem desenvolvido vários trabalhos sobre o tema. De certo modo acredito que trabalhar com o tema em sala de aula podemos abordar Jesus dentro da sua posição como Judeu como ele foi e que ele foi batizado e tinha sua manifestação religiosa dentro do judaísmo. Mais por outro aspecto ele Jesus histórico promovei a liberdade a igualdade naquele período e que esses ideias foram de contra o dominio romano e contra as classes elitizadas da Judeia. Neste modo analisar esse contexto podemos refletir Jesus Histórico muito além de seus princípios religiosos mais sim dentro de um viés mais ideológico que tinha um discurso pautado na liberdade e na igualdade, Jesus então como um líder popular, como tantos outros lideres que na História estavam com as classes menos favorecidas lutando pelos seus direitos e igualdades.
OBRIGADO
ELOIS ALEXANDRE DE PAULA
Boa noite!
Excluirbelo texto... o que gostaria de compreender dentro das ideias abordadas, se alem do cunho social (muito importante). vocÊ conseguiria identificar outras questões ligadas a essa figura tão "emblemática" e adapta-la em uma sala de aula? Também considerando o caráter revolucionário que citou... Descreveria ter nos livros posteriores aos Evangelhos essa mudança? de pessoas passivas para ativas?
Seria nisso as cartas do Apostolo Paulo um resultado que reforce esta tese?
desde ja agradeço
BOA NOITE AILA
ResponderExcluirAgradeço sua presença e leitura do texto e suas indagações são extremamente importantes. Primeiramente com relação a adaptar Jesus Histórico em sala de aula é um desafio a ser colocado, é fato que dentro dessa temática somos e fomos criados ver esse personagem dentro de um vies religioso do contexto divino. Porém podemos usar métodos didáticos para além do contexto religioso, criando assim um pensamento critico sobre essa personagem como um Homem ou o homem que muito além de estar envolvido de questões religiosas tinha um pensamento sobre a vida e sobre a o sociedade em que ele estava envolvido, com uma ideia de liberdade e igualdade. Assim como tentamos abordar demais personagens pela história Jesus histórico pode ser compreendido didaticamente como um Homem que tinha um pensamento pautado na paz, mais reacionário contra um sistema imperialista como foi o império Romano, que mesmo que sua morte não tido tanta repercussão naquele momento, sua história e sua biografia foi construída ao longo do tempo, e que a história tem construído contornos sobre Jesus muita além do conceito religioso. Com relação aos textos de Paulo, estes são textos que são de datação muito anterior dos 4 evangelhos, LUCAS MATEUS, JOÃO E MARCOS, e que tem um discurso de formação das primeiras Igrejas baseado na expansão no pensamento de Jesus, com certos preceitos e novas disciplinas religiosas e que confrontavam com a cultura helênica e também romana. Mais outros textos como os evangelhos de Nag Hammadi apresentam uma leitura diferenciada sobre Jesus, mais humanizado que ainda são objeto da minha pesquisas, como exemplo o livro de Maria Madalena.
Boa-Noite,Elois! Sou Ivanize!
ResponderExcluirQue texto maravilhoso, super antropológico e ao mesmo tempo teológico!
Com certeza,paira sobre a pessoa de Cristo ainda muito mistério.Recentemente,discutindo ideias com colegas, cheguei a dizer: "JESUS TEVE IDEAIS COMUNISTAS"! Nossa,foi chocante!Uma me repreendeu: NÃO ACHO! Enfim,como católica,recebi formação cristã menos conservadora,pois,nos meados dos anos 80 e começo de 90,por conta do regime militar,a Igreja se repartiu e,a ala progressista era justamente aquela que levava até os movimentos sociais esse Jesus mais homem, mais amoroso, mais companheiro,mais pé no chão!Isso sem fugir das práticas litúrgicas. Pelo contrário,Jesus vai ser visto como um irmão no pobre,no doente, no faminto, etc.Infelizmente, após a morte de João Paulo II, houve um retrocesso dessa visão teológica e,o atual papa tem tentado resgatá-la. Isso tudo contribui sem dúvida para a formação de um ser humano ético e de caráter,Até mesmo independente de ter religião.Afinal,bendiz Tiago: "A fé sem obras é morta."(Tg. 2,26).Avante!Continue abrindo caminhos, veredas para que o autor de toda a nossa história se torne mais presente no nosso dia a dia e nas nossas atitudes, para aprendermos a viver e conviver.
Ivanise Santana; Fico agradecido pela leitura do presente texto. Minha formação em história me fez refletir sobre Jesus e a própria questão da compreensão sobre as próprias leituras dos evangelhos. Desse modo tentei aqui desenvolver o conhecimento e a pesquisa sobre Jesus Histórico para além do contexto teológico, tentar compreender a História dessa personagem e que a sua influencia foi muito significativa no contexto político e social na Judeia. Assim esse trabalho e uma experiência que estou apresentando pelas leituras e interpretações dos evangelhos e demais outros textos, que são fontes para entender essa personagem Jesus Histórico
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