André Brito


HISTÓRIA DOS ASSÍRIOS
André Luiz Brito

A História dos Assírios e seu Império é marcada por conquistas e derrotas, imposição e subjugação. Oriundos da cidade chamada Assur, que beirava o rio Tigre, os assírios foram um povo que conseguiram impor sua influência para além da região mesopotâmica. A história assíria pode ser dividida em três fases distintas: o Antigo Reino Assírio, o Médio Império Assírio e o Império Neo-Assírio, sendo que estas fases se estendem de 2.500 a.C. até 612 a.C.  O Império Assírio é considerado o maior império dentre os impérios mesopotâmicos devido à grande expansão territorial e o desenvolvimento burocrático e militar que foram fundamentais para o crescimento e florescimento da civilização assíria.
É notável a relação da religião e política ao longo da história dos assírios. A religião possuía uma influência tão forte no governo assírio, que o primeiro rei era um alto sacerdote. No início da civilização assíria, os reis eram conhecidos como “reis que viviam em tendas”, o que é leva à conclusão de que o povo assírio era uma comunidade seminômade pastoral. Fato é que, os reis assírios começaram uma tradição de se tornarem militares e procurar sempre a expansão territorial do reino, tradição esta que iria ser notável durante a história do povo assírio.
Os assírios começaram a viver em centros urbanos na cidade de Assur, às margens do rio Tigre. O nome da cidade é em homenagem ao deus também chamado Assur, que era o guardião da cidade e eventualmente na expansão da civilização assíria, viria a ser o deus nacional da Assíria. Segundo a tradição judaico-cristã, Assur era na verdade, neto de Noé e filho de Sem, e havia nascido após o dilúvio. (Gênesis 10. 1-22).
A cidade de Assur tem uma fundação datada no terceiro milênio a.C., entretanto, são raras as fontes de como foi de fato sua formação. Todavia, sabe-se que esta cidade era um importante centro de comércio. As principais fontes desta época são cartas que eram enviadas às colônias comerciais de Assur na região da Anatólia. Uma destas colônias chamada Kârum Kaneš era gerenciada por famílias assírias e passou a prosperar imensamente. Esta colônia foi a principal causa para o início da prosperidade da cidade – estado de Assur que, eventualmente viria a se tornar o reino assírio. Vale ressaltar que além de gerar proventos econômicos para a civilização assíria, a região da Anatólia gerava matérias-primas para a produção de armas de ferro que iriam ser essenciais nas conquistas militares assírias.
Nesta época, Assur era somente uma cidade-estado governada por uma oligarquia das principais famílias que controlavam o comércio da população assíria. O governo era dividido em três fontes de poder; com um governante hereditário da cidade, um conselho de anciões e um governante administrativo, responsável pelas finanças da cidade. Esta organização foi implantada durante o governo de Shamshi-Adad, que durou de 1813 a.C. até 1780 a.C. Shamshi também estabilizou o poder dos assírios na Anatólia, Mesopotâmia e Levante, criando fortificações nas principais colônias comerciais e na própria cidade de Assur. Também foi responsável por repelir os amoritas – povo que havia se estabelecido na Babilônia após a queda do império sumério-acadio – e fazer de Assur a capital de seu reino. Entretanto, após sua morte, seu filho Ishme-Dagan foi derrotado pelo rei babilônico, Hamurabi. O filho de Ishme-Dagan, Mut-Ashkur, reinou como um rei vassalo de Hamurabi.
Em 1750 a.C., Hamurabi faleceu e seu império começou a se fragmentar. Os assírios foram um dos primeiros povos a se rebelaram contra a dominação babilônica. Enquanto a guerra civil arrasava o império babilônico, Adasi se tornou rei da assíria. Ele rapidamente conseguiu estabilizar a região ao redor da cidade de Assur e expandir territorialmente o seu novo reino. Seus sucessores também foram bem-sucedidos em algumas conquistas e na estabilização do novo reino assírio, entretanto, não foram capazes de fazer grandes expansões territoriais. Em 1600 a.C., na região da Anatólia, o Império Mitani estava se expandindo rapidamente. Formando uma aliança com o Império Hitita, o Império Mitani atacou os assírios. Os assírios então, foram forçados a se aliar com os egípcios. Entretanto, esta aliança não foi o bastante para impedir a derrota e saque da cidade de Assur. Embora subjugados pelo Império Mitani, os assírios continuaram com o direito de ter seu próprio soberano, embora este fosse agora apenas um vassalo do rei de Mitani. Em 1380 a.C., o rei Eriba-Adad I ascendeu ao trono assírio. O novo rei assírio conseguiu uma grande estabilização em seu poder e foi capaz de diminuir consideravelmente a influência do Império Mitani na cidade de Assur. Além disso, Eriba-Adad I se envolveu na disputa de sucessão pelo trono do Império Hitita, ao apoiar a reivindicação de Artatama II e seu filho, Shuttarna II. Shuttarna II foi proclamado o novo rei dos hititas e em troca formou uma aliança com os assírios para se opor ao poderoso Império Mitani. Após a queda do Império Mitani, a Assíria passou a ser o grande centro de influência na região mesopotâmica, iniciando assim, a fase do Médio Império Assírio.
No decorrer desta fase, os assírios eventualmente subjugaram os hititas, hurritas e até mesmo conseguiram conquistar a cidade de Babilônia. Adad-Nirari I se tornou rei em 1307 a.C., e é de fato o primeiro rei assírio no qual existem documentos concretos de sua época. Isso se dá ao fato de que o próprio Adad-Nirari I fez inscrições de suas conquistas e feitos. Em seu reinado, o poder assírio se tornou estável e poderoso, como Will Durant explica em seu livro, “Our Oriental Heritage”:
“(...). Deve-se conceder à Assíria a distinção de estabelecer, na Asia Ocidental, uma grande área de ordem e prosperidade que, talvez, nunca houvesse sido presenciada naquela região. ” (Durant,1954, p. 270)
Além disso, Adad-Nirari I foi quem conquistou completamente o Império Mitani, escravizando e espalhando a população mitani por seu império assírio. O neto de Adad-Nirari, Tuculti-Ninurta I, foi responsável pela destruição e subjugação do Império Hitita. Embora fosse um rei interessado na poesia e na preservação da história e cultura de seu povo, Tuculti-Ninurta foi um exímio rei militar, que não poupava crueldade na supressão de revoltas; como a historiadora Gwendolyn Leick nos descreve em seu livro, “The A to Z of Mesopotamia”:
“(...). Foi um dos maiores e mais famosos reis-soldados assírio que manteve uma campanha incessante para estabilizar as possessões e influência da Assíria. Ele reagia com uma crueldade espetacular a qualquer sinal de revolta. ” (Leick, 2010, p.171)
Em seu reinado, os babilônicos atacaram e fizeram incursões em território assírio. Em represália, Tuculti-Ninurta marchou até a cidade da Babilônia, saqueou a cidade e escravizou sua população. No saque da cidade, Tuculti-Ninurta profanou todos os templos da cidade, o que acabou por repercutir negativamente em sua corte; já que assírios e babilônicos possuíam basicamente os mesmos deuses. A repercussão foi tão grave, que Tuculti-Ninurta foi assassinado por seus oficiais e seu filho, Assurnadinapli. Vale ressaltar o reinado de Tiglate-Pileser I, que reinou de 1115 a.C. até 1076 a.C. Em seu reinado não houveram expansões militares, entretanto, houveram grandes projetos de construção e reformas legais, principalmente na cidade de Assur, onde foram feitos; um novo palácio real, uma biblioteca com diversos temas acadêmicos e um novo sistema de decretos que passaram a ser chamados de Leis da Média Assíria. (Leick, 2010, p.171).
Tiglate-Pileser também foi capaz de revitalizar a economia que sofria com o colapso da Idade do Bronze, além de apoiar as artes e literatura e preservar o sistema de escrita cuneiforme que viriam a servir de modelo para a eventual construção da biblioteca de Ninive. Após sua morte, seus filhos continuaram sua política de revitalização do Médio Império Assírio, entretanto, uma guerra civil eclodiu e embora seu filho Ashur-bel-kala saiu vitorioso, grandes porções territoriais do império se separaram, aproveitando o momento de fraqueza dos assírios. Além disso, ameaças externas e novas rebeliões esfacelaram o Médio Império Assírio.
Guerras e rebeliões constantes começaram a moldar o exército assírio em uma máquina eficiente de guerra. Além disso, o exército passou a ser mais organizado e profissional, se tornando o primeiro exército profissional da história mundial. Fora o fato de ser um exército extremamente eficiente e profissional, o exército assírio era temido; pois aos inimigos derrotados, eram impostas crueldades severas como torturas e empalação.
Os novos reis assírios que surgiam eram temidos, poderosos e hábeis comandantes militares. A cada novo reinado, a Assíria conquistava novos territórios e consolidava cada vez mais seu crescente poder. Esta nova fase de conquistas e crescimento, denominada de Império Neo-Assírio, se deu à qualidade do exército assírio e o poder de seus governantes. Em sua máxima extensão, o Império Neo-Assírio dominava as regiões da Anatólia, Mesopotâmia, Levante e o Vale do Nilo.
Esta fase é caracterizada pela implacabilidade e crueldade do governo assírio para com os povos subjugados. No livro de Paul Kriwaczek, “Babylon and the Birth of Civilization”, podemos ter a noção da reputação dos assírios dentre as outras civilizações:
“(...) A Babilônia pode ser um sinônimo de corrupção, decadência e pecado, mas a Assíria e seus famosos governantes, com nomes aterrorizantes como; Salmanaser V, Tiglate-Pileser III, Senaqueribe, Assaradão e Assurbanipal, estão na imaginação popular, somente abaixo de Hitler e Gengis Khan, no que se diz de crueldade, violência e pura selvageria assassina. ” (Kriwaczek, 2010, p.208)
De fato, os assírios eram implacáveis aos povos que haviam se oposto ao seu poder. Entretanto, diferentemente dos nazistas, os assírios respeitavam as outras culturas conquistadas e não possuíam um senso de “raça superior”. Quanto à questão da selvageria assíria na guerra, Kriwaczek nos aponta que “na verdade, o modo de guerrear assírio não era mais selvagem do que os seus contemporâneos” (Kriwaczek, 2010, p.209). A grande expansão dos assírios nesse novo período se dá ao fato das inovações militares, principalmente na questão do cerco às cidades fortemente fortificadas. Foram os assírios que criaram o primeiro corpo de engenheiros sapadores.
O primeiro rei assírio do período neo-assírio foi Adad-Nirari II, que reinou de 912 a.C. até 891 a.C. Seu reinado é considerado o renascimento da civilização assíria e foi durante seu governo que a Assíria recuperou territórios que foram perdidos há tempos atrás. Adad-Nirari II reconquistou a cidade da Babilônia e, aprendendo do passado, não saqueou a cidade. Os seus sucessores também continuaram com a política expansionista, onde podemos ressaltar Tuculti-Ninurta II, que expandiu o império ao norte, na região da Anatólia e Assurbanipal II que consolidou seu governo na região do Levante e expandiu seu território até a região de Canaã.
Avanços médicos, arquitetônicos e acadêmicos também foram importantíssimos nesse período. No reinado de Assurbanipal II, foram feitas catalogações da fauna e flora do império. Também foram construídas escolas públicas, entretanto, somente os filhos de nobres poderiam ter acesso ao estudo. Foi nesse período também que o deus assírio, Assur, foi fortemente difundindo em todo o Império. Isto acabou por implementar uma espécie de monoteísmo, uma vez que a crença dos povos subjugados acabava por ser absorvida na crença por Assur, que passou a ser visto como deus único e supremo.
Em 745 a.C, Tiglate-Pileser III ascendeu ao trono. Ele reformou o exército assírio e também passou uma série de reformas burocráticas. Suas reformas foram essenciais na conquista e administração de novos territórios. Em seu reinado, o exército assírio se tornou a melhor força militar já vista até então. Já o reinado de Senaqueribe, de 705 a.C até 681 a.C, podemos ressaltar a conquista de Israel, Judá e algumas províncias gregas na Anatólia. Existem escritos cuneiformes que falam sobre o saque de Jerusalém sob a ordem de Senaqueribe, embora a versão da bíblia, afirma que Jerusalém nunca foi saqueada e foi salva por intervenção divina. Fato é, que as vitórias militares de Senaqueribe enriqueceram o Império Assírio e ele ordenou a construção de um novo palácio real em sua nova capital, Nínive. A grande ironia do reinado de Senaqueribe talvez seja que, o rei era um entusiasta da história; e ignorou as consequências históricas de saquear templos em uma cidade subjugada. Em seu governo, houve uma revolta na cidade de Babilônia. Senaqueribe marchou com seu exército, saqueou a cidade e seus templos e eventualmente foi assassinado por seus filhos em represália.
Assaradão, filho de Senaqueribe, subiu ao trono em 681 a.C. O primeiro decreto de seu reinado foi ordenar a reconstrução da Babilônia e seus templos. Em seu governo, ele conquistou o Egito e o Império floresceu. Houveram avanços na medicina, literatura, matemática, astronomia, arquitetura e artes. A mãe de Assaradão, Zakutu, possuía uma grande influência dentro da corte. Foi devido aos seus esforços que a sucessão de Assaradão para Assurbanipal foi estável e sem imprevistos. Zakutu era considerada como rainha e é muito clara a sua grande influência na criação e aclamação dos dois mais importantes reis da Assíria.
Assurbanipal é conhecido como o mais importante rei assírio. Seu reinado se estendeu de 668 a.C até 627 a.C. Existem diversos escritos sobre Assurbanipal e seu governo, principalmente devido ao fato do grande entusiasmo do rei em obras de literatura. Foi Assurbanipal que ordenou a construção da biblioteca de Nínive, que continha diversos textos antigos de diversas partes do Império Assírio. Dentre esses textos, pode-se ressaltar a Epopeia de Gilgamesh e o Enuma Elish, o mito da criação babilônico.
Embora um grande entusiasta da literatura, Assurbanipal era cruel e implacável com aqueles que se opunham a ele. Seu governo é marcado pela eficiência administrativa e militar. Entretanto, Assurbanipal seria o último grande rei assírio. Após a sua morte, em 627 a.C., os seus sucessores não conseguiram governar decentemente todo o território que havia sido conquistado ao longo dos anos. Embora houvesse muita estabilidade e avanços tecnológicos sob o governo dos assírios, havia a reputação terrível de crueldade e selvageria que os assírios haviam disseminado com suas torturas. Os povos conquistados começaram a se rebelar e conseguirem sua independência.
Em 612 a.C., Nínive foi saqueada por uma coalizão de babilônios, persas, medos e citas, dentre outros povos. No saque da cidade, a sua biblioteca foi destruída e no processo, diversas obras antigas foram perdidas. Assur também foi saqueada. Ambas as cidades foram incendiadas e permaneceram perdidas pelos próximos 2.000 anos. O Império Neo-Assírio havia sido destruído.
Os assírios não voltariam a governar em nenhum lugar. Mas o seu legado ainda é notável em algumas áreas. Foram os assírios que influenciaram e disseminaram o aramaico na região da Mesopotâmia, e deve-se o crédito à essa civilização pela preservação da língua aramaica. Avanços tecnológicos e militares dos assírios também foram explorados e estudados pelas civilizações seguintes como os partas e os sassânidas. E deve-se também crédito ao esforço e entusiasmo literário do rei assírio Assurbanipal, que preservou obras importantíssimas sobre aquele período, obras que ainda podem e são estudadas no mundo contemporâneo.
Embora a civilização assíria não exista mais como identidade nacional, os feitos daquela população ainda estão muito presentes no mundo atual.
Referências
André Luiz Brito Silva Ferreira é Graduando em História pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ

Durant, W. Our Oriental Heritage. Simon & Schuster, 1954.

Kriwaczek, P. Babylon: Mesopotamia and the Birth of Civilization. Thomas Dunne Books, 2010.

Leick, G. The A to Z of Mesopotamia. Scarecrow Press, 2010.
Westbrook, R. A History of Ancient Near Eastern Law. Brill, 2003.

30 comentários:

  1. Muito bom o trabalho. Em suas pesquisas o que foi encontrado sobre a produção artística dessa civilização
    José Vando Moreira da Silva

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    1. Boa noite, Vando!
      Foi somente no Império Neo-Assírio que temos relatos da arte assíria genuína, antes disso a produção artística dos assírios era baseada em outras civilizações. Vale ressaltar a arquitetura assíria presente na construção de palácios e fortificações militares.
      Assurbanípal II construiu o palácio de Nimrod que possuía diversas esculturas de marfim e seus aposentos eram decorados com relevos. Senaqueribe que ordenou a construção de Nínive como uma nova capital, fez questão de construir um palácio "sem rival" que possuía diversos relevos contando a história dos assírios assim como sua mitologia. Usarei um dos livros que usei como base de estudo (mas não como referência primordial) para melhor situar a magnitude deste palácio. O livro é Ancient Civilizations de Christopher Scarre.
      "O palácio de Senaqueribe tinha todos os apetrechos usuais de uma importante residência assíria: figuras colossais da guarda e relevos de pedra impressionantemente esculpidos (mais de 2.000 lajes esculpidas em 71 quartos). Seus jardins também eram excepcionais. Uma pesquisa recente da assírióloga britânica Stephanie Dalley sugeriu que estes eram os famosos Jardins Suspensos, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Escritores posteriores colocaram os Jardins Suspensos na Babilônia, mas uma extensa pesquisa não conseguiu encontrar nenhum vestígio deles. O relato orgulhoso de Senaqueribe sobre os jardins do palácio que ele criou em Nínive se encaixa no dos Jardins Suspensos em vários detalhes significativos." (Scarre, 2007, p.231)
      Realmente, a construção de palácios e fortalezas militares e o modo como eram decoradas, sempre com luxo excessivo, é um dos maiores destaques que pude perceber da produção artística assíria.
      Obrigado pelos elogios e espero ter ajudado.

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  2. Boa tarde! Parabéns pelo texto. Pode-se considerar que a expansão assíria possuía algum caráter religioso ou era puramente territorialista?


    Ana Paula Sanvido Lara

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    1. Boa noite Ana!
      A expansão assíria era de caráter territorialista e que visava obter fins econômicos e políticos. Com novos territórios, os assírios aumentavam significantemente suas riquezas e mão de obra escrava, assim como conseguiam impor sua influência na região do Oriente Médio. A religião assíria era muito parecida com a religião babilônica e suméria, existindo assim uma tolerância com as religiões das civilizações vizinhas.
      Obrigado pelos elogios e espero ter ajudado.

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  3. Boa noite! Seu texto ficou muito bom. Torna-se interessante como você construiu todo o percurso da história dos assírios, desde a formação até a queda. Parabéns.
    Em relação a crueldade que os assírios praticavam com os povos que dominavam, seria uma forma de manter o controle e também de evitar novas revoltas, já que geraria um sentimento de medo nos demais povos subjugados?

    José Raimundo Neto.

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    1. Boa noite, José!
      Sem dúvida. Os assírios eram cruéis pois confiavam que o terror e a crueldade iriam manter os povos subjugados sob controle e submissos. Embora os assírios se destacassem no quesito de crueldade, não eram os únicos que praticavam a tortura e selvageria sob um inimigo derrotado. Como Kriwaczek nos aponta em seu livro Babylon: Mesopotamia and the Birth of Civilization; "o modo de guerrear assírio não era mais selvagem do que os seus contemporâneos” (Kriwaczek, 2010, p.209). A crueldade funcionou para os assírios enquanto eles mantinham um poder absoluto na região. Assim que o Império Neo-Assírio começou a se esfacelar, os povos subjugados começaram a se rebelar, e um dos fatores mais determinantes para o ódio que estes povos nutriam contra os assírios era justamente a tortura e crueldade excessiva.
      Obrigado pelos elogios e espero ter ajudado.

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  4. Algo bem interessante no seu texto foi ter mostrado que os assírios não eram um povo unicamente voltados para a guerra, como vemos em muitos livros didáticos, pois eles desenvolveram diversas áreas do conhecimento, como podemos ver no acervo da biblioteca de Nínive.
    Como você encherga a abordagem do Império Assírio nos livros didáticos do ensino fundamental e médio?

    José Raimundo Neto.

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    1. Boa noite, José!
      A abordagem do Império Assírio nos livros didáticos não é uma das mais relevantes. Quando se fala sobre Mesopotâmia no ensino fundamental e médio, se fala de uma maneira limitada e superficial, apresentando somente a região como berço da civilização e já começando a abordar a civilização egípcia.
      Sendo assim, não é abordado quase 1/3 do que ocorreu no período de florescimento das civilizações mesopotâmicas. Realmente, não só os assírios, mas as civilizações mesopotâmicas como um todo, são infelizmente muito mal abordadas.
      Espero ter ajudado e obrigado pelo elogio!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  5. Olá! Seu estudo sobre os assírios é interessantíssimo. Você acredita que toda a expansão assíria e suas conquistas territorialista deveriam ser melhor estudada pelos alunos da Educação Básica?

    Amanda Gabrielly da Silva

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    1. Boa noite, Amanda!
      Acredito que a história e expansão assíria poderiam sim ser melhor estudadas pelos alunos. Mas acho essencial apontar os legados da civilização assíria para o nosso mundo atual e como as civilizações mesopotâmicas ainda continuam a influenciar o nosso acesso à pesquisas e relatos históricos. Os assírios foram responsáveis por dar primeiros passos rumo a unificação cultural do Oriente Médio, que facilitou a expansão do Helenismo, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Devido à isso, é uma civilização que deveria ser melhor estudada.
      Espero ter ajudado e obrigado pelos elogios!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  6. Bom dia! Para além da expansão territorial por meio de guerras, você obteve alguma informação a respeito das relações que os assírios mantinham com outros povos, principalmente os egípcios, ao longo do tempo? Ou a política externa dos assírios era basicamente a submissão dos outros povos?

    Eduardo Sodré Farias

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    1. Boa noite, Eduardo!
      Bem, os assírios eram governados por comandantes militares que visavam a expansão territorial, portanto é compreensível que sua política externa seja quase que o expansionismo. A guerra movimentava a economia assíria. Mas isso não significava que eles não mantinham relações diplomáticas em certos períodos com certas civilizações. Assírios e egípcios foram aliados contra os Hititas e Hurritas. Durante o estudo, ficou claro que os egípcios nunca lutaram ao lado dos assírios durante esta aliança, mas os apoiavam financeiramente. Nesta guerra os assírios foram derrotados e ficaram submetidos ao Império Mitani, formado pelos hurritas. Eventualmente nós podemos observar como os hurritas que governavam o Império Mitani foram derrotados pelos hititas e como os assírios foram um dos primeiros povos a se aliar aos novos governantes, o que aumentou consideravelmente a posição assíria dentro da corte do Império Mitani. Eventualmente os hititas entraram em conflito interno pela sucessão do trono e os assírios souberam apoiar o candidato certo e tirar vantagem disto.
      O que realmente pude perceber era como as relações entre os povos desta região, neste período, eram inconstantes. As alianças eram mais por necessidades pontuais do que interesse mútuo em manter e preservar a paz.
      Espero ter ajudado.

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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    2. Muito obrigado pela resposta e parabéns pela pesquisa!

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  7. Os Assírios sempre preservaram a cultura e percebo que apesar da cultura rica e da preservação dos artefatos quase não se falam no cotidiano deles. Já foram encontrados fontes de informação sobre o cotidiano feminino desse povo, sempre encontro informações sobre os reis e guerreiros mas nunca encontro nada sobre rainhas, Exeto Samíramis que possívelmente é uma Lenda. É de seu conhecimento uma fonte confiavel sobre o tema?

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    1. Boa noite, Claudine!
      Confesso que em minhas pesquisas não pude achar a fundo nenhuma fonte que apontasse o cotidiano feminino do povo assírio. A grande maioria dos livros, estudos e teses no qual tive acesso lidava somente com os reis e grandes guerreiros deste povo. O que posso lhe apontar é o livro The Role of Naqia / Zakutu in Sargonid Politics, de Sarah Melville, 1994; que conta a influência da rainha Zakutu dentro da corte assíria e como ela foi capaz de assegurar o reinado de Assaradão e Assurbanipal que são dois dos maiores reis assírios. Outro livro que também posso indicar é A History of Ancient Near Eastern Law de Raymond Westbrook que nos explica as diversas leis dos povos mesopotâmicos, incluindo os assírios. Infelizmente ambos os livros não possuem tradução para o português e só tive acesso à versão em inglês.
      Espero ter ajudado!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  8. Boa noite, Muito bacana o trabalho e realmente é um tema pertinente. Na sua opinião, como fazer para o aluno do médio ou fundamental posse de alguma maneira se conectar a esse período a a uma cultura distinta? Marlon Barcelos Ferreira

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    1. Boa noite, Marlon!
      Bem, por mais que os assírios aparentem ser uma cultura distante, existem diversas influências desta civilização ainda nos dias de hoje. Desde fechaduras e chaves que foram utilizadas pela primeira vez na Assíria, temos o modo de administração imperial, na qual as províncias eram dividas em administrações locais que se reportavam a uma autoridade central, no caso, o rei Assírio. Também foram os assírios que utilizaram o primeiro sistema postal, foram os primeiros a utilizar o ferro para o meio bélico e civil, dentre tantos outros exemplos. O legado inestimável que os assírios nos deixaram, no entanto, foram as bibliotecas que reuniram diversas obras mesopotâmicas que ainda temos acesso até nos dias de hoje. Registros oficiais, mitos de criação, estórias e fatos que aconteceram em diversas civilizações mesopotâmicas foram reunidos na biblioteca de Nínive e ainda resistem até hoje, nos permitindo estudar e pesquisar sobre estes povos. E isto se dá graças aos assírios. Acredito que é por meio destes fatos que a memória assíria ainda está tão viva e tão conectada com nosso mundo atual.
      Espero ter ajudado e obrigado pelos elogios!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  9. Caro André, PARABÉNS pelo trabalho!!
    Me interesso muito por esta parte religiosa, existe algum tipo de material ou possui informações sobre as divindades e fomas de culto?
    Obrigado, Sucesso!!

    Jônatas Fernandes Pereira

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    1. Boa noite, Jõnatas!
      Bem, o culto dos assírios era o Assurismo. Era uma religião politeísta, que acreditava em deuses com formas antropomórficas. Os assírios acreditavam que os deuses influenciavam e dominavam o universo. O deus supremo dos assírios era Assur. Um livro muito interessante para se obter informações é o Babylon: Mesopotamia and the Birth of Civilization, de Paul Kriwaczek, que nos informa a fundo sobre como a religião assíria foi influenciada por religiões mesopotâmicas e como a crença assíria foi importante para as religiões abraâmicas. Inclusive, é na Assíria que a história do dilúvio universal se originou quase dois mil anos antes do velho testamento ser escrito.
      Espero ter ajudado e obrigado pelos elogios!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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    2. Oi André!
      Obrigado pela informações e prestatividade! Foi de grande valia!
      Sucesso em tudo!

      Jônatas Fernandes Pereira

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  10. MAROS JOSÉ SOARES DE SOUSA8 de agosto de 2019 às 17:41

    Boa tarde, A religião assíria sofreu influencias dos povos dominados ?? ou a mesma se sobrepôs aos outros ?? Marcos

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    1. Boa noite, Marcos!
      Bem, a religião assíria sofreu influências quando o povo assírio era submisso, assim como foi uma religião que impôs quando os assírios eram dominadores. Os relatos que temos hoje é que os assírios eram crentes no Assurismo. O Assurismo era uma religião politeísta, na qual os deuses possuíam aparência antropomórfica. Por mais que fosse uma crença própria dos assírios, a semelhança que esta religião possui com as outras crenças mesopotâmicas, especialmente a babilônica, é muito interessante. Ambas as religiões acreditavam em deuses que eram representados pelo Sol e pela Lua, acreditavam que os rios eram influenciados pela vontade divina e que o universo era controlado pelos deuses. Com a dominação assíria na região, o deus supremo, Assur, é visto como divindade nacional do Império, mas os assírios não impediam os povos subjugados de acreditar em suas próprias crenças, embora houve os povos subjugados assemelhassem suas crenças com o Assurismo.
      Espero ter ajudado!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  11. Boa noite, primeiramente parabéns pelo trabalho.
    As civilizações mesopotâmicas sempre foi um assunto que agradou bastante, porem sempre pesquisei mais sobre a parte da economia desses povos, vendo sua evolução na agricultura e no comercio, achei interessante aprender um pouco mais de outras áreas também. Minha pergunta não seria tanto sobre o tema do trabalho pois ele ficou bem claro da maneira que escreveu, minha questão é mais pessoal, gostaria de saber por que da sua preferencia aos assirios em vez de algum outro povo mesopotâmico?
    Junior Henrique Ott

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    1. Boa noite, Junior!
      Bem, escolhi falar dos assírios pelo motivo de ser o único império mesopotâmico que se estendeu além da própria Mesopotâmia. Sempre gostei de ler sobre as conquistas militares de diversas civilizações da antiguidade, como eram as estratégias usadas, a formação dos exércitos, dentre outros. Os assírios realmente possuem a reputação de ser o grande povo guerreiro da Mesopotâmia. Geralmente, quando falamos sobre Mesopotâmia, nos vem à mente babilônicos e sumérios, sendo que os assírios que foram tão importantes acabam ficando em segundo plano. E por fim, é graças ao esforço dos reis assírios de preservação da literatura e artes que temos clássicos como a Epopeia de Gilgamesh e o Mito da Criação da Babilônia ainda disponíveis no dia de hoje. Estes foram os fatores determinantes em minha escolha de escrita sobre esta população.
      Obrigado pelos elogios e espero ter ajudado.

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  12. Olá venho por meio deste parabenizar sua escrita, foi muito claro e objetivo me tirou algumas duvidas que tinha a respeito do tema. Trabalho com educação e gostaria de pedi uma dica a respeito de como introduzi de forma dinâmica/visual para o público infantil. Acho de extrema importância o conhecimento histórico. Desde já agradeço.

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    1. Boa noite, Pâmela!
      Acredito que a produção artística dos assírios, neste caso, seria muito interessante. Os assírios são renomados por serem hábeis arquitetos, que não poupavam luxo na hora de construir seus palácios e fortalezas. Além disso, as gravuras entalhadas nas paredes dos palácios são fabulosas e representam bastante a cultura e religião assíria. Vale ressaltar ainda os móveis que eram fabricados pelos assírios no qual ficava claro a habilidade que os artesãos assírios possuíam. O livro Our Oriental Heritage, de Will Durant, nos mostra um pouco desta habilidade:
      " No campo da arte, a Assíria igualou seu preceptor Babilônia e, em baixo-relevo, superou-a. Estimulados pelo influxo de riqueza em Ashur, Kalakh e Nínive, artistas e artesãos começaram a produzir - para nobres e suas damas, para reis e palácios, para sacerdotes e templos - jóias de toda espécie, metal fundido tão habilmente projetado e finamente forjado como nos grandes portões de Balawat, e móveis luxuosos de madeiras ricamente esculpidas e caras, reforçadas com metal e incrustadas com ouro, prata, bronze ou pedras preciosas." (Durant, 1954, p.278).
      Sendo assim, realmente acredito que o trabalho artístico dos assírios possa atiçar a curiosidade para um público infantil.
      Espero ter ajudo e obrigado pelos elogios!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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  13. Olá André! Em seu texto, é citada a influência da mãe de Assaradão, a rainha Zakutu, dentro da corte. Como ela exercia essa influência e até onde ela podia intervir em questões políticas?
    Julia Machado Marangon

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    1. Boa noite, Julia!
      Bem, Zakutu foi fundamental na criação de Assaradão e Assurbanipal. Ela exercia a sua influência escrevendo cartas, recebendo dignatários e exercendo ordens para os vassalos de seu filho, fazendo isto mesmo não sendo uma mulher assíria (Zakutu era de origem acádia). Existe até relatos de que Zakutu era temida por oficiais da corte. E deve-se crédito a ela por conseguir elaborar o Tratado de Lealdade Naqia-Zakutu, tratado este que garantia a lealdade da corte e da nação no reconhecimento da legitimidade de Assurbanipal ao trono assírio. Parte deste tratado está disponível no livro The Ancient Orient, do historiador Wolfram von Soden e diz o seguinte:
      " Qualquer um que esteja neste tratado que a Rainha Zakutu tenha concluído com toda a nação a respeito de seu neto favorito Assurbanipal não se revoltará contra seu senhor Assurbanipal, rei da Assíria, ou em seus corações conceberá e colocará em palavras um esquema feio ou uma conspiração maligna contra o seu Senhor Assurbanipal, ou complô com outro pelo assassinato de seu senhor Assurbanipal, rei da Assíria. Que Ashur, Sin, Shamash e Ishtar testemunhem e amaldiçoem os infratores deste tratado." (Von Soden, 1994, p. 69).
      Fica claro então que a influência de Zakutu era muito presente na corte assíria. Outro livro que fala mais a fundo desta poderosa mulher é The Role of Naqia / Zakutu in Sargonid Politics de Sarah Melville de 1999, embora só consegui encontrar o livro em inglês.
      Espero ter ajudado!

      André Luiz Brito Silva Ferreira

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