Gabrielle Almeida e Guilherme Meneghetti


INFLUÊNCIAS ÁRABES: TRADUÇÕES E A ARTE DE CURAR 
Gabrielle Legnaghi de Almeida
Guilherme Meneghetti Xavier da Silva

Introdução
Com o decreto de Justiniano em 529 d.C. que determinava o fechamento da escola de Platão, a preservação e propagação das obras e pensamentos dos grandes filósofos gregos que outrora atingira o ápice e regera os conhecimentos da sociedade em seus mais variados âmbitos como na política, astronomia, ciência, e ainda, na medicina, conforme sugere Bittar (2009), teria como destino a sua decadência e desaparecimento.
Entretanto, apesar do momentâneo esquecimento acerca dessas teorias no mundo ocidental, pelo menos até as trocas e legados culturais encontrados na Península Ibérica durante todo o processo de reconquista de terras arabizadas ou no sul da Itália, foi através dos povos orientais que essas postulações foram preservadas através do tempo, e, com os árabes, que estas voltaram a resplandecer. Isso porque, durante o século III e IV na Escola de Edessa, obras de Euclides, Arquimedes, Aristóteles, Hipócrates e outros filósofos já eram traduzidas do grego para o siríaco. Neste momento, tais regiões da Mesopotâmia, Iraque e Síria, consistiam em um território recentemente convertido ao cristianismo. Assim, esses povos: “se viram obrigados a aprender o grego a fim de ler o Antigo Testamento e os escritos dos Padres da Igreja, uma necessidade que conduziu às leituras da Ciência e Filosofia gregas” (P. da Silva, 2012, p. 63). À vista disso, posteriormente quando se inicia a expansão e conquistas destes territórios para o Islão, tais princípios helênicos são adotados como alicerce para toda a construção da filosofia árabe.
Dessa forma, merece destaque “a importância da presença de colecionadores e escribas árabes no registro e transmissão da informação científica e cultural entre os séculos IV e XV”. (GAUZ, V.; PINHEIRO, L. V. R., 2010). A partir dessa acumulação de textos em acervos e mesquitas foi possível iniciar um massivo processo de tradução de manuscritos que remetem ao período do reinado de Harun-al-Rashid (786-809), quando jovens cientistas da região da Pérsia foram levados à Bagdá para essa função, como pontua Gies (1995). O autor ainda evidencia a aparição de Hunayn Ibn-Ishaq (809-873) que, devido a seus conhecimentos, logo alçou posição de destaque na sociedade árabe, tornando-se inicialmente, o médico do filho do monarca. E ainda, em 830, é nomeado ao cargo de diretor da Casa da Sabedoria, local cuja atribuição era exatamente o armazenamento e tradução destas obras.
Para Bittar (2009), e demais estudiosos, outros polímatas também foram fundamentais para a conservação, disseminação e transmissão das teses gregas, tais como: Avicena (980-1037) e Averróis (1126-1198).

Desenvolvimento
Ao questionar sobre a compreensão dos paradigmas de saúde e enfermidade, dominaram por durante dois mil anos as percepções de imagem e funcionamento do corpo herdadas pela medicina e filosofia dos antigos gregos, produzidos em meados do século IV e V a.C. O modelo humoral contido nos escritos de Hipócrates (século V a.C), e posteriormente Galeno (século II d.C) (PORTER; VIGARELO, 2008, p.442), sustentaram e influenciaram nas teorias médicas no Ocidente até o século XIX.
Dentre as produções no cenário europeu, as traduções do árabe tiveram um papel fundamental para a evolução do saber médico, que se espalhou por toda a Europa, contribuindo para o fortalecimento da teoria galênica da medicina medieval. De início, este processo se deu por meio de um galenismo arabizado, como explica o autor Rafael Mandressi (2005), e em seguida, a teoria galênica de influência latina começou a tomar espaço no cenário médico. (MANDRESSI, 2005, p. 416). Em contrapartida, ao mesmo tempo em que o saber médico oriental influía no conhecimento galênico na Europa, o contrário também ocorria. Porém, dada a posição geográfica e intercâmbios, pode-se considerar que a ciência médica de origem islâmica também era resultado da absorção de diversas outras culturas da região oriental, como por exemplo, a chinesa, e a indiana.
A medicina presente no oriente de meados do século IX pode ser interpretada como resultado de uma mescla entre a cultura árabe, de influência oriental, com os saberes clássicos de Platão e Aristóteles. No século XI fora traduzido obras médicas árabes, visando mapear, por seu intermédio, a herança da medicina greco-romana. Essas traduções constituíram-se no momento em que se deu origem a medicina como oriunda de um saber específico na Europa, sendo um dos pilares para desenvolver a escolástica médica do século XIII.  (SANTOS, 2014, p. 123)
A influência árabe conseguiu assimilar e, em contrapartida, deixar sua marca na cultura, arte, ciência, filosofia, e ainda, na medicina da Europa. Exemplificando o legado dos povos orientais, Bittar (2009) destaca a Espanha como detentora de um papel importante no cenário europeu, que serviu como uma espécie de centro de disseminação do legado grego absorvido pelos árabes, e por eles disseminados nas discussões sobre as obras de Aristóteles. (BITTAR, 2009).
Pode-se compreender o território espanhol como uma das principais portas de entrada, não só dos árabes para conquistar terras a noroeste, mas também como a janela que permitiu com que a cultura, tecnologia e desenvolvimento de origem oriental adentrassem na porção europeia do continente. E ainda, além do anseio de dominar, também traziam consigo um vasto patrimônio intelectual e tecnológico, dominando diversas áreas do conhecimento, incluindo as práticas das ciências médicas. Bittar (2005) explica que a capital de al-Andalus, pode ser considerada como centro administrativo, e a cidade mais próspera do Ocidente, onde se desenvolveu uma cultura e tradição, denominada pelo autor, hispano-muçulmana (BITTAR, 2009).
Do final do século XI até o início do século XIV a maciça tradução dos textos orientais e a dominação dos ensinamentos neles contidos formaram um corpo de obras que desenvolveram o cenário e a arte de curar na Europa. O conjunto dessas obras, defende Mandressi (2005), fez com que os conhecimentos anatômicos ganhassem clareza e precisão. Para o autor, os grandes manuais de medicina de origem árabe, como o “Cânon” de Avicena ou o “Colliget” de Averróis, possibilitaram um olhar mais atento direcionado às questões anatômicas, atribuindo-lhe um papel mais definido. (MANDRESSIM, 2005, p. 416). Com esta percepção sobre anatomia e a importância das dissecações para o conhecimento das funções internas, pode-se perceber a tendência de conhecer as partes do corpo, e uma observação de seu interior pautadas na experiencia, não restringindo apenas aos limites dos manuais e registros escritos.
Lembrado por Mandressi (2005) e diversos outros autores que se dedicam à história das ciências médicas, Abu Ali Huceine ibne Abdala ibne Sina, latinizado como Avicena, ou, perpetuado como al Sheikh al-Rais, nasceu em Afsana por volta do ano de 980, sendo, possivelmente, de origem persa. Foi um dos mais importantes filósofos e médicos do Islam e do período medieval, produzindo cerca de 250 obras de temas diversos. (DE MACEDO; CINTRA, 2009, p.1). Dentre seus escritos, 16 deles destacam-se como sendo de caráter médico, corroborando para sua ampla utilização nas disciplinas de Medicina teórica e Medicina prática das Universidades de medicina da Europa, no século XVI, juntamente com os manuais de clássicos como Hipócrates e Galeno. (REBOLLO, 2010).
Em seu Livro 1 do Cânon, Avicena deu início ao curso de Medicina teórica, mesclando noções de origem hipocrática-galênica, tais como: os quatro elementos (terra, ar, fogo e agua); quatro temperamentos (colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico); quatro estações (primavera, verão, outono e inverno); os quatro humores (sangue, bílis amarela, bílis negra e fleuma); os órgãos; os espíritos naturais (naturais, vitais e animais); fatores não naturais (ar, alimentos e bebidas, sono e vigília, movimento e repouso, evacuação e retenção, sentimentos e emoções) as forças; as faculdades da alma; as ações; e patologia. (REBOLLO, 2010, p. 317). Sua obra “Cânon da medicina”, ou Kitab al-Qanun fi al-Tibb, foi traduzida e considerada sua obra mestra, consolidando as bases para estudos médicos no Oriente e Ocidente por setecentos anos. (REBOLLO, 2010, p. 318).
Parafraseando um dos poemas de Avicena, a medicina é a arte de manter a saúde e curar as doenças do corpo. Considerando e analisando brevemente a descrição referente ao Livro 1 do Cânon, pode-se destacar a influência e importância do meio como um mecanismo para a manutenção do equilíbrio corporal, e consequentemente, a saúde. O meio, então, se mostra como um influente aliado para a perpetuação das forças vitais que regem o bom funcionamento corpóreo, bem como um potencial agente de desequilíbrio deste complexo sistema; e ainda, a solução, uma fonte terapêutica.  
Outro filósofo e produtor de conhecimentos médicos foi Abû al-Walîd Muhammad ibn Ahmad ibn Muhammad ibn Ahmad ibn Ahmad ibn Ruchd (1126-1198), também conhecido como Ibn Rushd ou na tradução latina como Averróis, foi um polímata andaluz nascido em Córdoba cuja principal área de atuação foi a jurisprudência, chegando a assumir o cargo de cadí em Sevilha e Córdoba. Porém, Bárcena e Noguera (1996-97) ressaltam que devido a sua “formidável ânsia por conhecimento”, não demorou a estender seus estudos para diversas outras áreas do saber tais quais a astronomia, música, filosofia e medicina.
Nessa interdisciplinaridade, Averróis realiza uma analogia entre o fazer jurídico, legislador e o medicinal, sendo “aquele como curador do corpo, e este como curador das almas” (BITTAR, 2009, p. 87). Não obstante, foi através destas contribuições filosóficas e medicinais, os quais conta com uma extensa lista de publicações, que sua herança percorre o curso da história, influenciando diversos outros cientistas posteriores, vindo a receber a alcunha de seu próprio mestre, Avenzoar, de “maior físico após Galeno”.
Sobre essas obras, diversos estudiosos puderam encontra-las divididas em dois grandes blocos, o primeiro de publicações, notas e comentários sobre os trabalhos realizados por Galeno, Aristóteles e Avicena, enquanto o segundo, inclui suas obras de caráter medicinal originais como “Fi Hifz al-Sihha” ou “Sobre a conservação da saúde”, “Al-Sumum” cujo título traduzido é “Sobre os venenos” e o mais importante, “Kitabal-Kulliyyat al-tibbiyya” conhecido no mundo latino como “Colliget”. (BÁRCENA; NOGUERA, 1996-97, p. 7). Segundo os autores, o livro se encontra dividido em sete grandes temáticas sendo elas: anatomia e fisiologia, farmacologia, dietética, alimentação, patologia, sintomatologia, matéria médica, higiene e terapêutica e possuía a intenção de listar as prescrições que todo médico precisava conhecer no século X.
Para Averrois, a alimentação apresenta uma importância substancial no pensamento médico. “Tanto es así que mantiene el critério que el secreto de la salud reposa em dos elementos: la correcta alimentación y la buena evacuación de las diferentes substâncias tóxicas”. (BÁRCENA; NOGUERA, 1996-97, p. 7). Em sua outra obra, a já citada “Sobre a conservação da saúde”, Averróis não só expõe quais alimentos são os mais saudáveis para a ingestão como define também o momento ideal do consumo de cada um deles ao longo do dia e suas quantidades.   

Conclusão
No decorrer desse artigo procurou-se, ainda que brevemente, demonstrar o caminho da informação e conhecimento de origem grega, e postulações dos grandes filósofos que, após sua crise, foi reencontrado e transformado em uma febre no mundo árabe. Além de atuar como ator fundamental na filosofia da região que estava surgindo.
Entende-se a importância dos grandes sábios muçulmanos e tamanha sua contribuição, dada às mais diversas áreas do saber como astronomia, aritmética e, principalmente, na filosofia, ciências naturais e medicina. Dentre numerosos eruditos, o legado de Avicena e Averróis é notável. Através de seus conhecimentos somados as postulações de Hipócrates e Galeno, a medicina encontrou uma possibilidade de reflorescer na sociedade árabe, além da possibilidade de perpetuar-se através do tempo, chegando ao ocidente pelas heranças e trocas culturais, principalmente na região da Península Ibérica.

Referências
Gabrielle Legnaghi de Almeida – Graduanda de História na Universidade Estadual de Maringá (UEM), desde 2016.
Guilherme Meneghetti Xavier da Silva – Graduando de História na Universidade Estadual de Maringá (UEM), desde 2016.

BITTAR, Eduardo C. B. O aristotelismo e o pensamento árabe: Averróis e a recepção de Aristóteles no mundo medieval. Rev. Port. de História do Livro,  Lisboa ,  n. 24, p. 61-103,    2009
DE MACEDO, Cavaleiro; CINTRA, Cecilia. Avicena e la Filosofia Oriental. Revista Pandora8, p. 1-12, 2009
DOS SANTOS, D. Os saberes da medicina medieval. História Revista, v. 18, n. 1, 15 maio 2014.
GAUZ, V.; PINHEIRO, L. V. R. Fluxo da informação entre colecionadores, escribas e cientistas árabes na pré-institucionalização da ciência, séculos iv ao xv. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 2012, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: [s. n.], 2010
GIES, F.; GIES, J. Cathedral, forge, and waterwheel: technology and invention in the Middle Ages. New York: Harper Perennial Ed., 1995.
MANDRESSI, Rafael. Disecciones y anatomía. In: Historia del cuerpo. Taurus, 2005. p. 301-322.
PORTER, Roy; VIGARELLO, Georges. Corpo, saúde e doenças. Corbin, Alain; courtine, Jean-Jacques; Vigarello, Georges (org.). História do Corpo: da renascença às luzes, v. 1, 2008.
REBOLLO, Regina Andrés. A Escola Médica de Pádua: medicina e filosofia no período moderno. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 17, n. 2, p. 307-331, 2010.
SILVA, F. G. P. da. Aflatun: trajetória e características de Platão na filosofia árabe. Revista Kairós, Fortaleza, v. 9, n. 1, p.62-74, jan./jun. 2012. Semestral.

7 comentários:

  1. Olá parabéns aos dois pelo excelente texto. O tema é muito interessante.
    Vocês acreditam que os árabes ao buscarem e disseminarem seu conhecimento a cerca da anatomia e medicina humana podem ter sido osresponsáveis pelo surgimento da cura de doenças?

    Amanda Gabrielly da Silva

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    1. Partindo de uma análise e reflexão pessoal, acredito que ao pensar cura e doença temos duas maneiras: a efetiva cura e doença e as praticas que acreditavam fazer parte da cura. Visando o equilíbrio dos humores, temos os escritos de Hipócrates e Galeno, que segundo a teoria humoral a cura de dá a partir do equilíbrio destes humores, ou seja, a "cura", pela revitalização dos chamados "líquidos vitais" que compõem o corpo. A efetiva cura da doença e nao o tratamento do sintoma, como conhecemos hoje, me atrevo arriscar que só foi possível pela maior noção sobre bacteriologia, vacinas, questoes de higiente, e assim por diante. A ampliação do conhecimento anatomico só foi possível quando passaram a estudar o corpo por dentro, ou seja, quando as dissecações foram permitidas e desmistificadas, porém, mesmo com o aumento do conhecimento médico tido como "certo", ainda temos traços da medicina hipocrática nos dias atuais, envolvo por simpatias e crendices.

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  2. Olá, muito interessante a análise, os árabes salvaguardam o conhecimento da medicina perpassando ao Ocidente. Achei que a temática contribuiu para a discussão da História da Saúde e da Doença.
    Att.:

    Lidiane Álvares Mendes

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    1. Sim! Partimos de uma análise considerando a História das Ciências da Saúde, promovendo paralelamente uma reflexão voltada para o Oriente, e suas contribuições e inflências na perpetuação do conhecimento médico.

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  3. Gabrielle e Guilherme, olá! Achei muito relevante o estudo que vocês fizeram a respeito da medicina. Pesquiso sobre bruxaria e feitiçaria na Europa e na América Colonial e a relação dessas práticas com a historicidade das mesmas, é um ponto importante a ser debatido e estudado a fim de contextualizarmos o tempo ao qual nos propomos a analisar. Com isso, tenho uma pergunta:

    1- Vocês acreditam que a relação das práticas de medicina disseminadas pelos árabes ao Ocidente são reflexo de uma longa tradição, a qual nos remete aos estudos de Platão. Entretanto, qual a relação dessas práticas medicinais, como por exemplo, a utilização de ervas e raízes, na cultura camponesa dos períodos medieval e moderno, as quais tem um viés não apenas de cura, mas também obscuro e ligado à um imaginário religioso das épocas?
    Obrigado.

    Marco Antônio de Souza Figueiredo

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    1. Olá Marco.
      Já desenvolvi uma pesquisa sobre plantas medicinais na América Portuguesa do século XVI e creio que podemos traçar uma linha cronológica para a resposta dessa pergunta, partindo da minha análise pessoal. A medicina hipocrática galenica visa o reequilíbrio dos humores, e a base das práticas médicas se fundamentava na alimentação e procedimentos (como a sangria) para reaver o equilíbrio. A utilização de ervas, raízes, folhas e brotos para equilibrar os humores parte da perspectiva de que estes elementos possuem características quente, seca, fria ou humida, que somado ao sintoma, reaveria o equilíbrio. Estes traços de autores que viveram antes de Cristo, estao presente no recorte que escolhemos para o presente artigo, e podem ser percebidos nas fontes documentais do século XVI que analisei, porém, nao identifiquei ocultismo e misticismo nas fontes do seculo XVI, já que os viajantes, jesuitas e colonizadores europeus teceram seus relatos e construiram o conhecimento sobre os elementos colonias partindo do conhecimento empírico e observação dos nativos americanos. Considerando que o homem sempre buscou recursos na natureza, a flora pode ser vista como uma grande botica, repleta de mezinhas. Sobre a perspectiva e bruxaria e ocultismo presentes no periodo medieval estas caracteristicas podem ser atribuidas a Igreja, e métodos "nao convencionais" de cura, de acordo com o periodo. Porém, ao analisar históricamente, o homem sempre buscou recursos naturais, seja na alimentação, mezinhas, produtos comerciais, etc. segundo Keith Thomas em "O Homem e o mundo natural" a história do homem também pode ser considerada como a história da natureza, e sua relação. O ocultismo também pode ser atribuido a ideia da floresta como um ambiente "sombrio", principalemente no século X, em que os bosques e florestas eram tidos como os lugares que abrigavam as bestas e feras. Neste processo de reconhecer o bosque como um lugar oculto, somado com a necessidade de extrair recursos, podemos atribuir a ideia de bruxaria. Ora, se alguem está tirando e dominando os recursos medicinais da floresta, que é um abiente onde abriga as bestas, feras, obviamente quem domina estes elementos só pode estar envolvido com praticas obscuras!

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  4. Olá Gabrielle e Guilherme, parabéns pelo trabalho!
    Minha pergunta: durante a pesquisa e em contato com a documentação e levando em consideração as diferenças culturais, étnicas e religiosas, foi notória a resistência dos escritos árabes em serem aceitos pelos cristãos ou essa resistência não ocorreu?
    Murilo Moreira de Souza

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