Talita Seniuk


ESCRIBA: O EMPREGO DOS SONHOS NO EGITO ANTIGO
Talita Seniuk

Dentre as muitas civilizações encontradas no Oriente Antigo, a egípcia, sem dúvida, é uma das que ainda alimentam a curiosidade e fomentam os estudiosos a se debruçar sobre elas, por apresentar características complexas e fascinantes. É uma cultura que chega até a contemporaneidade através de uma arquitetura imponente com as pirâmides e a esfinge, além de nos fornecer elementos interessantes sobre os seus modos de viver frente os mais variados segmentos da sociedade, sejam sociais, econômicos, religiosos, que se evidenciam nos vestígios arqueológicos, nem sempre em sua totalidade desvendados.
Introdução
O presente artigo tem por finalidade apresentar de modo sintético a importância da figura do escriba sob o seu ponto de vista na sociedade egípcia, através de um texto datado de 2.400 a.C. intitulado Sátira dos Ofícios (DEZ, WEILER, 1964), que apesar de ser uma obra satírica para alguns pesquisadores, há outros que acreditam que ela realmente reflita a ideia de que esta classe trabalhadora tinha em relação às demais profissões do período. Para nortear a discussão sócio histórica, valemo-nos de literaturas sobre o Antigo Egito, pautando-se em Cardoso (1991), Pinsky (1988) e Marriot (2016). Tratando-se das especificidades do ofício de escriba, contaremos com os autores já citados e ainda, Lemos e Ande (2017), Ortiz (2005), além de recorrer superficialmente a conceitos de dois teóricos alemães, o egiptólogo Wolfgang Helck e o intelectual Max Weber. O texto estrutura-se entre as temáticas Antigo Egito, com algumas características sobre o início da civilização, localização, aspectos sociais, religiosos e arquitetônicos; acompanhada de A profissão de escriba, que conta com especificidades da profissão frente às demais do período, num embate de concepções ao apresentar o prestígio social de seu executor.
Antigo Egito
Acredita-se que a sociedade egípcia tenha surgido no entorno do Rio Nilo por volta do ano 5.000 a.C. influenciada por fatores climáticos que secaram os pântanos que se formavam ao redor deste, o que tornou a região propícia para a agricultura devido a fertilidade do solo. Inicialmente havia vários povoados, que foram se desenvolvendo e que aproximadamente já no quarto milênio estavam densamente habitados, porém divididos entre dois reinos, que foram unificados pelo primeiro faraó Menés em 3.200 a.C. que criou um Estado único (MARRIOT, 2016); através dos milênios, a civilização egípcia contou com expansões, invasões, aumento e diminuição populacionais, foi dominante e dominada, entre outros fatores, perdurando até 1.070 a.C. com a morte de Ramsés III, onde começou a declinar lentamente, desintegrando essa unidade organizacional em pequenos reinos.
Sua localização recebia o nome de Crescente Fértil devido ao formato de meia lua em sua fase crescente, área esta que também abrangia a região da Mesopotâmia. Pode-se dizer historicamente que a região do Crescente Fértil foi o lócus privilegiado onde os humanos alcançaram elevado grau de civilização por estruturar uma vida urbana, organização estatal, florescimento cultural e religioso. No caso egípcio, o Rio Nilo permitiu que no deserto fossem cultivados alimentos e criados rebanhos em contraste com os elementos hostis do local; mas vale ressaltar que apesar da água doce disponível e dos seus vales férteis oriundos das inundações sazonais, que um sistema de irrigação bastante eficiente foi fruto da atuação humana para obter os resultados desejados, pois “não se pode esquecer de que uma civilização não é uma dádiva das condições geográficas, uma vez que ela surge quando o homem atua, modificando e domando a natureza” (PINSKY, 1988, p. 67). Esta civilização devido a sua duração mais que milenar, sob uma perspectiva política, dividiu-se em Reino Antigo, Médio, Novo e Época Tardia.
A sociedade egípcia era bastante hierarquizada, assim como outras desse mesmo período e a figura central detentora de poder era o faraó. Era um governante que acumulava diversas funções como chefe militar, sumo sacerdote, juiz supremo, administrador e acima de tudo, um representante direto das divindades na terra, como afirma Pinsky: “mais que senhor dos exércitos ou supremo juiz, o faraó é o símbolo vivo da divindade” (1988, p. 70). Apesar de o faraó ser o senhor do Egito, um objeto de culto e adoração para seu povo, ele possuía um assessor muito próximo, que lhe ajudava na administração, denominado de grão-vizir que era o cargo mais importante entre os altos funcionários do império, mas essa camada era composta por outras pessoas com outras funções também. Havia os escribas, que eram pessoas responsáveis pela articulação entre as ordens emanadas do faraó e a sua real execução, que para ocupar este cargo precisavam de determinado preparo; sacerdotes responsáveis pela manutenção dos templos e que auxiliavam nas celebrações; chefes militares que eram responsáveis pelo exército, manutenção da paz e defesa do reino em caso de guerra. Logo abaixo havia comerciantes que negociavam diversos produtos, artesãos que fabricavam desde utensílios do cotidiano até objetos de decoração, camponeses e escravos (felás) que realizavam diversas atividades, geralmente que necessitavam do uso da força, além de ser a maior camada populacional e segundo Pinsky (1988) serem o segredo da civilização egípcia, pois era através da sua força de trabalho que provinha a prosperidade.
Sua religião era pautada no politeísmo, ou seja, culto a vários deuses, apesar de que alguns faraós tentaram introduzir o monoteísmo durante seus reinados. Acreditavam que forças oriundas de divindades podiam decidir sobre a vida cotidiana e até sobre os fenômenos da natureza; atribuíam características animais a alguns deuses, mesclando formas animais (zoomorfismo), humanas (antropomorfismo) e as duas juntas (antropozoomorfismo) nas divindades. Confiavam de que havia uma vida após a morte, por isso os mortos eram sepultados com objetos que lhes seriam úteis na outra vida e assim desenvolveram um processo de embalsamento com muita destreza, pois o corpo precisava se manter o mais próximo possível de suas características antes da morte; entretanto, nem todos tinham acesso à mumificação, pois ela custava caro. Outro fator que merece destaque é de que havia deuses regionais, que poderiam ser cultuados numa determinada cidade e não em outra, como se fossem patronos, mas alguns chegaram a ser cultuados em todo o Egito, segundo Cardoso (1991).
No quesito arquitetura, temos a esfinge, construção monumental, que representa o corpo de um leão com cabeça humana, que além de ser vista como guardiã também pode ser considerada uma demonstração de poder pela sua imponência. Há as pirâmides, que fascinam pelo seu formato e complexidade interna das salas, que serviam para a vida após a morte; menos conhecidos, há os hipogeus, que são construções funerárias escavadas nas rochas de montanhas, que também impressionam pela sua grandiosidade. Inúmeras outras construções desse período resistem ao tempo e a ação humana e que colaboram com a curiosidade dos teóricos egípcios sobre esta antiga civilização.
A profissão de escriba
Não obstante que para a realização de qualquer trabalho sempre foi necessário saber sobre suas técnicas e como aplica-las, ser escriba durante o Antigo Egito necessitava de qualificações muito específicas e que não eram acessíveis a grande maioria. Era necessário saber ler, escrever e calcular, habilidades que pouquíssimas pessoas tinham acesso a aprender. Essa exigência se justificava devido ao aspecto do trabalho a ser realizado, cabia-lhes a fiscalização das construções, a distribuição de recursos, arrecadação de taxas e tributos, registros de contratos diversos como testamentos e inventários, atribuição de valor aos imóveis, elaboração do censo, entre outras atividades burocráticas. Ser escriba era sinônimo de representante direto da administração do Estado, “o executor material das ordens reais” (PINSKY, 1988, p. 100).
Apesar de a profissão ser passada de pai para filho nessa sociedade, havia escolas que preparavam para o ofício de escriba, onde os jovens ingressavam com aproximadamente cinco anos de idade e aprendiam sobre história, matemática, geografia e administração pública, tendo como exercício essencial à cópia e leitura de hieróglifos. Vale lembrar que certamente este emprego não surgiu de imediato na sociedade egípcia, sendo verificada sua necessidade com o passar do tempo e da complexidade organizacional que um Estado unificado dependia. Mas, pode-se dizer que já a partir da quarta dinastia:
“O aparelho do Estado já está totalmente organizado, como é indicado pela sistematização hierárquica das titulaturas de funcionários e cortesãos. Se ao iniciar este período a tendência era de entregar altos os cargos aos parentes do rei, isto em seguida se modificou, e formou-se uma verdadeira burocracia de Estado” (CARDOSO, 1991, p.43).
Considerando todas as camadas sociais que compunham a sociedade egípcia na Antiguidade e de que a questão da mobilidade social geralmente não ocorria, pois ao faraó e sua família cabia à nobreza, além de alguns poucos que se beneficiavam deste estamento, aos filhos dos demais cabia a profissão dos pais, com poucas possibilidades de ascensão social; o ofício de escriba passa a ser querido por pais egípcios, possivelmente oriundos de grupos intermediários dentro dessa hierarquia, como se percebe no trecho abaixo, extraído da obra Sátira dos Ofícios, também conhecido como Instruções de Dua-Queti, datada de 2.400 a.C. que evidencia o diálogo de um pai (Dua-Queti) escriba para com seu filho (Pepi), justificando o desejo de que aceite a carreira escolhida pela família, para que evite agonias desnecessárias durante sua vida profissional e orgulhe seus familiares.
Não tens uma ideia da vida do camponês que cultiva a terra? O coletor das finanças acha-se no cais ocupado em recolher os dízimos das colheitas. Tem consigo gente armada de bastão, negros munidos de ripas de palmeira. Todos gritam: Vamos, os grãos! Se o camponês não os tem, atiram-no ao chão (...); arrastam-no ao canal, onde o mergulham de cabeça para baixo (...). O artesão não é mais feliz do que o camponês. O pedreiro, dir-te-ei como a doença o espreita, pois está exposto a todos os ventos, sobre as vigas do andaime, pendurado nos capitéis como lótus; seus dois braços gastam-se no trabalho, suas vestes em desordem, não se lava senão uma vez por dia. Quando consegue pão, regressa à casa e bate em seus filhos (...) O tecelão não arreda de sua casa; seus joelhos estão à altura do estômago; se deixar de fabricar um só dia a quantidade regulamentar, é atado como os lótus dos pântanos. Mas, a profissão de oficial do exército será mais tentadora? Vem, que eu te contarei a sorte de um oficial do exército. Levam-no ainda criança e encerram-no na caserna. Logo, o seu ventre estará todo gretado e os seus supercílios fendidos, a sua cabeça, uma chaga. Estendem-no e espancam-no como a um papiro. Queres que te conte agora a sua campanha em lugares longínquos? Leva os víveres e a água ao ombro como a carga de um burro; a sua espinha parte-se. Bebe água podre. Deve constantemente montar guarda. Chega diante do inimigo? E um pássaro que treme. Volta ao Egito? E apenas um velho pedaço de pau roído pelos vermes. O velho escriba conclui: Vi a violência, por toda a parte a violência! Eis por que te inclino para as letras (...) (GATON DEZ; WEILER, 1964, p. 47).
Embora o documento citado seja considerado um texto satírico por muitos estudiosos, de um modo bastante sucinto são apresentadas algumas das profissões do período, com ressalvas sobre suas particularidades negativas em determinados momentos, elencando a vida do camponês, do artesão (pedreiro e tecelão) e de um oficial do exército. Questões como violência, medo, sofrimento, saudade, dor, angústia, fome e sede aparecem como elementos cotidianos para os que “escolheram” outras profissões. Embora haja argumentos bastante persuasivos em relação à execução das outras atividades, o texto acaba justificando que em qualquer uma delas, há violência corriqueiramente, podendo se extrair de que exceto na atuação do escriba, de modo implícito, não haverá tantas amarguras. O fecho do texto não nos traz possíveis desventuras que essa carreira possa ter, deixando no imaginário do leitor uma ambiguidade; entretanto a ideia central do escritor fora de demonstrar que a melhor das profissões seria aquela voltada às letras, a de escriba, nesse caso, como o pai.
Ainda que nesse caso haja uma manutenção da ordem social no sentido de que o pai orienta o filho a ter a mesma profissão, que possivelmente foi a mesma de seus antepassados masculinos, percebe-se uma valorização do ofício perante uma sociedade hierarquizada. Mesmo que a questão da mobilidade social tenha sido reduzida no Egito Antigo, se ser escriba não trouxesse retorno financeiro e certo prestígio social, a família não argumentaria de modo tão incisivo para que seu filho continuasse no mesmo segmento, ideia defendida por Helck. Muitos fatores podem contribuir para esse conceito positivo em relação às demais profissões, como fica subentendido no referido texto de que não há castigos ou desgastes físicos como se percebe ao falar do camponês que apanha e dos artesãos que estão expostos às intempéries climáticas e também sofrem com o corpo devido aos movimentos executados durante os trabalhos. Pressupõe-se que o escriba, devido à burocratização de seu ofício pode até ter que conviver com situações desagradáveis em alguns momentos, mas serão ínfimas em relação ao sofrimento constante das demais ocupações. Este cargo possuía até um deus, que era representado pela figura de Thot, que possuía cabeça de íbis e corpo humano, que também era o deus da escrita (LEMOS, ANDE, 2017).
Sob o viés sociológico, numa corrente weberiana (embora Max Weber tenha se debruçado sob uma sociedade totalmente distinta à egípcia ao realizar seus estudos, podemos emprestar de modo superficial alguns conceitos dele sobre o trabalho), o trabalho em si pode apresentar diversos sentidos, sendo uma das muitas formas de ação social. Ele é uma das muitas maneiras de atuação racional porque é discricionária ao homem, pois abarca sentidos objetivos e subjetivos. Um deles pode ser definido como o viés de que o trabalho é uma ação tradicional, pois se orienta muitas vezes pelos costumes já arraigados na sociedade em que ele é executado. Nesse sentido, percebe-se o trabalho como uma ação social que compreende valores, sentimentos, tradições e costumes que se concretizam através de seus executores. No caso da profissão de escriba, estes valores e hábitos são perpetuados através da família, que contribui para a manutenção desse valor social, que posteriormente será reproduzido por esse indivíduo novamente, perante seu novo grupo.
Numa sociedade analfabeta em sua maioria, pode-se achar que a figura do escriba merecia destaque social apenas devido ao fato de saber ler e escrever e ainda, saber calcular. Essa prerrogativa pode ser um elemento importante frente aos demais empregos que não exigiam tais aptidões e talvez o fato de se usar a mente e não os braços para a execução do seu trabalho. Porém, sua importância estava na verdade na proximidade com o faraó, porque “o escriba não era, pois, prestigiado por saber escrever e contar, mas sim pelo fato de estas atividades estarem a serviço do faraó, do poder central, fonte da autoridade e do poder”. (PINSKY, 1988, p. 75). O fato de dominar a leitura, a escrita e o cálculo não eram necessariamente uma fonte de renda por si só, mas a efetivação destas habilidades através da profissão de escriba, que lhe conferiam retorno pecuniário. Ainda para o mesmo autor, o escriba não dispunha de produções originais devido a sua criatividade, era mais parecido com um burocrata frio do que com um intelectual; devido a proximidade com o poder, pelo menos com as ordens do faraó, o escriba tinha a seu alcance a aventura do tráfico de influência ao oprimir seus subalternos e bajular seus chefes (1988). Dentro desta perspectiva, fazendo uma analogia a contemporaneidade segundo Ortiz, os escribas “Jamais paravam de fiscalizar, calcular taxas, escrever relatórios, constatar, anotar e editar. Se naquela época já existissem carimbos, provavelmente seriam exímios também na arte de carimbar” (2005, p. 489). Valendo-se ainda de conceitos weberianos, o fato de ser escriba em si, talvez não traga uma honra social pelo trabalho, mas seja carregado de valores dentro de seu estamento, onde o proprietário (seu possuidor) dessa identidade é valorizado pela proximidade em relação a nobreza faraônica.
Outro fator que pode influenciar o prestígio da profissão pode se dever ao fato de que, pertencendo à administração estatal faraônica, a probabilidade dele e de sua família passarem por momentos de crise como a de falta de alimentos, relativamente comuns no período, era quase nula, pois como arrecadava impostos e auxiliava no acréscimo das riquezas do Estado e do faraó, seu ofício era essencial para a manutenção do poder, uma vez que “Independentemente das crises de fome que volta e meia assolavam o reino, eles continuavam firmes em seus postos” (ORTIZ, 2005, p. 490).
Talvez o fato do referido ofício não estar diretamente ligado à sobrevivência humana, pois escribas não aravam, plantavam e colhiam; além de não precisarem empregar força física na execução, ele esteja ligado a um prestígio social perante os demais do grupo, considerando sua essencialidade dentro do Estado faraônico, que de certa forma era alimentado por este.
Através dos tempos o trabalho se mostrou como uma atividade essencial para a sobrevivência humana, mas cada sociedade atribuiu a ele inúmeros significados distintos. Diferente dos animais que até possuem uma divisão rudimentar do trabalho entre seus pares, porém no homem isso não é natural ou instintivo, ela é social, foi construída com base em diversos elementos que não geram só distinção entre tarefas e seus executores, mas diferenças sociais complexas. Todos esses aspectos são constitutivos de uma identidade coletiva porque todos do grupo partilham elementos em comum, sejam valorizando ou não, identidades individuais.
Considerações
Sabe-se que desde a Antiguidade o homem vive apartado de suas formas primitivas de vida “in natura” e que seu trabalho não corresponde mais em base natural de sobrevivência, mas em novas maneiras de interpretá-lo dentro de suas respectivas sociedades, numa invenção porque não representa uma evolução, mas um conceito fabricado que foi construído socialmente durante o tempo, a exemplo da discussão dos motivos do prestígio social do escriba, em detrimento às demais profissões do período. Para Pinsky o escriba só era valorizado socialmente devido sua proximidade com o faraó, ler, escrever e calcular eram elementos acessórios; já o egiptólogo Helck acreditava, como pode ser extraído do texto Sátira dos Ofícios, que se tratava de uma classe narcisista, empática, que acreditava merecer a admiração dos demais.
Referências
Talita Seniuk: Licenciada em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa/UEPG; Especialista em Metodologia do Ensino de História pelo Centro Universitário de Maringá/UniCesumar; Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo/UMESP. Pós-graduanda em Ensino de Sociologia pela Universidade Cândido Mendes/UCAM e Professora de História da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso/SEDUC MT.
CARDOSO, C. F. S. Sociedades do Antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1991.
DEZ, G.; WEILER, A. Oriente e Grécia. São Paulo: Mestre Jou, 1964.
LEMOS, E.; ANDE, S. Egito – Arte na Idade Antiga. São Paulo: Callis, 2017.
MARRIOT, E. A História do Mundo para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.
ORTIZ, A. Egito dos Faraós. Rio de Janeiro: Record, 2005.
PINSKY, J. As primeiras civilizações. São Paulo: Atual, 1988.

30 comentários:

  1. Talita, primeiramente quero parabenizá-la pela excelente discussão trazida em seu artigo. O texto tem objetivos esclarecidos, metodologia pertinente e uma urdidura bem articulada com os interesses propostos. Vale destacar também o referencial teórico utilizado, composto sobretudo por Pinsky, Cardoso e Marriot, os quais dão sustentação suficiente ao tema.
    Dito isso, gostaria de propor uma reflexão sobre a temática do seu artigo, o papel dos escribas no Egito Antigo, e o contexto histórico-político que vivemos no presente, especificamente no Brasil, onde há uma desvalorização da atividade intelectual (incluindo-se a educacional, científica e tecnológica), isto é, segue-se na contramão do que ocorria no Egito há cerca de 4500 anos.
    Portanto, até que ponto você, na condição de historiadora, socióloga e educadora, acha possível tecer essa relação entre a valorização/desvalorização dos ofícios intelectuais no Egito Antigo e no Brasil atual? Ainda no mesmo interesse, você acha pertinente problematizar essa questão em sala de aula, com alunos da educação básica?

    Espero ter contribuído com o debate e aguardo seus apontamentos.

    Att.,
    Fábio Alexandre da Silva e Graziele Rodrigues de Oliveira

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    1. Olá Fábio Alexandre! Obrigada pelo interesse na temática.
      Gosto muito do trabalho do Jaime Pinsky, suas obras possuem uma linguagem fácil de compreender, mas nem por isso se tornam superficiais; já Emma Marriot nesse livro que utilizei como referência, percebo que às vezes recebe críticas de alguns teóricos por ser nesse caso uma obra “rápida” como o próprio título sugere, mas não deixa a desejar em nada nos detalhes e aprofundamentos que apresenta.
      Considerando suas perguntas, posso comentar que é muito difícil debater em nosso país, principalmente com os jovens, a importância destes “ofícios intelectuais” perante a sociedade, sem desmerecer claro, as demais profissões, pois todas possuem sua importância dentro da coletividade. Enquanto docente, procuro utilizar com meus alunos uma abordagem bastante simples, que utiliza exemplos da realidade circundante (familiares dos alunos, colegas mais velhos) de que algumas ocupações “sofrem” menos em relação a outras. Sempre comento que mesmo não tendo muito tempo de docência, já vivenciei situações de reencontrar ex-alunos, que durante o Ensino Médio, por exemplo, desistiram dos seus estudos por diversos motivos (e acredito que provavelmente tenham feito o que julgavam ser o melhor naquele momento) e que hoje, sem a conclusão dessa etapa, encontram dificuldades para ocupar uma vaga melhor no mercado de trabalho. Essa desvalorização posso dizer, como algo complementar, também se deve à mídia, que muitas vezes, ao invés de estimular ações que possam alavancar o aprendizado, incentivando-o, “desmerecem” aqueles que se dedicam à intelectualidade, estereotipada de diversas formas; parece até haver um fascínio sobre alunos que foram “valentes” na sua jovialidade e decidiram desistir da escola, em detrimento aos alunos mais dedicados, que por vezes seguem carreiras análogas a dos escribas, devido ao seu preparo anterior.
      Acredito que essa temática pode ser dialogada na educação básica, desde que utilize uma linguagem acessível e dentro do contexto escolar, daquele público que ela tutela, para que os discentes percebam (ainda que infelizmente muitos familiares afirmem o contrário) que a educação, vista aqui nesse artigo como a base preparatória do ofício do escriba, pode sim proporcionar uma vida profissional menos “pesada”, inclusive como passaporte para a mobilidade social, que no Egito Antigo, era quase que inexpressiva.
      Até breve!
      =)
      Talita Seniuk

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  2. Texto primoroso, pois é muito relevante pensar esse funcionário dentro da estrutura pública/administrativa no Egito Antigo.
    Existe alguma bibliografia que indique valores ou bens que a classe dos escribas possuíam no Antigo Egito?

    José Vando Moreira da Silva

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    1. Olá José Wando!
      Obrigada pelo comentário!
      Infelizmente até agora não encontrei nenhuma obra que trate destas questões relativas aos escribas, sempre há a inserção dessa classe social na literatura, mas como um dos muitos tópicos tratados. Possuo muito interesse também nesse viés sócio histórico e econômico desse ofício, além da religiosidade no Egito Antigo, em especial a prática da imposição de mãos.
      Mas, posso indicar uns sites que você pode “garimpar” algo:

      Dialnet: https://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=24647
      Revista ISIMU: https://revistas.uam.es/isimu/index
      Revista de História Mythos: https://nemham.wixsite.com/mythos

      Espero ter ajudado, obrigada.
      =)
      Talita Seniuk

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  3. Olá, Talita Seniuk!
    Primeiramente, parabenizo-a pela escrita salutar e a temática abordada.
    É peculiar, o ofício do escriba enquanto perpassado de pai para filho, isso dificulta a mobilização de outros segmentos à uma pretensa ascensão, visto que se tratava de uma sociedade egípcia rigidamente hierarquizada.Ademais, surge-me uma dúvida no que tange às relações de gêneros: haviam escribas mulheres, no caso algumas exceções ? Ou era uma profissão estatal exclusivamente masculina ?
    Com estima e apreço.
    Att.,
    Maykon Albuquerque Lacerda

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    1. Olá Maykon! Obrigada pela pergunta!
      De todas as leituras que já realizei sobre os escribas, pois sempre me chamaram a atenção, confesso que nunca li nada sobre escribas mulheres; porém, devido ao seu questionamento, como não havia pensado sob esse viés ainda, fui pesquisar sobre e, constatei que a figura feminina na sociedade egípcia desse período, conforme o texto “Algumas visões da mulher na literatura do Egito faraônico” de Ciro Flamarion Cardoso possuíam certa liberdade, comparada com outras da mesma época, mas de outros grupos sociais, como por exemplo, poderia se divorciar por iniciativa própria, iniciar processos jurídicos, dispor de seus bens, participava com igualdade no rateio dos bens familiares em caso de herança, tinha direito de ir vir com certo livre arbítrio. Mas quando se trata do ambiente público, o autor deixa bem claro que a presença masculina era maciça, deixando-nos apenas uma nesga de dúvida que podem ter existido mulheres na vida pública, mas isso não está claro.
      Acredito que se existiram foram pouquíssimas, pois essa afirmação pode se verificar nas mais variadas cenas do cotidiano egípcio deixadas em esculturas, altos relevos e desenhos que na maior parte (eu nunca vi uma mulher desempenhando a função de escriba nestas) são apresentadas com homens desempenhando este ofício.
      Espero ter ajudado, obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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  4. Olá, sua temática é bastante interessante. Fiquei curiosa em saber quais eram as ferramentas que os escribas utilizavam para escrever? e se você já teve acesso a algum documento que registre este processo da escrita por parte destes profissionais?

    Lorena Raimunda Luiz

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    1. Olá, Lorena! Agradeço seu interesse e questionamento!
      Enquanto os jovens estavam se preparando para o ofício, a prática se dava inicialmente utilizando por vezes os próprios dedos das mãos no chão arenoso, ou seja, os dedos eram como se fossem as canetas e o solo o papel, numa comparação bem rápida. Com o passar do tempo, praticavam em pedaços de papiro, o papel do período e que era produzido a partir da planta de mesmo nome que crescia em abundância nos pântanos do Rio Nilo; há também alguns registros de que os alunos praticavam em tabuinhas de argila (como os Sumérios). Ainda, há registros de que escreviam na madeira, que assim como quando no papiro, utilizavam uma ferramenta parecida com um pincel atual, como se fosse sua caneta, apenas no caso da escrita em argila que se via necessário algo mais firme e pontiagudo, parecido com um lápis atual, para que se pudesse sulcar o barro molhado e realizar a escrita.
      Infelizmente ainda não tive acesso a estes artefatos ou os documentos históricos produzidos neste período, mas tão logo haja a oportunidade, não desperdiçarei, prometo!
      Espero ter contribuído!
      Obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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  5. Olá, seu tema foi muito bem direcionado para a importância do profissional escriba no Antigo Egito, perguntaram acima sobre os bens dos escribas, existe fontes que apontam que os escribas construíam pirâmides menores em torno das construções dos faraós, o que nos indica a importância deles no contexto administrativo e financeiro.
    Espero que tenha contribuído para sua discussão.
    Att.:

    Lidiane Álvares Mendes

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    1. Oi Lidiane!
      Com certeza sua pergunta contribui com a discussão!
      De todas as pesquisas que realizei não me deparei com registros de escribas que tenham mandado construir pirâmides ou hipogeus para si (talvez haja), pois mesmo que tenham ocupado um lugar de destaque social naquele momento, a construção das mesmas despendia de muitos recursos, entre eles o humano, que já é sabido que na grande maioria foram utilizados trabalhadores que recebiam uma espécie de pagamento e não apenas de que foram exclusivamente construídas com mão de obra escrava, ou seja, custavam muito mesmo; além da dificuldade em conseguir, extrair e mover os blocos de pedra ou granito (que não havia no Egito) que pesavam mais de uma tonelada, o que fazia com que a empreita de uma destas construções perpassasse décadas. Mas não se preocupe com a vida após a morte dos escribas, existem registros de que quando alguns faraós morrerram, todas as pessoas mais próximas à ele, como alguns familiares, sacerdotes, escribas e animais domesticados, eram sacrificados e colocados na pirâmide juntamente com o corpo daquele, para que lhe auxiliassem quando o faraó voltasse à vida.
      Espero ter contribuído!
      Obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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  6. Olá!
    A temática de seu artigo é bem interessante e acredito que os estudantes de educação básica também se interessariam pelo assunto. Você acredita que seja possível utilizar o texto "Sátira dos Ofícios" em aulas de história ao se abordar o estudo do Egito Antigo? Se sim, como você faria isso?
    Atenciosamente,
    Márcia Rohr Welter

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    1. Olá Márcia, obrigada pela pergunta direcionada à educação básica.
      Já pude perceber no meu pouco tempo de docência que a temática Egito Antigo sempre é bem recepcionada pelos alunos, principalmente os do 6° ano do Ensino Fundamental e um pouco menos pelos do 1° ano do Ensino Médio, mas ainda gera muita curiosidade, pois são as duas seriações em que o assunto é trabalhado. Acredito que esse interesse se dá pelo mistério em torno do tratamento dado à morte pelos egípcios, a mumificação, os deuses, a arquitetura; então é um prato cheio para o professor explorar essa oportunidade.
      É possível trabalhar sim o texto da Sátira dos Ofícios com ambas as seriações, apenas respeitando o amadurecimento de cada etapa, no fundamental talvez haja uma necessidade maior de comentários, exemplificações com profissões atuais até chegar ao que seriam os escribas de hoje, no médio, dependendo da vivência da turma, eles conseguem sozinhos fazer esse “link” das profissões do texto com as atuais e claro, nas duas oportunidades dá para o professor demonstrar a importância do aprendizado na vida de todos e também mostrar a necessidade de todas as profissões para uma sociedade, mas enaltecendo claro, a importância do conhecimento escolar, que por vezes os jovens não percebem como isso pode afetar-lhes. Uma maneira de trabalhar esta fonte histórica com ambas as turmas seria de que os discentes pudessem numa mesa redonda dividir com a turma qual profissão desejariam exercer no futuro e o professor poderia anotar na lousa cada uma citada, de modo desordenado mas que ocupasse todo o espaço do mesmo, exceto o centro, onde ao final de todas as explanações, no centro do quadro caberia a palavra escola, ou aprendizado, ou conhecimento escolar, num processo parecido ao da confecção de um mapa mental conceitual, mas realizado ao contrário (geralmente o mapa conceitual inicia com uma palavra central para depois se ramificar em sub conceitos), para que os jovens percebessem a importância do estudo no desempenho da profissão escolhida e não só limitada ao exercício dela, mas de um conhecimento que levarão para todas as ocasiões da vida.
      Até breve!
      Talita Seniuk
      =)

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  7. A História do Egito Antigo é muito fascinante. A máquina administrativa egípcia era formada basicamente por escribas. Eles se encarregavam de organizar e distribuir a produção; de controlar a ordem pública; de supervisionar todo e qualquer tipo de atividade. Obedeciam a autoridade dos faraós ou dos templos. A habilidade para escrever garantia uma posição superior na sociedade e a possibilidade de progresso na carreira. A escalada da escada social não era fácil, mas a profissão de escriba permitia a subida desde que as realizações do indivíduo fossem marcantes. A sátira dos ofícios bem. Não sei se conhece, mas o texto “O escriba”, Alessandro – Rocatti In “O Homem Egipcio” - Sérgio Donadoni enriqueceria muito seu trabalho. Parabéns! Já pensou/comparou o escriba do Antigo Egito com a da Mesopotamia. Caso afirmativo, quais semelhanças e diferenças.
    Vânia Maria Siqueira Alves

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    1. Olá Vânia, obrigada pela pergunta!
      O texto que você citou eu ainda não conheço, vou pesquisar!
      Ainda não havia comparado de modo direto o escriba egípcio com outros da Mesopotâmia, mas já tinha percebido algumas semelhanças sim, como a proximidade com a figura do líder da comunidade, que essa relação poderia beneficiar os mais próximos, de que haveria um prestígio social para seus possuidores. Quando se trata de algumas civilizações mesopotâmicas sempre me recordo em especial da escrita cuneiforme dos Sumérios (no meu caso, como atuo na docência, oriento e indico, de modo complementar aos meus alunos, de que podem fazer uma tabuinha de argila em casa e de modo rudimentar utilizar a escrita cuneiforme para perceberem como poderia ser o ato de escrever naquele período), que auxiliava a administração do império, além, claro de estar presente em outros segmentos como o religioso. Outra temática que me fascina é o Código de Hamurabi dos Amoritas que expressa muito bem as necessidades dos direitos e deveres já naquele período para os que desejavam viver em sua comunidade.
      Até breve!
      Talita Seniuk
      =)

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  8. Bom dia! Em relação à literatura produzida desde o Reino Antigo, há alguma referência sobre se os escribas eram seus principais autores, uma vez que não eram os únicos alfabetizados no Egito Antigo, ou alguma outra categoria se destaca?

    Eduardo Sodré Farias

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    1. Olá Eduardo, obrigada pelo questionamento!
      Os escribas eram na maior parte do tempo apenas “reprodutores” ou registradores de informações e dados que coletavam ou lhes eram apresentados, como afirma o historiador Jaime Pinsky, ao chama-los de burocratas frios, pois eram a personificação da palavra do faraó, executavam as ordens. Existem fontes históricas relativas a produções intelectuais dos escribas sob outras temáticas que não necessariamente administrativas, como o texto que utilizei como base A Sátira dos Ofícios, mas estes registros são poucos, porque a função era pautada no uso da escrita para atender às necessidades do império faraônico e não questões literárias ou culturais. Provavelmente, do pouco que há destas produções não funcionais, foram feitas em momentos livres pelos escribas, no seu tempo de descanso. Outro elemento que merece ser destacado e que pode ter contribuído com tantos registros laborais dos escribas em detrimento aos de outros vieses que chegam até nós na contemporaneidade, é que a maioria das sociedades dá maior importância para documentos oficiais do que para registros de família, por exemplo; seria mais seguro e lógico utilizar a escrita e manter seus registros para mensurar as arrecadações e despesas do reino, até para legitimar o poder faraônico, do que preservar outros apontamentos, talvez, não tão importantes aos olhos da administração do período.
      Em relação a outras camadas alfabetizadas ou que tinham acesso a esse processo, é sabido que os sacerdotes também praticavam a escrita no exercício da religiosidade, porém, estes utilizavam inicialmente a escrita hieróglifa e depois a hierática, já os escribas além destas, com o passar dos anos também usavam a demótica, que não era utilizada nos textos religiosos. A demótica substituiu a hierática, mas a hieróglifa permaneceu dentro dos templos.
      Espero ter contribuído!
      Obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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    2. Muito obrigado pela resposta e parabéns por sua pesquisa!

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  9. Bom dia, Talita, muito interessante suas considerações.
    Pensando acerca de seu texto e suas colocações sobre a profissão dos escribas no Antigo Egito, percebe-se que o domínio da escrita ficava restrito a grupos sociais específicos. Contudo, esse domínio e conhecimento da escrita era exclusivo dos escribas ou outras classes sociais, mesmo que não usassem a escrita como profissão, tinham conhecimento da escrita? Por exemplo, Faraó, grão-vizir e suas famílias? E o restante das elites? Como funcionava esse acesso à escrita, se havia, para os outros grupos sociais além dos escribas?
    Agradeço a atenção.
    Sandiara Daíse Rosanelli

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    1. Oi Sandiara! Obrigada pela pergunta!
      Como a questão da mobilidade social no Antigo Egito era bastante reduzida, inevitavelmente os filhos teriam a mesma profissão do pai, que lhes ensinaria o ofício, como no caso dos artesãos, comerciantes, camponeses, entre outros e as filhas desses pais aprenderiam em casa, com suas mães questões inerentes ao doméstico. Não eram todas, aliás, eram a minoria das crianças que frequentavam a “escola”, ou recebiam educação formal, geralmente provinham de famílias com melhor situação financeira, pertencentes à elite do período: escribas, sacerdotes, filhos do faraó e os de seus familiares e claro, assim como você citou, os pupilos do vizir, que tinha uma posição social de destaque, maior até que a do escriba, pois controlava a administração pública do reino e presidia o tribunal de justiça.
      Acredito que talvez tenha havido pessoas mais privilegiadas dentro desse estamento social que tenham sido alfabetizadas considerando seus ascendentes e que não tenham usado diretamente essa habilidade no seu cotidiano, mas que devido à origem do nascimento tenham tido esse direito. Profissões como do grão-vizir, escribas e sacerdotes, provavelmente praticavam todo dia, mas, por exemplo, com a expansão do comércio através dos anos, até os comerciantes necessitavam aprender além de calcular, escrever ou ler para efetuarem suas transações.
      Espero ter contribuído!
      Obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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  11. Talita, muito interessante teu texto.
    Gostaria de saber se alguma mulher já chegou ao posto de escriba? Você encontrou, em seus estudos, algo sobre se existiu ou não participação feminina nessa profissão?
    Muito obrigada!
    Letícia Mayer Borges

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    1. Olá Letícia!
      Obrigada pelo interesse!
      Um colega acima já havia realizado este questionamento, então tomo a liberdade de recolocar minha resposta aqui, ok?
      De todas as leituras que já realizei sobre os escribas, pois sempre me chamaram a atenção, confesso que nunca li nada sobre escribas mulheres; porém, devido ao seu questionamento, como não havia pensado sob esse viés ainda, fui pesquisar sobre e, constatei que a figura feminina na sociedade egípcia desse período, conforme o texto “Algumas visões da mulher na literatura do Egito faraônico” de Ciro Flamarion Cardoso possuíam certa liberdade, comparada com outras da mesma época, mas de outros grupos sociais, como por exemplo, poderia se divorciar por iniciativa própria, iniciar processos jurídicos, dispor de seus bens, participava com igualdade no rateio dos bens familiares em caso de herança, tinha direito de ir vir com certo livre arbítrio. Mas quando se trata do ambiente público, o autor deixa bem claro que a presença masculina era maciça, deixando-nos apenas uma nesga de dúvida que podem ter existido mulheres na vida pública, mas isso não está claro.
      Acredito que se existiram foram pouquíssimas, pois essa afirmação pode se verificar nas mais variadas cenas do cotidiano egípcio deixadas em esculturas, altos relevos e desenhos que na maior parte (eu nunca vi uma mulher desempenhando a função de escriba nestas) são apresentadas com homens desempenhando este ofício.
      Espero ter ajudado, obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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  12. Boa noite, Talita. Parabéns pelo texto fascinante e que nos apresenta mais um ponto de vista da vida no Egito Antigo. No texto é informado que os jovens eram preparados para a profissão de escriba desde cedo, sendo submetidos ao ensino de certas disciplinas que seriam necessárias para a profissão. Gostaria de saber se após o término dos estudos o jovem já era enviado para trabalhar no cargo ou se após a formação ele deveria passar por alguma espécie de triagem antes de assumir o cargo?
    Mais uma vez, parabéns pelo excelente texto e desde já agradeço.

    André Luiz Brito Silva Ferreira

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    1. Olá André! Obrigada pelo interesse.
      Entre todas as leituras que já realizei, não encontrei relatos se os jovens letrados já eram logo aproveitados no ofício ou se passavam por alguma etapa classificatória. Imagino que um dos elementos que podem ter orientado a rápida ou não “absorção” desse trabalhador no “mercado de trabalho egípcio” seria a proximidade de seu pai em relação ao faraó, quanto mais próximo dele, mais fácil à empregabilidade do filho.
      Espero ter ajudado, obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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  14. Excelente texto, bastante explicativo para a ideia geral, parabéns. Gostaria de saber se existiu algum escriba que descumpriu ordens vinda do faraó e se ouve punição?
    E como era feito as divisões dos escribas, por exemplo: quantos por cidade?
    Grata pela atenção.

    Andreza Cínthia Alves de Lima

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    1. Oi Andreza, obrigada pela pergunta!
      Até agora desconheço registros históricos de escribas que tenham descumprido ordens recebidas do faraó, mas acredito que caso houvesse esta situação de insubordinação eles seriam punidos a rigor, pois o faraó era a autoridade máxima em todos os seus aspectos e de certa forma bastante superficial, quem não atendesse à suas ordens, atentava contra todo o império faraônico, num crime contra todo o Estado, personificado na figura de um líder. Essa desobediência, ainda que não trouxesse vantagens diretas para o escriba, pode ser vista sob o viés da gravidade jurídica, numa analogia ao nosso país, com o crime de lesa-pátria, que o praticante atenta contra a soberania do seu Estado (já que não há divisão clara entre público e privado quando se trata do faraó), entre outros fatores; então seria muito grave.
      Não sei precisar quantos escribas uma cidade comportava, mas deve ser proporcional ao tamanho da riqueza e da população daquele local, pois eram eles que “alimentavam” a máquina administrativa egípcia.
      Espero ter contribuído!
      Obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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  15. Boa noite, Talita. Parabéns pelo seu excelente trabalho.
    Gosto muito das temáticas que envolvem o Egito e a sua escrita. Há textos que destaquem algum escriba em particular? Ou explore a relação desses escribas com os faraós? Algum escriba que obteve destaque devido a sua escrita ou devido aos serviços prestados para os faraós.

    Victoria Regina Borges Tavares Melo

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    1. Oi Victoria, agradeço a pergunta!
      Confesso que o Egito é um tema fascinante para mim também.
      Além desse texto que utilizei para a discussão, A Sátira dos Ofícios, que apresenta as instruções de um velho pai escriba chamado Dua-Queti, para com seu filho Pepi onde busca demonstrar que este ofício seria um dos menos árduos para o jovem seguir, existem citações de alguns nomes de escribas que aparecem no campo religioso, mas desconheço os pormenores que fizeram com que fossem lembrados nesta literatura.
      Espero ter contribuído!
      Obrigada.
      Talita Seniuk
      =)

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