Gabriela Vieira


EGITO ANTIGO: UM PANORAMA GERAL SOBRE A CULTURA E A ESCRITA
Gabriela Vieira

De escrever o nome de pelo menos um membro da família, principalmente a mãe, em sua estela funerária, até construírem pirâmides enormes. Passando por mumificar os gatos, de tão queridos que eram, até abandonarem muitos bustos, como o de Nefertiti, incompletos por medo de ficarem presos dentro das tumbas, os antigos egípcios eram um povo fascinante e a sua cultura espalhada por diversas áreas como arquitetura, arte, religião, literatura, costumes e escrita seja, talvez, a melhor forma de estuda-los. É importante salientar que o Egito passou por diversos períodos diferentes, portanto apresentarei os aspectos mais gerais da cultura.
Segundo Ruth Benedict "a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo" (1946). Os antigos egípcios enxergavam um mundo cheio de deuses, faraós e dádivas do Nilo. Em um lugar tão fértil e rico, é fácil perceber como eles produziram tanta cultura.
A religião era vital para os egípcios, portanto muitas de suas maiores obras arquitetônicas foram os templos dedicados aos deuses. Esses templos continham vários hieróglifos talhados em homenagem ao deus protetor do local. “Os edifícios religiosos (pirâmides, tumbas e templos) eram construídos primordialmente com pedra porque a intenção era que durassem” (BARBOSA,2013, p.4).
Outras construções importantes realizadas por eles foram às pirâmides. Existem três delas que são mais famosas: Queóps, Quéfren e Miquerinos, porém estima-se que existam mais de 80 espalhadas pelo país. Essas pirâmides serviam para guardar o corpo do faraó e seus pertences.
A cultura egípcia também se refletiu nas artes:
"O que nós chamamos arte Egípcia foi originalmente criado para propósitos religiosos e mágicos. Seus símbolos e funções revelam as crenças dos egípcios sobre o mundo e suas tentativas de entender e se relacionar com ele [...]” (WATTS, 1998, p.19) (tradução minha).
 Essa arte foi representada principalmente a partir de bustos, nas pinturas de hieróglifos e estátuas. Os bustos eram usados para representar, principalmente, os faraós, os hieróglifos podiam representar de um deus à um cidadão comum e muitas vezes dentro dos templos existiam estátuas dos deuses.
Dois aspectos artísticos pouco citados ao se falar de cultura egípcia são: A Dança e o Teatro.  A dança era algo muito presente na sociedade egípcia antiga, segundo Patricia Spencer "[...] fontes literárias ou evidências sobre dança são raras, já que os antigos egípcios dizem que não há necessidade de descrever em palavras algo que lhes é tão familiar”. (2003, p.111) (tradução minha). Os egípcios dançavam em funerais, em honra aos deuses, nos templos e no dia a dia.
Em relação ao Teatro, eles realizavam algo "[...] com características mímicas, que podem ser consideradas como rudimentos de uma arte dramática." (JUNIOR, 1996, p.11). Notamos mais uma vez o papel da religião, pois a maioria das apresentações retratavam histórias sobre os deuses, e podiam ser consideradas cerimônias religiosas realizadas por sacerdotes. As plateias dessas peças consistiam em cidadãos que estavam presentes durante os atos religiosos.
Não há como falar de cultura egípcia sem citar a religião propriamente dita, já que ela basicamente norteava todas as outras atividades dos egípcios. Não era possível dissociar a organização social e política deles, da atuação religiosa. O próprio faraó se legitimava no poder como um descendente direto do deus Hórus, que teria governado o Egito antes dos homens.
Eles eram politeístas e seus deuses antropozoomorficos, ou seja, humanos com alguma parte de animal. Alguns exemplos dos principais deuses egípcios eram Amon, Osíris, Anúbis, Ísis, Sekhmet e Bastet.
Os deuses serviam para explicar desde a origem do universo até a vida após a morte. Muitas cerimônias e rituais eram realizados para homenageá-los, todas as criações culturais e artísticas carregavam essa forte ligação com o divino.
Essas cerimônias podiam se dividir em três tipos de cultos: funerário, oficial e popular. O culto funerário consistia nos ritos que um morto deveria receber; O oficial era realizado pelos sacerdotes e faraós, sendo considerado o principal meio de adoração a um deus; O popular era realizado pelas camadas mais simples da população sendo mais básico e bastante particular, já que cada grupo tinha sua especificidade.
Um fato interessante sobre a vida dos deuses é que
“Os deuses egípcios se diferenciam do Deus cristão, não apenas pelo ato de fazerem sexo, mas também pelo prazer que demonstravam na ação da criação. Ou seja, na cosmogonia egípcia alguns deuses e os humanos foram criados pela mesma origem que era o ato sexual”. (SILVA, p.2).
Dentro da literatura, mas ainda sem se afastar da religião temos um conjunto de vários textos escritos em papiro por diferentes autores chamado de “Livro dos Mortos”.
Esse "livro" funcionava como um guia "sobre os mistérios da vida, os mistérios da morte, e que há continuidade da vida depois da morte." (BARBOSA, 2013, p.10). Era extremamente comum que colocassem algum papiro dele dentro das tumbas.
A literatura egípcia era extremamente diversificada e segundo Telo Ferreira Canhão podemos destacar cinco gêneros principais: Ensinamentos, Literatura das Ideias, Lírica, Textos Ideológicos e Contos. (2010, p.309).
Os textos que envolviam os Ensinamentos eram chamados de Sebait e foram responsáveis por transmitir os conhecimentos, memórias e conselhos aos mais jovens. É também interessante comentar a existência dos Textos com caráter ideológico que foram escritos como um tipo de "propaganda monárquica" (CANHÃO, 2010, p. 310), mais uma vez os antigos egípcios demonstram ser uma civilização extremamente avançada e bem construída.
A Literatura das Ideias como o próprio nome já diz serve para compartilhar e tratar acerca de ideias que os indivíduos possam ter; Os textos líricos correspondiam ao caráter mais estético e romântico da literatura, pois englobava poemas sobre o amor e sobre os deleites da vida.
Por fim se tem os Contos, esses apresentavam grande refinamento em sua escrita, porque eram feitos pelos escribas e eram lidos apenas pela elite egípcia. Versavam sobre os mais diversos temas.
Os egípcios formavam um povo cheio de peculiaridades, além dos citados na introdução podemos destacar outras como: Diferentemente, dos seus países vizinhos como Grécia e Roma, as mulheres egípcias tinham bastante liberdade e muitos direitos; eles usavam muitos amuletos com fins mágicos; eles praticavam atos de exorcismo; a pintura ao redor dos olhos os protegia dos efeitos do Sol, etc.
A Cultura egípcia foi extremamente vasta e até hoje não se conhece todos os nuances dessa produção intensa, visto que foi um Império longo e bem diversificado. É importante notar que eles foram responsáveis e pioneiros em realizar muitas atividades que as sociedades contemporâneas exercem na atualidade.

Escrita
Um dos aspectos principais da cultura egípcia, definitivamente, é a escrita. Muito do que sabemos hoje sobre eles são graças aos famosos hieróglifos pintados em papiros ou templos. Além dos hieróglifos existiam outros três tipos principais de escrita: A Hierática, Demótica e a Copta.
Como a maioria das produções egípcias a criação da mesma também é explicada pelo divino. Para eles a escrita foi um presente de Toth, deus da sabedoria e das ciências, que mesmo contra o desejo de Ra compartilhou e ensinou aos humanos como eles deveriam escrever.
Dentro das quatro escritas principais os hieróglifos formam a mais importante e conhecida, a quantidade deles variou muito de período para período (dinastia para dinastia) da Antiguidade Egípcia indo de 3000 a 760 depois aumentando de novo. Algumas vezes esses aumentos ocorriam, porque novas coisas eram descobertas e se tornava preciso representá-las:
“Cada hieróglifo tinha uma representação gráfica e um valor fonético. Eles representavam "[...] ideogramas que retratam pictoricamente objectos quotidianos e característicos da geografia, fauna, flora, cultura e sociedade do Egipto Antigo" (PEREIRA, 2014, p.23).
Os hieróglifos eram ensinados nas escolas de formação de escribas, e no geral, filhos de escribas iam para esses locais. Acreditava-se que a dor era um componente importante para o aprendizado, então além do professor ficava uma pessoa no local com um chicote na mão batendo nos alunos para que aprendessem. É interessante comentar que as escolas funcionavam dentro dos templos e os sacerdotes eram os professores.
Existia uma organização para a escrita dos hieróglifos "[...] precisavam ser "encaixados" em quadrados imaginários de modo a optimizar o espaço visual ocupado por cada ideograma." (PEREIRA, 2014, p. 33). A estética do texto era considerada importante.
Podemos dividir os hieróglifos em quatro tipos de sinais: Pictográficos, que representam um objeto ou ser, ideográficos, que representam noções de ideia sobre o objeto, fonéticos, que representam um tipo de som e determinativos, que não apresentam valor fonético e aparecem no final das palavras para facilitar a compreensão.
Enquanto os hieróglifos eram usados em monumentos, inscrições de tumbas e afins, a escrita Hierática, tão antiga quanto, consistia em uma forma mais simples de se escrever e era utilizada no meio burocrático do reino, ou seja, em documentos administrativos e para fins comerciais. Foi uma escrita que variou muito durante as dinastias e acabou se diferenciando muito dos caracteres usados nos hieróglifos.
É interessante que por algum motivo essa escrita em seu período final de uso deixou de servir para a administração, passando a ser unicamente utilizada em textos religiosos escritos pelos sacerdotes.
A escrita Demótica era ainda mais simples que a Hierática e se diferenciava da segunda, pois além da parte administrativa e religiosa também era utilizada na literatura e na descrição de temas do cotidiano. A métrica não era tão formal e as frases eram bem mais simples.
A última escrita a surgir no antigo Egito foi a Copta e essa é quase uma tradução do alfabeto grego antigo com alguns caracteres do demótico, e basicamente era utilizada em textos religiosos.

Referência
Autora: Gabriela de Melo Vieira é Graduanda do curso de História na UERJ

BARBOSA, Michelle. O sagrado no Egito antigo. Paraíba: Revista Diversidade Religiosa- UFPB, 2013.
BENEDICT, Ruth. O Crisântemo e a Espada: Padrões da Cultura Japonesa. São Paulo: Editora Perspectiva, 2014.
CANHÃO, Telo. A literatura egípcia do Império médio: espelho de uma civilização. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2010.
JUNIOR, Antonio. os mistérios osiríacos e o teatro no antigo Egito. São Paulo: Revista Clássica, 1996.
PEREIRA, R.G. Gramática Fundamental de Egípcio Hieróglifo. Brasil: Chiado editora, 2014.
SILVA, Josiane. História da sexualidade no Egito antigo. Rio Grande do Norte: UFRN.
SPENCER, Patricia. Dance in Anciety Egypt. The American Schools of Oriental, Research, 2003.
WATTS, Edith. The Art of Anciety Egypt: A resource for educators. New York: Metropolitan Museum of Art, 1998.



44 comentários:

  1. No Antigo Egito os sacerdotes também escreviam? Qual tipo de escrita deles e para quem escrevia?

    Thatiana Bonifacio Bergerot

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    1. Obrigada pela pergunta. Os sacerdotes eram figuras que tinham grandes responsabilidades na administração dos templos e na religião, logo eles escreviam e isso inclusive era vital para o exercício de seu cargo. Os textos religiosos regidos por eles eram escritos em Hierático e também dominavam a escrita hieroglífica. A educação não era tão acessível a população no Egito, portanto os textos deles acabavam funcionando mais como um registro ou eram destinados aos faraós e a elite letrada.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  2. Em relação à escrita Demótica, você saberia dizer quando foi implementada? E ainda, em suas pesquisas, você conseguiu identificar o que influenciou o seu surgimento? Se fatores internos ou externos, e de quem?

    Eduardo Sodré Farias

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    1. Obrigada pela pergunta. As fontes encontradas por mim variam em relação ao surgimento dessa escrita, elas afirmam que a mesma foi implementada entre 700 e 500 a.C, no final da XXV dinastia, porém ela foi amplamente utilizada apenas na XXVI dinastia.
      Em minhas pesquisas não encontrei nada falando sobre o que influenciou o surgimento dela, por isso farei aqui uma suposição. A escrita demótica em comparação com a hieroglífica e hierática é bem mais simples e apresenta uma métrica muito menos rígida, portanto sua criação pode ter sido em decorrência da necessidade de facilitar e dinamizar a utilização da escrita, ou seja, um fator interno. Acredito que os próprios escribas sentiram essa necessidade.
      - Gabriela de Melo Vieira

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    2. Muito obrigado pela resposta e parabéns pela pesquisa!

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  3. Qual a diferença da escrita cuneiforme dos hieróglifos egípcios?

    Thatiana Bonifacio Bergerot

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Obrigada pela pergunta. Bom existem algumas semelhanças entre essas escritas, porém não achei muitas diferenças fato esse que julgo até curioso. O formato e o tipo dos objetos que “constroem” a escrita são diferentes, sendo o mesopotâmico em cunas e o egípcio muitas vezes em pincéis; A escrita cuneiforme era escrita basicamente em argila, já os hieróglifos em papiros ou nas paredes de templos, pirâmides, etc; A escrita hieroglífica também apresenta uma forte presença e importância do uso de imagens junto com os caracteres e esse fato quase não ocorre na escrita cuneiforme.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  4. Quais estratégias podem ser adotadas pelo educador ao abordar o tema "Egito" além do básico dos livros didáticos???

    Isac Silva de Almeida

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    1. Obrigada pela pergunta. Bom isso é algo que eu me questiono muito, visto que a maioria dos alunos incluindo os universitários acham tedioso estudar História Antiga.
      Eu acho que para se formular uma boa estratégia é preciso conhecer a turma primeiro, pois cada lugar apresenta sua própria especificidade, logo o professor precisa ser adaptável e disposto a inovar. Partindo dessa premissa citarei algumas opções que podem funcionar.
      Muitos filmes sobre História Antiga apresentam informações erradas, portanto introduzir a aula de Egito com um filme nesse estilo, em seguida dar o conteúdo e ao final retornar o início da aula perguntando quais erros ele identificavam no filme após a teoria.
      O educador pode formular também um jogo de perguntas e respostas sobre o antigo Egito que inclui os mais diversos tópicos sobre o mesmo, saindo um pouco do padrão faraó, escrita e religião.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  5. Olá Gabriela, parabéns pelo seu texto, muito bom. Você fala da cultura egípcia antiga e isso é sempre riquíssimo e atual.
    Você fala em seu texto da cultura egípcia e específica algumas questões sobre a escrita.. minha pergunta é : qual a relação entre a cultura, a questão religiosa, com a escrita? Como os deuses, a mitologia em si dialogam com a atividade da escrita entre os egípcios? É por meio de escribas?
    Carolina Lima Costa

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    1. Obrigada pela pergunta. A religião egípcia, no Antigo Egito, pode ser considerada o norte e a base de quase todas as atividades realizadas pelos egípcios, os aspectos culturais foram criados e desenvolvidos a partir dessas premissas, portanto muito era criado para satisfazer um deus ou honrá-lo.
      A ligação dos egípcios com o divino era tão forte que para eles a própria escrita era um presente de um deus, Toth, portanto um dos principais meios de utilização da mesma era voltado para registrar textos sagrados ou contos sobre os deuses. Os escribas são importantes para tal, mas nessa ligação entre o sagrado e a escrita apontaria os sacerdotes como principais agentes.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  6. Boa tarde, Gabriela. Parabéns pelo texto. Muito interessante.

    Minha pergunta é: A base do que se sabe hoje sobre os hieróglifos ainda são as pesquisas e descobertas de Jean-François Champillion ou existiram novas descobertas que "revolucionaram" o campo?

    Obrigada

    NATÁLIA MAIRA CUNHA

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    1. Obrigada pela pergunta. Com certeza Champillion, pai da egiptologia, continua sendo a base do nosso conhecimento acerca dos hieróglifos, pois suas traduções apresentam pouquíssimos erros. Alguns expoentes na área surgiram com novas descobertas que complementam esse campo de estudo ,já que a escrita variava bastante de período para período. Um deles foi o egiptólogo inglês Alan Gardiner que traduziu os caracteres do Médio Egito.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  7. Olá, boa tarde. Mediante a leitura do seu texto observamos a riqueza cultural presente no Egito, nesse meio encontramos a escrita, que não se restringia a apenas uma forma de escrever. Bom, no seu ponto de vista, o que levou os egípcios a utilizarem mais de uma forma de escrita, ambas com finalidades distintas?

    Josefa Robervania de Albuquerque Barbosa

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    1. Obrigada pela pergunta. Bom eu acredito fielmente que linguagem e escrita não são estáticas, sendo alteradas de acordo com a necessidade das pessoas ou até mesmo de forma natural por perda de uso ou abreviação.
      Na minha opinião várias razões podem ter feito os egípcios utilizarem mais de uma forma de escrita variando entre a necessidade ou até mesmo a megalomania de um faraó. Farei aqui uma conjectura do que considero ser mais plausível.
      É importante perceber que cada escrita foi criada simplificando a anterior, então os escribas e os outros letrados podem ter sentido a necessidade de facilitar e dinamizar a utilização da mesma sempre que possível. Textos do dia a dia não precisavam ter o mesmo grau de perfeição e rigidez que os hieróglifos nos monumentos, por exemplo.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  8. Olá Gabriela. Que texto interessante e bem informativo. Auxiliou a refletir sobre a questão da escrita e a relação com a matemática até. Você escreve que a estética do texto era relevante pensando na organização da escrita: como isso se dava? Eram através dos ideogramas e combinações? ou o texto em conjunto com outros? Não sei se você teria alguma referência para indicar em relação à escrita e estética. Muito obrigada e novamente parabéns.

    Paola Rezende Schettert

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    1. Obrigada pelas perguntas. A estética do texto de fato tem muita relação com a matemática visto que forma, tamanho e profundidade eram muito importantes. A perfeição tinha que estar presente no próprio texto.
      Os escribas, principalmente na utilização dos hieróglifos, deveriam seguir cuidadosamente um padrão de tamanho pré-estabelecido para que no conjunto final nenhum ideograma acabasse saindo maior ou menor que o outro. O formato, a profundidade e até mesmo um sinal determinativo também deveriam seguir um padrão para que não ocorressem erros de interpretação. Indico para leitura o livro de PEREIRA, R.G. “Gramática Fundamental de Egípcio Hieróglifo.” Brasil: Chiado editora, 2014.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  9. Boa noite! Primeiramente, parabéns pelo texto!
    Gostaria de saber quais sugestões você poderia apontar para se trabalhar com essas especificidades apresentadas na Educação Básica?

    Adriana Ribeiro de Araujo.

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    1. Obrigada pela pergunta. Confesso que seu questionamento também é um grande questionamento meu rs.
      A educação básica corresponde, segundo a LDB 9394/96, a educação infantil, ensino fundamental e médio então as estratégias de ensino são um poucos diferentes.
      Por mais que não seja um conteúdo programático da educação infantil considero interessante que os pedagogos já mostrem alguma coisa sobre essa cultura fantástica colocando por exemplo um desenho de pirâmide para as crianças colorirem.
      No ensino fundamental de fato esse conteúdo entra no plano nacional curricular e acredito que utilizar o lúdico e o prático podem ajudar muito no ensino. O professor (a) pode ensinar e executar em sala de aula a criação de um papiro e com tinta pode ensinar alguns ideogramas simples dos hieróglifos para contar aos alunos sobre a escrita egípcia. Pode também realizar encenações teatrais sobre a mitologia egípcia.
      Em relação ao ensino médio coloco aqui sugestões que já utilizei acima. Muitos filmes sobre História Antiga apresentam informações erradas, portanto introduzir a aula de Egito com um filme nesse estilo, em seguida dar o conteúdo e ao final retornar o início da aula perguntando quais erros ele identificavam no filme após a teoria.
      O educador pode formular também um jogo de perguntas e respostas sobre o antigo Egito que inclui os mais diversos tópicos sobre o mesmo, saindo um pouco do padrão faraó, escrita e religião.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  10. Gostaria de saber se, quando os egípcios dançavam eles tinham acompanhamento musical? Algum instrumento musical?

    Nicole Maria Babugia Pinto

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    1. Existiam diversos tipos de eventos em que os egípcios dançavam e quase sempre esses eram acompanhados também por cantores que em conjunto com os dançarinos tinham a responsabilidade de entreter o público, honrar a divindade ou o morto.
      Em relação aos instrumentos eles eram bem simples, além de não serem a única forma pela qual os egípcios criavam ritmos, segundo Patricia Spencer “[...] a maioria dos dançarinos eram acompanhados apenas por instrumentos de percussão ou por palmas [...].” [ tradução minha] ( 2003, p.118).
      - Gabriela de Melo Vieira

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    2. Obrigada por me responder!! Muito interessante seu texto Gabriela, parabéns!
      Nicole Maria

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  11. Boa tarde Gabriela Vieira, muito interessante o seu texto, e em relação à ele,o que levou você a estudar sobre a cultura e a escrita egípcia, além do seu valor histórico,pois como você disse mais à cima ainda hoje temos heranças dessa civilização, o que te chamou atenção ou melhor qual foi a necessidade que você viu em pesquisar especificamente sobre o Egito?
    Assinado:Tamara Fernanda

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    1. Obrigada pela pergunta. Desde criança sempre me interessei muito por aprender sobre as mais diversas mitologias , dentro desse contexto, acabei lendo bastante sobre os antigos deuses egípcios e gostando muito da forma pelo qual esse povo sempre tinha uma forma bastante poética e mágica de explicar o universo. Da mitologia meu interesse foi para a própria sociedade.
      Dentro da graduação de História surgiu a oportunidade de fazer um curso sobre hieróglifos, acabei aprendendo bastante sobre como as escritas deles eram cheias de nuances. Dentro desse curso acabei me identificando de vez com o Antigo Egito por que eles realizavam muitas coisas incríveis e a sociedade, em geral, sabe muito pouco sobre esse povo.
      Na minha opinião não existe nada melhor do que a cultura para conhecer um povo e como a escrita está intimamente ligada a isso resolvi desenvolver um trabalho dentro da disciplina “História Antiga Oriental” sobre esses dois tópicos.
      - Gabriela de Melo Vieira

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    2. Obrigada por me responder, continue fazendo esse seu trabalho que por sinal é muito bom!

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  12. Olá, Gabriela Vieira. Gostei do seu texto, ele é bem direto e um tanto interessante até para se trabalhar em sala, visto a sua fluidez.
    Minha pergunta sobre a escrita é quais as pessoas que tinham acesso a ela? Se pessoas comuns podiam aprender ou só os que viriam a ser escribas.
    Tallyta Melquiádes R Formiga

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    1. Obrigada pela pergunta. A maior parte da população egípcia não tinha acesso a escrita , mesmo que ela fosse de grande importância, visto que o aprendizado era algo extremamente demorado e restrito as elites. Até mesmo o acesso a escola de formação era algo bastante limitado a poucos nobres ou a filhos de escribas.
      Sacerdotes também tinham o domínio sobre a escrita em decorrência da importância de sua função e porque eles eram os professores desses escribas em formação. As escolas eram dentro dos templos.
      Os faraós também tinham essa formação na utilização da escrita, pois eles eram a figura central do reino e como tal deveriam ser capazes de entender os textos e afins.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  13. Olá Gabriela, muito obrigada por contribuir com seu texto para esse simpósio, nesse assunto tão complexo como o Egito. Gostaria de fazer um breve apontamento para você que também fica como reflexão, como seria se o Egito fosse apresentado nas salas de aulas na perspectiva de civilização do continente africano como berço da africa, e não pela visão do mar mediterrâneo como é apresentado para os alunos em nosso ensino eurocentrista, um abraço.

    - Amanda Falcão

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    1. Essa é uma ótima reflexão. É impressionante a quantidade de alunos até mesmo na graduação que não associam o Egito ao continente africano, o forte eurocentrismo presente no ensino faz com que muitos achem que a região ficava isolada ou dentro próxima a Grécia.
      Creio que é até um dever ético do professor (a) afirmar e deixar explícito que o Egito pertencia (pertence) a esse continente, porque isso afasta a visão de que a História do continente africano começa apenas no período da escravidão e que antes eles não tinham absolutamente nada. Salientar essa questão do Egito ( e de outras regiões do continente como Cartago) é deixar bem claro que a região sempre teve uma cultura belíssima, milenar e pioneira muito diferente da construção social que a Europa realizou ao longo do tempo.
      Abs.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  14. Olá Gabriela! Em determinada parte do texto, é dito que as mulheres possuíam mais direitos e liberdade que as mulheres gregas e romanas. Até onde se estendia essa liberdade? Ela permitia que essas mulheres participassem diretamente da produção artística?
    Julia Machado Marangon

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    1. Obrigada pela pergunta. As mulheres egípcias tinham de fato muito mais direitos e liberdade que as gregas e romanas, podendo até pedir o divórcio, e essa liberdade se estendia também na produção artística. Elas participavam ativamente na produção musical e na dança, inclusive existem gravuras dessas atividades dentro de algumas tumbas.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  15. Olá Gabriela! Muito bom ler seu texto, parabéns por ele! Em uma arte do texto, na qual você aborda as seções da escrita hieroglífica, coloca o fonético como uma dessas partes e que eram símbolos que representavam alguns sons. Nos livros didáticos de História, quando ensinamos aos nossos alunos, confesso nunca ter me atentado para esse detalhe, mas é possível se afirmar, dentro de sua pesquisa, que os povos fenícios, tidos como inventores do alfabeto fonético, possam ter se apropriado de alguns desses símbolos egípcios?

    Grato!

    Jefferson Fernandes de Aquino

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    1. Obrigada pela pergunta. Bom eu nunca tinha me atentado muito sobre isso então fui pesquisar fontes que tratassem sobre o assunto e segundo Cagliari “[...]Além disso, o significado dessas palavras deva se associar diretamente a hieróglifos egípcios que pudessem ser usados para representar sons iniciais [...]” (p.3, 1991).
      Essa semelhança e até provável inspiração pode se dar muito devido ao fato da escrita fenícia ser derivada da escrita proto- sinaítica,, essa ainda segundo Cagliari era “[...] uma escrita com caracteres egípcios para o Oriente Médio.” (p.2, 1991).
      Acredito que o alfabeto fenício tenha ganhado mais destaque e status de pioneirismo, porque o mesmo formou a base dos idiomas clássicos como grego e latim além de ter simplificado bastante a comunicação.

      - Gabriela de Melo Vieira

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  16. Boa noite Gabriela, parabéns pelo texto. Eu fiquei com uma com uma puga na cabeça. De acordo com suas pesquisas, como você enxerga o uso do teatro dentro daquele contexto egípcio, uma vez que durante o ensino básico (fundamental) estuda-se pouco ou quase nada sobre essa perspectiva?

    Eu também queria saber como os historiadores estão lidando com a perspectivas de construir uma História do Egito. Quais as correntes utilizadas? Como estão as relações entre o estudo da História e os diversos canais midiáticos?

    Sou grato pela leitura do seu texto, ao mesmo tempo que notei que será uma ótima Historiadora. Parabéns!!

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    1. Obrigada pela pergunta. O teatro no Antigo Egito era bem rudimentar, normalmente, as apresentações consistiam em encenações sobre as histórias dos deuses e ocorriam nos próprios templos então ele não era tão difundido assim pela população, considero que o uso dele era para tornar as cerimônias mais dinâmicas e interessantes para os fiéis.
      Hoje nós vivemos em um momento que os grupos exigem e lutam, com muita razão, para que a História seja contada se afastando das concepções eurocêntricas. Essa concepções criaram uma ideia sobre o Egito Antigo em que o mesmo era formado por pessoas brancas e que a região não ficava dentro do continente africano, mas sim em alguma parte do continente europeu. Pensar o Egito como parte integrante do continente africano é um dever dos historiadores e a História da região tem sido (re)construída, pelos bons historiadores, tendo essa premissa.
      Os historiadores cada vez mais vem utilizando os canais midiáticos para divulgarem os conteúdos, além de canais de tv próprios para a disciplina muitos estão utilizando o YouTube, Aplicativos e podcasts.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  17. Boa noite Gabriela! Tenho grande interesse pela cultura egípcia e pelos valores que a ela acompanham. Gostaria de saber sobra a concepção de tempo dos egípcios, creio que seja cíclica, mas seria ótimo se você pudesse complementar com algum conhecimento que tenha a respeito desse tema. Grata desde já.
    Julia Viviani da Cunha Gouvêa

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    1. Obrigada pela pergunta. Bom esse é um tema em que eu não tenho muito conhecimento, no entanto tenho um artigo excelente para indicar do SALES, José. “Concepção e percepção de tempo e de temporalidade no Egipto Antigo.”. In: Cultura-Revista de História e Teoria das Ideias, vol 23.2006.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  18. Olá Gabriela,
    Belo trabalho!
    Ao analisarmos o tema escrita egípcia nos livros didáticos vemos que há ainda uma abordagem muito superficial neste tema ao que compete o ensino de história.
    Quais suas considerações sobre isso?

    Marcos de Araújo Oliveira-UPE

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    1. Obrigada pela pergunta. Acredito que no meio de tantos conteúdos esse tema acabe perdendo em importância dentro das salas de aula, ele acaba sendo passado de forma bastante rápida e sem aprofundamento. Muitos alunos também acham estudar algo tão antigo desinteressante.
      Os livros didáticos pouco contribuem para que ocorra uma melhora nessa situação, como você mesmo apontou a parte de Antigo Egito presente nesses instrumentos educacionais é abordada de maneira bastante curta e superficial. Sobre a escrita muitas das vezes colocam apenas os hieróglifos, ignorando os outros 3 tipos principais. É importante que os professores completem esse ensino.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  19. Olá, belíssimo texto. Me chamou bastante atenção quando você citou as danças que ocorriam no antigo Egito, nunca me foi citado algo a respeito. Você saberia me informar fontes para que eu lesse mais a respeito?
    Sofia Adelaine Gonçalves da Rocha

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    1. Obrigada pela pergunta. Em minhas pesquisas não achei artigos em português sobre o tema, então te indico 2 artigos em outros idiomas que gosto bastante.
      Referências: VIZCAÍNO, C.B. LA MÚSICA, LA DANÇA Y LOS INSTRUMENTOS EN EL ANTIGUO EGIPTO. Universidad Ceu San Pablo , Madri.
      SPENCER, Patricia. Dance in Anciety Egypt. The American Schools of Oriental, Research, 2003.
      - Gabriela de Melo Vieira

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  20. Parabéns pelo trabalho, excelente texto.
    Em suas pesquisas você encontrou alguma relação da religiosidade egípcia a um tipo de escrita específica?
    Lauana Angelica Souza Almeida

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    1. Obrigada pela pergunta. Os egípcios acreditavam que a escrita era um presente do deus Toth, os 4 principais tipos de escrita eram utilizados no meio religioso. Duas delas eram utilizadas exclusivamente para a construção de textos sobre o sagrado: a hierática e o copta.
      - Gabriela de Melo Vieira

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