Jeferson Costalonga


GUILHERME DE TIRO: UM HISTORIADOR CRISTÃO NO ORIENTE FRANCO
Jeferson Dalfior Costalonga

Nesse presente ensaio, buscaremos discorrer, brevemente, acerca da vida e obra de um dos maiores historiadores da Idade Média e principal cronista cristão dos eventos que ocorreram no Oriente durante o período das cruzadas, o arcebispo Guilherme de Tiro.
Clérigo e chanceler
Pouco se sabe sobre os primeiros anos de vida de Guilherme de Tiro; os dados que obtivemos foram através de renomados historiadores que o citam em seus respectivos trabalhos e de informações pessoais fornecidas pelo próprio Arcebispo no decorrer de sua narrativa, como cargos por ele exercidos e as motivações que o levaram a escrever suas crônicas referentes às cruzadas. Mesmo com poucas referências disponíveis, é possível traçar uma breve biografia de nosso cronista.
Guilherme de Tiro nasceu em Jerusalém, por volta do ano 1130; começou a ser educado na escola do Santo Sepulcro (MAYER, 2013), instituição que visava instruir jovens que pretendiam seguir carreira eclesiástica. Presume-se que na adolescência Guilherme já havia aprendido o idioma árabe e grego, além do latim (RUNCIMAN, 2003). Prestes a completar dezesseis anos de idade viajou para a Europa com intuito de prosseguir com seus estudos. Em Orleans cursou Artes Liberais; em Paris aprofundou-se nos aprendizados teológicos. Fora, então, para Bolonha, à época um renomado centro de estudos jurídicos, onde recebeu instrução em Direito (BURGOA, 2015, P. 26).
Devido ao longo período que permaneceu em solo europeu, cerca de quinze anos, é possível que nessa época, precocemente, já havia começado a exercer funções sacerdotais em alguma das cidades em que estivera, pois assim que regressa ao Oriente, por volta de 1160, torna-se cônego em Acre e arcediago de Tiro. Sua formação intelectual o credenciaria para ascender na hierarquia da Igreja e também ocupar cargos na administração do Estado; em 1170 fora nomeado chanceler do Reino de Jerusalém pelo rei Amalrico, função que exerceu até 1174. Outra incumbência delegada ao clérigo foi cuidar da educação do filho do monarca; Guilherme se tornou tutor da criança que mais tarde se tornaria Balduíno IV, o Rei Leproso. Foi nosso cronista, inclusive, a descobrir que o príncipe havia contraído lepra, uma das doenças mais temidas na Idade Média. Em 1175, Guilherme tornou-se arcebispo de Tiro.
Dentre os trabalhos diplomáticos, sabe-se que, em 1168, Amalrico enviou uma embaixada liderada por Guilherme de Tiro à Constantinopla com a finalidade de solicitar o apoio do Imperador Manuel Comneno, para uma ação conjunta contra o Egito. Foi recebido com cortesia e firmou um acordo com Manuel no qual estabeleceram as divisões de uma eventual conquista; entretanto, quando Guilherme regressou a Jerusalém Amalrico já havia levado seu exército em direção ao Cairo, antes mesmo de saber a resposta do Imperador (RUNCIMAN, 2003). Durante o reinado de Balduíno IV, Guilherme representou Jerusalém no Terceiro Concílio de Latrão, em Roma, e, ao regressar desta assembléia, liderou uma embaixada enviada pelo imperador bizantino Manuel Comneno, na qual Constantinopla pretendia estreitar relações com Antioquia (RUNCIMAN, 2003).
O historiador
Guilherme de Tiro se apresenta como historiador; este é o tratamento que recebe de autores que o mencionam em trabalhos acerca das cruzadas. Nota-se que os cargos de arcebispo e chanceler se restringiam para as questões do Estado ou da Igreja, na construção de sua narrativa assume, com efeito, a função de historiador. Em seus escritos mostra uma excessiva preocupação com o que supunha ser a verdade e que essa, na concepção deste cronista, deve ser inerente ao trabalho de um historiador; Guilherme (2015. Tradução nossa) acreditava que “deixar de lado a verdade dos fatos e ocultar algo intencionalmente, é atuar contra seu próprio ofício. Afastar-se do ofício é, sem dúvida, algo culpável”.
Já no século XII apresentou uma perspectiva que consideramos bastante plausível na atualidade: considerava parte do ofício de um historiador entender cada indivíduo de acordo com os costumes de suas respectivas nações (GUILHERME DE TIRO, 2015). O arcebispo de Tiro (2015) condena historiadores que escrevem apenas com o intuito de agradar o leitor, bem como os que mesclam veracidade e ficção na elaboração de textos. O abuso de elementos literários nas narrativas, conforme concepção deste cronista, apenas induz o leitor ao ócio e ludibria as futuras gerações de leitores.
Para Guilherme de Tiro, um historiador no exercício de suas atividades pode despertar os mais variados sentimentos, principalmente quando o leitor se identifica com o objeto de estudo do escritor. Nessa circunstância, surgem duas opções para o autor: escrever de forma verídica, de acordo com o que seja sua compreensão da verdade, ou escrever de forma com que os fatos se apresentem agradáveis, tanto para quem o lê, como para aqueles que têm suas histórias narradas. De acordo com o cronista e dentro do contexto em que sua narrativa fora construída, a verdade e a agradabilidade são inconciliáveis.
Os dilemas mencionados pelo autor possivelmente foram originados por causa de sua proximidade com a corte, como exigia sua incumbência de chanceler. Guilherme de Tiro (2015. Tradução nossa) menciona que inseriu em seus escritos “muitas coisas acerca da vida e costumes dos reis [...], tanto o recomendável como o oculto”. A forma como esse cronista escreve sugere que, possivelmente, sofreu retaliações por parte da elite ierosomilitana, ordens militares e dos reis latinos de Jerusalém. Em suas narrativas faz críticas ao comportamento de seus correligionários, bem como enaltece atitudes de líderes maometanos.
Em certa ocasião, conforme mencionou Runciman (2003), elogiou a piedade do líder muçulmano Nured-Din, por este não responder a uma agressão praticada contra peregrinos islâmicos; observou, ainda, que quando o rei de Jerusalém, Balduíno III, morreu, em 1162, uma multidão de muçulmanos se juntou aos súditos cristãos e juntos choraram durante o cortejo fúnebre (MONTEFIORI, 2013). Guilherme escreve de forma negativa aos Templários; acusa-os de serem demasiadamente ambiciosos, arrogantes e de constantemente se posicionarem contra acordos de paz, quando estes são contrários a seus interesses pessoais (READ, 2001).
No início do movimento cruzadista até a tomada de Jerusalém, os cristãos tinham o hábito de destruir todos os livros e manuscritos muçulmanos encontrados, pois consideravam diabólicos os caracteres árabes (MICHAUD, 1956). O próprio Guilherme de Tiro (2015) menciona que, além dos fatos que pôde presenciar e dos relatos obtidos junto aos primeiros cruzados, fez uso de manuscritos árabes para construir sua narrativa. Kostick (2010) ressalta que Guilherme de Tiro “teve acesso a uma tradição oral relativa à cidade de Jerusalém e era extremamente cuidadoso no uso das fontes escritas”.
Parte do material utilizado por Guilherme pertenceu a outro notável cronista, o muçulmano Usama Ibn Munqidh. Em 1156 Usama prestava seus serviços para a corte fatimida do Cairo, onde proliferavam intrigas políticas entre califas e vizires, muitas fomentadas pelo próprio Usama Ibn Munqid (MAALOUF, 1989). Em uma dessas contendas se viu obrigado a deixar o Cairo. Abrigou em uma embarcação sua família e parte das riquezas que acumulara até então, dentre essas estava sua estimada biblioteca particular; Damasco era o destino. O navio foi atacado e capturado. A família de Usama se salvou, mas seus pertences foram tomados pelos cruzados. Anos após este incidente, escreveu que o fato de sua família ter se salvado compensou todos os pertences perdidos; no entanto, demonstrou grande consternação ao mencionar sobre seus livros. Usama Munqidh (2008) diz que a perda de seus quatro mil preciosos volumes foi uma tristeza que levou consigo até o fim da vida. A biblioteca de Usama fora confiscada por Amalrico, que a destinou para Guilherme de Tiro  (MONTEFIORI, 2013).
A obra
Originalmente escrita com o título de “Historia rerum in partibus transmarinis gestarum”, em tradução livre algo como “História dos eventos ocorridos no Ultramar”, foi redigida entre 1170 e 1184 e narra, principalmente, o início da Primeira Cruzada até o reinado de Balduíno IV. Runciman (2003) a classifica como “tremenda e importante fonte”. Régine Pernoud (1993) considera ser essa a principal crônica que abarca o período das cruzadas.
Poucas obras na história se tornaram tão indispensáveis para a compreensão de determinado tema como fora “Historia rerum in partibus transmarinis gestarum” para análises acerca das cruzadas. Este trabalho se faz presente na bibliografia de qualquer livro que se propõe abordar o referido assunto; invariavelmente, a obra do cronista Guilherme de Tiro, descrito por Steven Runciman (2003) como o maior dos historiadores cruzados e “um dos maiores historiadores medievais”, estará citada. E mais. Em diversas ocasiões o autor se torna ator da própria história que narra.
Nota-se algumas diferenças entre o Arcebispo de Tiro e outros cronistas das cruzadas. Os textos de Guilherme apresentam a perspectiva de um indivíduo nascido no Oriente e inserido na cultura daquela região, ao passo que os demais autores cristãos eram sujeitos nascidos no Ocidente e se dirigiam à Síria e Palestina como integrantes dos séquitos de nobres senhores europeus e, em muitos casos, buscavam enaltecer estes senhores em seus escritos.
Guilherme de Tiro (2015) diz que, em princípio, não pretendia escrever acerca daqueles acontecimentos, contudo, o medo de que aquelas histórias não chegassem à posteridade o motivou a registrá-las. De forma humilde, Guilherme (2015) diz que havia preparado uma obra superior à sua capacidade e inferior em relação à importância dos assuntos tratados. Aparentemente, Guilherme de Tiro compreendia a relevância que as gerações posteriores dariam para o tema. Além disso, demonstra total respeito com seus futuros leitores ao explicar que havia dividido sua obra em vinte e três livros com seus respectivos capítulos, com o intuito de que “o leitor possa encontrar facilmente o que considerar necessário sobre fatos particulares desta história.” (GUILHERME DE TIRO, 2015. Tradução nossa).
Ocorria eventualmente na Idade Média de um escritor fazer uso de obras de terceiros para elaborar outros textos e crônicas; faziam-se algumas adaptações e omitia-se o autor e título original. A crônica de Guilherme de Tiro serviu de base para a criação de, pelo menos, outras duas obras muito relevantes, trata-se de “Histoire d’ Eracles”, crônica escrita em francês (RUNCIMAN, 2003) e “La gran conquista de Ultramar”, produzida em castelhano, por encomenda de Alfonso X, o Rei Sábio (GAYANGOS, 1858). Essas adaptações talvez expliquem o fato do pouco número de traduções dos textos originais da referida crônica.
Por solicitação de Amalrico, o Arcebispo também elaborou uma série de crônicas que expunha a história do Oriente desde o tempo do Profeta Maomé até o ano de 1184 (GUILHERME DE TIRO, 2015); contudo, infelizmente, essa obra se perdeu no tempo.
O ocaso
Apesar da doença que o debilitava fisicamente, Balduíno conseguia êxitos militares que garantiam certa estabilidade para seu reino, como a vitória sobre o exército de Saladino na Batalha de Montgisard. Passado algum tempo, a saúde do rei deteriorou-se consideravelmente a ponto de Balduíno sequer conseguir se levantar de sua cama; diante do estado de quase invalidez do monarca, um seleto grupo de nobres pretendia centralizar o poder. Iniciava-se uma série de disputas políticas que minariam o reino. Uma dessas contendas acabou por envolver Guilherme.
Com a morte do Patriarca Latino de Jerusalém, Amalrico de Nesle, o Arcebispo de Tiro naturalmente seria um pleiteador do cargo; entretanto, fora preterido de maneira esdrúxula.  Conforme explica Montefiore (2013), “a rainha-mãe Agnes passou por cima de Guilherme, arcebispo de Tiro, e nomeou Heráclio de Cesareia, que, segundo consta, era seu amante”. Além disso, outro fator influenciou em sua derrocada perante a corte: apesar de não ocupar cargo estatal, o arcebispo de Tiro ainda mantinha certa proximidade de Balduíno, o que fez surgir em alguns grupos o receio de que o Guilherme, por ser antigo tutor do rei, ainda pudesse exercer alguma influência sobre o rei; fora, então, retirado de qualquer participação social; então, “com um pretexto trivial, Heráclio excomungou-o” (RUNCIMAN, 2003). Após o revés que sofreu retirou-se definitivamente de Jerusalém. Em 1183 chega à Península Itálica, onde viveu até o fim da vida. Estabeleceu-se em Roma e ali continuou a escrever suas crônicas. Seu pupilo, Balduíno IV, morreu em 1185, aos vinte e quatro anos de idade. Algumas mudanças são observadas por Michaud acerca do estilo da escrita de Guilherme de Tiro, causadas, possivelmente, pelo declínio dos reinos cristãos da Palestina:

"À medida que ele se adianta na carreira e que se aproxima dos tempos em que viveu, sua marcha torna-se mais tímida; ele descreve melhor a fundação e o progresso das colônias cristãs na Ásia, do que a decadência. Chegando ao reino de Balduíno, o Leproso, ele se aflige com tudo o que vê e tudo o que conta; não ousa caracterizar os costumes de seus contemporâneos e a verdade parece-lhe um fardo pesadíssimo.” (Michaud, 1956, p. 357).
A crônica de Guilherme de Tiro se encerra quando abrangia o ano de 1184. Guilherme manifesta o desejo de continuar a escrevê-las enquanto a vida lhe permitisse (2015). Por motivos de força maior, ou talvez por opção própria, deixou de desempenhar o ofício que exerceu com muito apreço, competência e imensa erudição. Sua narrativa encerra-se quando o cronista abordava sobre os momentos ainda, de certa forma, estáveis da gestão de Balduíno IV. O Arcebispo de Tiro faleceu em Roma, por volta de 1186. A história, contudo, relegou a Guilherme de Tiro grande importância, assim como os acontecimentos narrados por esse historiador.
Referências
Jeferson Dalfior Costalonga é graduado em História pela Faculdade Saberes (Vitória-ES) e bacharelando no curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Espírito Santo. Contato: j.costalonga@hotmail.com
BURGOA, Lorenzo Vicente. El autor de esta obra. In: GUILHERME DE TIRO. Historias de Ultramar: Antecedentes y proclamación de La Primera Cruzada. El camino y La conquista de Jerusalén. Tradução em espanhol por Lorenzo Vicente Burgoa. Murcia: ADIH, 2015, pp. 25-26.
GAYANGOS, Pascual de (org.). La Gran Conquista de Ultramar. Madrid: M. Rivadeneyra, 1858.
GUILHERME DE TIRO. Historias de Ultramar: Antecedentes y proclamación de La Primera Cruzada. El camino y La conquista de Jerusalén. Traducción de Lorenzo Vicente Burgoa. Murcia: ADIH, 2015.
KOSTICK, Conor. 1099- A Primeira Cruzada e a dramática conquista de Jerusalém. Tradução de Milton Camargo Mota. São Paulo: Edições Rosari, 2010.
MAALOUF, Amin. As cruzadas vistas pelos árabes. 2. Ed. Tradução de Pauline Alphene e Rogério Muoio. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.
MAYER, Hans Eberhard. Historia de las cruzadas. Traducción de Jesús Espino Nuño. Madrid, Istmo, 2001.
MICHAUD, Joseph François. História das Cruzadas, Vol. 1. Tradução de Vicente Pedroso. São Paulo: Editora das Américas, 1956.
MONTEFIORE, Simon Sebag. Jerusalém: a biografia. Tradução de Berilo Vargas e George Schlesinger. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
MUNQIDH, Usama ibn. The Book of Contemplation: Islam and the Crusades. Traduzido em inglês por Paul M. Coob. Penguin Classics: Londres, 2008.
PERNOUD, Regine. A mulher no tempo das cruzadas. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas: Papirus, 1993.
READ, Piers Paul. Os Templários. Tradução de Marcos José da Cunha. Rio de Janeiro: Imago. 2001.
RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas Vol. II: O Reino de Jerusalém e o Oriente Franco. Tradução de Cristina de Assis Serra. Rio de Janeiro: Imago, 2003.
______. História das Cruzadas Vol. III: O Reino de Acre e as últimas cruzadas. Tradução de Cristina de Assis Serra. Rio de Janeiro: Imago, 2003.


6 comentários:

  1. Boa noite Jeferson,
    Parabéns por este ensaio, um belo trabalho de composição!
    Em relação a esta afirmação "De acordo com o cronista e dentro do contexto em que sua narrativa fora construída, a verdade e a agradabilidade são inconciliáveis." E sobre o contexto que vivemos atualmente sobre a pós-verdade. Você acredita que está afirmação é mais válida atualmente do que na época em que Guilerme viveu e escreveu? Pois é perceptível que as pessoas consomem materiais e mídias que lhe agradam, mesmo que aquilo seja uma inverdade... Como o Historiador nos tempos de hoje vê este movimento em que a maioria das pessoas preferem ler produções que lhe agradam mesmo que sejam mentiras?

    Atenciosamente,

    Debora Cirqueira Ferreira

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    1. Olá, Debora!
      Obrigado pela leitura e pela pergunta.

      Imagino que seja da mesma forma. Na época de Guilherme havia dilemas e divergências que dividiam a sociedade. O próprio Guilherme de Tiro fazia parte de um dos dois grupos antagônicos que centralizavam o poder no Oriente Cristão. Como não vivemos naquela época, apenas podemos observar os acontecimentos sob a ótica dos autores e de nossa percepção de leitores, mas nunca da mesma forma que os atores daquele tempo, ao passo que sentimos na pele as modificações na sociedade que vivemos.


      Acredito que historiador vê esse movimento, da pós verdade, desvalorizar seu ofício. Atualmente, em muitas situações, busca-se informação em veículos com afinidades ideológicas. Sujeitos sem formação acadêmica e sem nenhum embasamento teórico/ metodológico tornam-se formadores de opinião apenas por dizerem aquilo que seu seguidor quer ler e/ou ouvir.

      Atenciosamente,
      Jeferson Costalonga

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  2. Boa noite, Jeferson.
    Parabéns pela produção do presente artigo, um ótimo e inovador trabalho sobre a temática.
    No artigo você expõe que Guilherme de Tiro atuou como embaixador em Constantinopla em missões para o Rei Amalrico de Jerusalém. Durante a sua pesquisa, você se deparou com trabalhos que abordem as relações diplomáticas entre o Reino de Jerusalém e o Império Bizantino? No período de atuação de Guilherme de Tiro como era o relacionamento entre esses dois estados?
    Matheus Henrique da Silva Alcãntara

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    1. Olá, Matheus!
      Obrigado pela atenta leitura do texto e pela pergunta.

      Ainda no decorrer da Primeira Cruzada, antes, portanto, da fundação do Reino de Jerusalém, foram estabelecidas relações diplomáticas entre o Império e os cruzados. Em troca do apoio oferecido pelo imperador, os principais líderes cruzados, com exceção de Raimundo de Toulouse, tornaram-se vassalos de Aleixo Comneno. A “Alexiada”, de Ana Comnena e as crônicas de Guilherme de Tiro abordam muito bem essa questão, sob distintas perspectivas.

      Na época de Guilherme de Tiro, os barões buscavam, em muitas ocasiões, o apoio de Bizâncio para incursões contra os muçulmanos. Para os imperadores bizantinos era interessante firmar tais tratados, pois enquanto os maometanos, sobretudo os turcos, estivessem preocupados com os cruzados, não ameaçariam invadir Constantinopla. Para selar uma destas alianças entre os dois Estados, o rei Amalrico, se casou com uma sobrinha do imperador Manuel Comneno.

      Atenciosamente,
      Jeferson Costalonga

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    2. Obrigado imensamente pelos esclarecimentos!!
      Atenciosamente, M.H.S.A.

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